Depois dos asiáticos, parece que os americanos estão cada vez mais certos de que reside na América Latina a renovação do gênero terror no cinema blockbuster. Não estão errados, principalmente se levarmos em conta o aspecto estético do paradigma. Em 2008, Andrés Muschietti lançou o aterrorizante curta Mamá. Guillermo Del Toro entusiasmou-se com o que viu e se engajou em levar a produção, dirigido pelo próprio Muschietti, para a seara hollywoodiana. Mama, enfim, chega aos cinemas.
Na trama, Coster-Waldau vive os gêmeos Lucas e Jeffrey, esse último é pai de duas garotinhas, que mata sua esposa, sequestra suas duas filhas e foge desesperadamente. Na escapada, o carro do homem derrapa num barranco e a família vai parar numa floresta. Lá eles encontram uma cabana e se refugiam. Após cinco anos de incessantes buscas, o tio Lucas encontra as meninas, sozinhas nesse casebre, em um estado primal, completamente desumanizadas. Lucas mora com a roqueira Annabel, aqui interpretada por Jessica Chastain (sempre ótima). Logo, os dois acabam se deparando com a realidade de terem que criar as duas garotinhas, Lilly (Isabelle Nélisse) eVictoria (Megan Charpentier), em atuações excelentes, e acompanhá-las ao convívio social. Com o passar do tempo, eles percebem casos bizarros e uma obscura criatura, que aparece para atormentar as suas vidas.
O filme fez muito sucesso no circuito americano, e demonstra aforça da internet em filmes com essa proposta. Plasticamente sedutor, acaba por se deixar levar pelos clichês batidos do próprio gênero, o que até soa desassociado ao verniz imposto pelo diretor (com dedo reconhecido do estrelado produtor executivo!). A ideia é boa, porém é bem sintomático que o roteiro (cheio de buracos) não dá conta de seu ponto de partida. Talvez para os mais sensíveis o susto seja garantido. Para os demais, a sensação é de alternância entre a falta de lógica da construção narrativa e as boas ideias estéticas, no pleno intuito de assustar. Irregular, mas “assistível”.
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