A imigração em muitos casos é a melhor (ou única) opção para se levar uma vida decente e ter um trabalho que, por mais subalterno, vá garantir uma certa dignidade e supostamente qualidade de vida. Esse é o tema de “Meu Primo Inglês”, filme que estará na grade do 8º Festival de Cinema Suíço, que está sendo realizado online entre 27 de agosto e 06 de setembro.
A história gira em torno do argelino Fahed, homem que vive na Inglaterra desde jovem, cheio de expectativas e sonhos. Nos dias atuais ele se vê às voltas com a crise da meia-idade, ele precisa tomar uma decisão. Continuar seu humilde estilo de vida, trabalhando 50 horas semanais, ou retornar ao país de onde fugiu com a esperança de uma vida melhor.
Eis a questão: viver o sonho do mundo desenvolvido, mesmo que isso o prive da fruição, ou estar em um lugar onde o acesso a mecanismos de defesa é facilitado, por mais que pareça hostil? Quando era jovem, Fahed não pensou duas vezes. Mas a falta de qualificação e o avançar da idade, não acompanhado por um progresso na rentabilidade o impele a recuar.
É comum vermos no cinema as histórias de superação de imigrantes que venceram as condições adversas e conquistaram seus sonhos. O enfoque menos sedutor de “Meu Primo Inglês” é mais raro, embora muito pertinente. O sonho do Primeiro Mundo não é para todos e o filme faz questão de lembrar a cada fotograma. E Fahed mostra resiliência, não só em aceitar a derrota mas também de buscar se readaptar. Resiliência essa que tem o peso realçado pelo tom documental imprimido pelo diretor.
Meu Primo Inglês foge da armadilha da vitimização do protagonista para focar na sua convicção de que talvez o preço do progresso seja demasiado alto. O filme não condena quem esteja disposto a pagar. Apenas tira o peso do fracasso do fim da história de quem não necessariamente venceu.