O documentário Get Back, dos Beatles, dirigido por Peter “Senhor dos Anéis” Jackson e que chega ao Disney+ nesta quinta (25), sexta (26) e sábado (27) — serão três partes com duas horas cada — vai mostrar a banda nua e crua, com brigas, sorrisos, indefinições, falta de vontade e muito entusiasmo.
Todas essas nuances são mostradas nas filmagens do que seria um especial de TV e que acabou se transformando no disco e filme Let it Be, lançado em 1970 como último “produto” da maior banda de todos os tempos.
A convite da Universal Music (atual detentora da discografia do fab four) conferimos um featurette exclusivo apresentado por Jackson, em que ele explica o processo de restauração e reedição do famoso registro da banda, além de adiantar uma versão compacta de aproximadamente 2 horas do que será disponibilizado no streaming do Mickey.
Fim dos Beatles em versão conto de fadas
O documentário vai mostrar um dos meses mais produtivos do grupo, onde compuseram/ensaiaram e gravaram uma quantidade enorme de canções que entrariam em singles (Old Brown Shoe, por exemplo), nos álbuns Let it Be e Abbey Road e em vários discos da carreira solo.
Tudo isso de uma maneira muito menos sombria e muito mais colorida do que a mostrada no filme Let it Be, que acabou se transformando em um documentário sobre o fim da banda.
Já o Get Back de Peter Jackson tenta mostrar a camaradagem e alegria de John, Paul, George e Ringo, que puderam ser pinçadas nas mais de 50 horas de filmagem existentes. Para isso, dividiu o trabalho em três partes (Twickenham, Apple e Show do Telhado) e procurou mostrar os momentos mais alegres do projeto.
Quem já ouviu todas as gravações existentes sabe que há muita falta de entusiamo em vários momentos, que George discutiu com Paul, brigou com John, deixou a banda, e só voltou depois da troca do local das filmagens e do fim dos planos para um show fora da Inglaterra. Porém, esse novo documentário é muito menos focado em conflitos e brigas.
O ápice do filme Let it Be (e do documentário Get Back) é a última apresentação dos Beatles, no telhado do prédio da Apple, em Londres. Sendo que, pela primeira vez, o público vai poder assistir a todos os 43 minutos desse show, que também serviu como parte da gravação do futuro álbum Get Back.
Detalhe: Apple é a empresa criada pelos Beatles para gerir seus negócios e não a fabricante de computadores e outros equipamentos eletrônicos.
Sendo assim, a história vai ser reescrita — pelo menos enquanto a edição original do filme Let it Be não for disponibilizada novamente pela banda — com um tom bem mais leve.
Há momentos tensos, tediosos e até alguns palavrões, mas a “versão Disney” para o “fim dos Beatles” é palatável e feliz como um filme do Shrek.
Relembrando
Os Beatles lançaram o disco conhecido como Álbum Branco em 22 de novembro de 1968 e tinham planos para fazer alguns shows no fim do ano tocando músicas do disco. Esses planos acabaram não se concretizando e tudo ficou adiado para o ano novo.
Bem, em janeiro de 1969, eles entraram nos estúdios de cinema de Twickenham (em Londres) para filmar os ensaios para um (ou dois) shows que se transformariam no tal especial de TV.
Além de não terem material pronto, nenhuma definição sobre local do show (deveria ser por volta do dia 18 de janeiro) e trabalhando em um horário totalmente estranho para os padrões da banda (as filmagens/ensaios começavam por volta das 10h por conta das exigências dos sindicatos dos trabalhadores de cinema), os Beatles ainda lutavam com os “traumas” e conflitos da gravação do último disco.
Para dirigir as filmagens a banda contratou Michael Lindsay-Hogg, que já havia trabalhado com o grupo algumas vezes, inclusive nas gravações dos clipes de Hey Jude e Revolution. Porém, mais uma vez as coisas não saíram como esperado.
Os Beatles deixaram Twickenham, foram para o estúdio (ainda em construção) do seu escritório no centro de Londres e terminaram em cima do telhado torcendo para serem presos (o que seria um fim excelente para o projeto).
No fim, vemos a maior banda de rock de todos os tempos (expressão batida, mas verdadeira) de uma maneira nua, crua e jamais vista pelos fãs de praticamente qualquer grupo que já tenha sido formada na Terra.
Ainda será possível ver o processo de composição de Lennon, McCartney, Harrison e até de Starr e conferir as imagens das gravações de várias canções que conhecemos de cor e salteado.
Som e imagem restaurados
A equipe de Peter Jackson fez um trabalho inacreditável com a imagem e o som das filmagens e gravações originais.
É possível ver todas as cores das roupas coloridas do fim dos anos 1960 e até notar as espinhas no rosto de George Harrison.
Já em termos de som, eles conseguiram até isolar vozes e instrumentos de gravações feitas em MONO!
Precisa dizer mais?
Portanto, não deixe de conferir, aprender e se deliciar com um dos mais íntimos trabalhos já realizados na história do rock. Ah, ainda existem o livro e a versão deluxe do disco Let it Be.
Resta torcer para que esse featurette especial seja disponibilizado em algum momento no Disney+ ou como extra em algum box luxuoso (e que traga a versão original do documentário remasterizada!).
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