“Truque de Mestre” era um filme divertidinho sobre um grupo de mágicos ilusionistas que têm o FBI e a interpol em seu encalço depois de uma apresentação em que fazem o dinhero do cofre de um banco sumir. A produção teve um êxito nas bilheterias até acima do esperado, e isso, é claro, garantiu uma continuação, que chega ao circuito nacional neste fim de semana.
“Truque de Mestre: O Segundo Ato” (Now You See Me 2, EUA/2016) mostra o time conhecido por “os quatro cavaleiros” de volta à ação, um ano após os eventos do primeiro filme. Desta vez, Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Marritt McKinney (Woody Herrelson) e Jack Wilder (Dave Franco), junto com a nova integrante Lula (Lizzy Caplan), empreendem seu segundo ato, que consiste em desbaratar as práticas antiéticas de um magnata da tecnologia, e acabam envolvidos em um novo jogo de gato e rato – com o FBI ainda os perseguindo – orquestrado pelo prodígio da indústria tecnológica Walter Mabry (Daniel Radcliffe). A única saída para grupo é criar mais um mirabolante número de mágica para revelar publicamente a verdade por trás de tudo.
Este segundo filme segue fielmente a cartilha das continuações, que consiste em dar ao espectador os mesmos elementos vistos no filme anterior, mas de forma aditivada. Mais, maior, mais ruidoso, mais intenso. Contudo, não necessariamente melhor. Sai a direção cheia de excessos de Louis Laterrier, com incessantes travellings e movimentos circulares de câmera, e entra o comando mais comedido (porém, pouco criativo) de Jon M. Chu, provavelmente escolhido por ter no currículo shows (os documentários de Justin Bebier “Never Say Never” e “Believe”) e filmes de ação (“G.I. Joe: Retaliação”), justamente o que compõe os enredos da franquia ‘Truque de Mestre’.
Porém, ao contrário da trama anterior, que se focava mais na magia e usava a ação apenas para pontuar momentos do climax, neste a ação assume o protagonismo, e embora o filme apresente muito mais truques do que o anterior (chegando a cansar e alguns momentos), eles estão ali apenas como adereço. A nova aquisição do elenco, Lizzy Caplan, entra como principal personagem feminina para substituir Isla Fisher, que não retornou ao papel de Henley Reeves devido à sua gravidez. Lizzy compõe a personagem Lula acima do tom, com histrionismo irritante que duela seriamente com o de Jesse Eisenberg, que já provou não ser nada versátil, atuando sempre com os mesmos trejeitos e tiques de quem, digamos, ingeriu “substâncias estimulantes”.
Woody Harrelson volta a seu personagem Maritt com certo carisma, mas se divide desnecessariamente em dois papéis. Mark Ruffalo tem uma performance ainda mais burocrática do que no primeiro filme, e o eterno Harry Potter Daniel Radcliffe, a outra novidade no elenco, também passa longe do brilhantismo e traz uma composição exagerada, lembrando até o Lex Luthor de Eisenberg (será essa a tendência dos vilões interpretados por jovens?). Como de praxe, são os veteranos que dão alguma significância cênica. Morgan Freeman e Michael Caine por mais que se esforcem, nunca entregam atuações ruins, a despeito de o roteiro não colaborar muito.
Por fim, “Truque de Mestre 2” é uma sequência esquecível, feita mesmo para capitalizar em cima do sucesso do antecessor. Essa continuação mira no mercado chinês, pois a renda do filme anterior no país foi muito significante para o montante arrecadado, tanto que boa parte da trama se passa lá. Entregando muito truque e pouca maestria, é um típico filme para se assistir sem esperar muito mais do que um mero passatempo.
Filme: Truque de Mestre: O Segundo Ato (Now You See Me 2)
Direção: Jon M. Chu
Elenco: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Lizzy Caplan, Daniel Radcliffe
Gênero: Ação/Crime
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Paris Filmes
Duração: 2h 09 min
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