Baseado em uma peça de teatro, a comédia espanhola “O Homem Ideal?” fala sobre as
relações, entre romances e traições, desenvolvendo-se a partir de uma noite em que um casal tenta arrumar uma parceira para um amigo professor, já de meia idade, paranoico e que não acredita mais que terá uma pessoa na sua vida.
O filme tem como principal cenário a sala da casa do solteirão – quase que todo a história se desenrola ali – e usa propositalmente as duas portas (uma pra cozinha e outra para fora do apartamento) como coxias de teatro. Esse efeito traz uma boa dinâmica, principalmente devido à troca de câmaras o tempo todo, fazendo com que a narrativa tenha uma fluidez cênica.
O ponto forte do longa está no seu texto, bem defendido por todos os quatro personagens que aparecem em cena, sendo a última deles, a irmã mais nova da mulher do casal, que foi chamada de última hora, devido à rejeição de amigas do casal ao saber da personalidade da pessoa com quem iam se encontrar. Aliás o personagem principal, que tem um estilo bastante Woddy Allen de ser (e até de se aparentar, como um senhor “feio” para os padrões estéticos de hoje), funciona como uma bússola moral que vai mudando a direção cada vez que existe uma virada de perspectiva sobre os mesmos assuntos, o que torna “O Homem Ideal?” uma comédia bem agradável de se assistir.
É divertido acompanhar como o protagonista irá lidar não apenas com a parceira que lhe apresentaram, mas também com as situações novas trazidas pelo casal como suas relações extraconjugais que ele até então desconhecia. O filme funciona muito bem para quem procura uma comédia de relações humanas levadas em alguns momentos como uma comédia de exagero, mas que reflete sobre como podemos complicar a vida por coisas simples.