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“Reencontrando a Felicidade” humaniza o luto e racionaliza a emoção


Camões dizia que “A dor acostumada não se sente” e assistindo a Reencontrando a Felicidade entendemos o sentido da citação do poeta português. O filme versa sobre a dura adaptação de um casal, Becca e Howie, vividos com garra por Nicole Kidman e Aaron Eckhart, depois de oito meses que o filho de quatro anos morreu atropelado na frente de casa. A tragédia, claro, mudou a vida de cada vértice dessa família: Becca larga o emprego de executiva e o marido a leva para uma terapia com um grupo de pessoas que passaram por dramas parecidos, onde a mulher não se mostra aberta para tal. Surpreendentemente ela se aproxima do adolescente que estava dirigindo o carro que matou o seu filho.

Baseado numa peça teatral e com texto ganhador do prêmio Pulitzer, Reencontrando a Felicidade é uma tradução errônea e preguiçosa de Rabbit Hole, título original que se refere ao buraco do coelho, da tradicional história Alice no País das Maravilhas. Produzido pela própria Nicole, que foi (mais uma vez) indicada ao Oscar de melhor atriz pelo papel de Becca, onde se despe da viciada áurea de diva para entregar uma de suas melhores interpretações (ainda que com leves ranços dos maneirismos costumeiros). E Aaron é sempre espetacular em sua eloqüência máscula e bem aproveitada. Interpretações não são problemas neste filme… Os coadjuvantes, com nomes como as ótimas Sandra Oh e Dianne Wiest, só tornam o resultado final ainda mais satisfatório.

Dirigido com objetividade por John Cameron Mitchell, fato surpreendente uma vez que o diretor é notável pelo tom reacionário de seus filmes anteriores como Hedwig e o excitante Shortbus, a produção nos conduz ao extremo da intimidade do luto. Ou dos que se renegam a sair desse cerco emocional que nem sempre depende de uma circunstancia para se evoluir. É uma história que expressa e externa a sensibilidade dos fatos, mas Mitchell não torna a dor uma bandeira fetichista; torna o fato em um meio de apontar a letargia da qual o luto nos impõe. E é na maturidade dos meios evolvidos que o filme encontra um fim (denotativo e conotativo). Isso, de certa forma, torna tudo um tanto frio numa abordagem mais ampla. Mas como Camões diz, não é que se vê na tela que não se sente, mas sim a dor acostumada… Daí, entende-se, assimila-se e percebe-se que toda a resignação é perdoada.

Obs: Não posso deixar de destacar o belíssimo trailer do filme que nos apresenta a deliciosa canção The High Road, da banda americana Broken Bells.

[xrr rating=4/5]
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