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“Já Estou Com Saudades”: para além do clichê, a honestidade…

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No cinema não deve se subestimar o clichê. Já Estou Com Saudades traz em si tudo para uma aparente desconfiança: o plot, o próprio título e até seus cartazes. Mas traz também a direção íntima e ao mesmo tempo descolada de Catherine Hardwicke (eu sei, ela ‘cometeu’ Crepúsculo, mas seu tino é bem mais interessante que sua concessão. Basta lembrar de Aos Treze), que humaniza e relativiza o drama que tem em mãos.

O longa nos mostra que Jess (Drew Barrymore) e Milly (Toni Collette) são melhores amigas desde a infância. Enquanto Milly se casou, teve dois filhos e construiu uma carreira de sucesso, Jess decidiu levar uma vida pacata ao lado do marido Jago. Após se submeter a um tratamento, Jess enfim consegue engravidar. Mas a notícia vem justamente quando Milly descobre ter câncer de mama e precisa passar por quimioterapia, o que necessitará do apoio não apenas da amiga, mas de toda a família.

Sim, a história das duas amigas inseparáveis que têm seus destinos traçados pelo câncer terminal de uma delas (e como isso modifica suas vidas, seus casamentos e, claro, seus amadurecimentos) é formalmente previsível, mas a câmera inquieta da diretora, a fotografia moderna de uma Londres reluzente, a trilha sonora (filme inglês nunca erra na trilha, impressionante) e o carisma dos dois casais, tornam a história uma delicia de acompanhar.

O roteiro parece buscar o tempo inteiro o paralelo entre o drama pessoal (a doença é exposta de forma dura e sem concessões) e o humor (britânico?) pontual (a relação conjugal das protagonistas com seus respectivos maridos), como se quisesse que o espectador assistisse com o coração na mão, mas entre risos nervosos. E dá muito certo.

Já Estou Com Saudades, além da fruição imbatível das atrizes Toni Collette e Drew Barrymore, é um filme que tem o máximo de honestidade que sua previsibilidade permite. O que já é bastante para a mensagem que consegue passar…

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