Judi Dench é uma atriz de princípios cênicos tão estabelecidos e vastos que mesmo com toda sua trajetória de tantos filmes, ainda surpreende como seu talento é visível a cada novo trabalho que faz. “Philomena” já é em si, uma história de forte apelo dramático, intensificado na ideia de ser baseado numa história verídica: Philomena (Judi Dench) teve de dar o filho para adoção na década de 60, quando a Irlanda ainda sofria com o obscurantismo da Igreja Católica. Adolescente grávida, enviada pelos pais a uma instituição severa, com freiras que deixavam as meninas sofrerem de propósito durante o parto – algumas delas até a morte -, seu passado refletia a dor e saudade do filho tirado de suas mãos. 50 anos depois, um jornalista com carreira em decadência, resolve ajudá-la a procurar o filho, que agora vive nos EUA.
Esse tempo todo Philomena ficou em silêncio, até que em uma noite sua filha conhece o jornalista Martin Sixsmith (Steve Coogan) e a partir daí é construída uma relação bem peculiar de parceria, onde ela dará a Martin sua salvadora história jornalística, e a si o encontro com seu passado roubado. Dench capta as idiossincrasias de sua personagem e seus embates (com o melhor do humor britânico) com Martin são hilários e humanos, contando com o modo como o diretor Stephen Frears deixa essa empatia tomar todo o seu filme. A história é apresentada um pouco superficialmente, mas até compreensível. Todos ficam enfeitiçados com a graça e o show de interpretação (muito bem construído) que a atriz entrega, ou melhor, devora em todas as suas cenas. Mas é no final que compreendemos que entre ressentimentos, dores e até uma afronta política, existiu Philomena para fazer de sua doçura uma experiência de vida. O filme é um projeto pessoal de Coogan que até participou do roteiro. Claro que sabia que seria uma trama de uma dona só. Ou seja, um filme do domínio de uma grande atriz, em todos os sentidos do termo.
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