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TRON – O Legado (da Disney)

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Aos fãs de ficção científica e nostalgicos do cinema: bem vindos ao universo de TRON. Vislumbra-se os poderes e ambições da Walt Disney nesta franquia como em nenhuma outra, assim aqui a análise irá muito além do que se poderia esperar, pois TRON: O Legado engana ao espectador comum de cinema e o fã hardcore que acha que o status cult do primeiro filme deveria cair.

Sam Flynn (Garrett Hedlund), filho de Kevin Flynn (Jeff Bridges), é nosso protagonista. Nos primeiros minutos de “Tron – O Legado” a história do primeiro filme é revisitada, mostrando em seguida o posterior desaparecimendo de Kevin Flynn alguns anos depois, abandonando seu filho com os avós, deixando ele como acionista majoritário da ENCOM, totalmente milionário e sem muito a fazer. Ano após ano, Sam passa a invadir a empresa para pregar alguma peça na diretoria, em uma espécia de golpe anarquista contra uma corporação da qual ele é ainda é o dono, mesmo que não atue diretamente nela.

Estes minutos iniciais de retrospecto são necessários, mas não criam laços e nem inter-relações entre os personagens, pior, acabam por mostrar que Sam é uma pessoa que, como não teve em sua criação a figura paterna ao seu lado, acabou por se tornar o que se tornou. Quando Alan Bradley (Bruce Boxleitner) aparece na casa de Sam com uma mensagem em seu pager de um número desligado na época em que Kevin sumiu, Sam resolve investigar mais a fundo o antigo fliperama do pai de onde veio a ligação.

Chegando lá, Sam acaba arremessado para dentro do mundo criado por seu pai. Ele é levado pelos programas de segurança até uma arena de jogos onde é colocado para combater. Lá, em seu combate final, é descoberto como na verdade um usuário, o que enfurece os outros programas e é levado até CLU, o cérebro criado por Kevin Flynn para construir tudo de forma perfeita.Prestes a ser destruído devido a sua imperfeição, Sam é salvo por Quorra (Olivia Wilde), que o leva até seu pai. Daí em diante o filme entra em temas como a redenção, a alienação relativa e finalmente, vitória em troca de uma grande perda.

Todos estes temas podem parecer recorrentes em filmes de ação/ficção científica hoje em dia e TRON não é diferente em quase nenhum aspecto. Porém, o que mais chama a atenção na fraca história que se cria em prol de colocar os personagens no mundo virtual é que Kevin Flynn passou de herói àquele que decidiu simplesmente se ausentar para evitar que o pior aconteça, até que seu filho é colocado no tabuleiro, obrigando-o  a voltar ao jogar para salvá-lo. É uma espécie de inversão de valores, já que Sam seria o herói da vez no lugar de seu pai, mas sua inexperiência pela falta de contato com as coisas do pai acaba por levá-lo ao caminho impulsivo que o levaria a ruina.

Porém esta temática, em parte aceitável, não é o bastante para suprir os buracos no roteiro e a história se sustenta sozinha. As cenas de ação realmente se resumem a uma grande sequência da luta de discos, de motos na arena e após isso, a perseguição de naves, no final, em parte comparável às produções ação-pornô de Michael Bay. Com isto a Disney jogou todas suas fichas para que o filme, diferentemente do primeiro, se tornasse um sucesso de público. TRON, de 1982, não fez sucesso por estar muito à frente de seu tempo, mas hoje, com “Tron – O Legado”, os estúdios Disney buscaram investir em uma produção que marque as pessoas de uma forma multi-sensorial, tanto que se espera brinquedos nos parques temáticos que ultrapassem os limites do filme.

Como as sagas de Star Wars e Star Trek, os limites das novas odisséias estão no espaço e no universo virtual, afinal, já conhecemos todo nosso mundo e há poucos recantos a serem explorados. O grande mar sem fim está fora do alcance de nossos sentidos e dos nossos olhos eletrônicos no espaço. “TRON – O Legado” em verdade serviu para abrir uma nova porta para uma franquia ser criada e expandida sem qualquer limite que não fosse a da nossa imaginação. A caminhada de Sam Flynn até o fim deste filme não foi uma odisséia completa como a de seu pai, resta agora esperar para ver como a Disney vai continuar a aventura de TRON, que desde sempre foi marcado como um trabalho sem fim eminente. Mesmo que demore mais 25 anos para o próximo filme sair, com certeza com a evolução da tecnologia e da própria Disney, este será lançado atualizando o universo virtual criado em 1982, com muito neón e efeitos visuais.

E em termos de efeitos visuais, estes são impecáveis, criando o mundo escuro com máquinas cheias de cores e formas. A rejuvenação de Jeff Bridges como CLU ficou perfeita em todos os aspectos, colocando Tron – O Legado como um dos melhores candidatos ao Oscar de efeitos visuais. Algo que deu para reparar foi uma singela homenagem dos designers à Blade Runner no prédio da Arena, que é muito parecido com o edifício da Corporação Tyrell. Outro fator interessante que remete à Blade Runner é a interpretação de Olivia Wilde que em diversos momentos, lembrando a personagem Pris, interpretada por Daryl Hannah em sua manifestação mais carente e curiosa. Wilde interpreta a jovem e curiosa Quorra, que em sua inocência, acaba por desencadear eventos graves durante o filme. Se já não bastasse isso de coincidência, ambos os filmes foram lançados em 1982 originalmente.

Mas isto são os olhos de quem ama cinema e consegue enxergar ligações nos lugares mais improváveis. O que importa é que “TRON – O Legado” deve ser assistido por aqueles que curtem ficção científica sem esperar profundidade, mas com boas cenas de ação e uma trilha sonora espetacular (obrigado Daft Punk), e sim, vale a pena assistir em 3D já que minha namorada pulou para trás em diversos momentos do filme, mostrando a qualidade das gravações. Para os outros frequentadores de cinema, o filme é bom, mas não é o seu filme de ação acerebrado e usual.

[xrr rating=3/5]

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2 Comentários

  • Só discordo em uma coisa dessa resenha: O Jeff Bridges rejuvenecido virtualmente, não ficou tão natural quanto se foi falado por aí. Lembrou bastante Beowulf e o Expresso Polar. Principalmente nas expressões faciais.

  • Confesso que fui preconceituosa até o cinema, já imaginando que não gostaria do filme.
    Porém, saí de lá bem satisfeita, o filme é mto bom, e o 3D sensacional….Eu pulei pra trás em várias cenas! hehehe

    Vale o ingresso!

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