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Resenha: Spider-Man: Shattered Dimensions

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Plataforma: PS3, Xbox 360, DS, Wii
Gênero: Action-Adventure
Selo: Activision
Desenvolvedora: Beenox
Lançamento: 7 de Setembro de 2010

Vamos começar falando a coisa mais importante: este não é um novo Arkham Asylum. Vai ser muito difícil para um jogo baseado em um herói de HQs atingir o patamar alcançado por este jogo do Batman, e apesar da influência clara do título do morcego no novo título do aranha, ele realmente não alcança o mesmo nível de qualidade deste (o que seria impressionante por que Arkham Asylum é um dos melhores jogos que eu já joguei). Não me entendam mal, não quero dizer que super heróis são um gênero de adaptação difícil, longe disso, temos muitos jogos legais que exploram este viés (ano passado, além de Batman, tivemos o divertido Infamous e seu rival que eu não joguei Prototype), mas houve certa comoção na indústria depois do imenso feito da Rocksteady de que haveriam mais games maravilhosos com este tema.

No entanto, vale dizer que o jogo é divertido sim, principalmente para fãs de quadrinhos como eu. Na verdade, se você é realmente fã do Aranha e já tiver lido estas quatro séries (Amazing Spider-Man, Spider-Man Noir, Ultimate Spider-Man e Spider-Man 2099) é uma garantia mais do que certa de que você vai gostar mais do jogo do que o gamer que não tem toda esta empatia com o cabeça de teia. Mas deixemos estes pormenores de lado e vamos avaliar o jogo per se.

Nota do editor: Esta resenha foi baseada na versão de PS3/Xbox 360 de Spider-Man: Shattered Dimensions.

Enredo

A história de Shattered Dimensions começa em um museu no universo regular da Marvel (também conhecido como Universo 616 para os íntimos), onde o vilão Mysterio está prestes a roubar a Tábula do Caos. Como é costumeiro, o amigo da vizinhança aparece e em um ato de insensatez acaba por quebrar o objeto místico, que é espalhado pelo continuum do espaço e tempo. Logo aparece a Madame Teia (porque as mídias que adaptam o Homem Aranha gostam tanto dessa personagem? Ela aparece em mais jogos e desenhos do que nas HQs em si) para guiar os Homem-aranhas de 4 dimensões diferentes para uma busca pelos fragmentos destroçados. Apesar de ter momentos engraçados de se assistir e a narração do Stan Lee ser muito legal, a história não poderia ser mais rasa. O jogo inteiro se resume a pegar os fragmentos que estão com super-vilões do Aranha.

É necessário dizer que esta repetição de ações chega a ser um pouco frustrante, todas as fases são iguais no que concerne o que acontece nelas (elas são todas bem distintas em termos de design e jogabilidade, mas em termos de propósito e atos são todas as mesmas). O aranha persegue um super-vilão que tem um fragmento da tabula. Ele luta contra alguns de seus capangas/derivados até finalmente confrontá-lo no meio da fase, nesta primeira luta ele está em sua forma normal. Quando o aranha está prestes a vencer, o vilão foge e você tem que seguir a fase lutando com mais capangas e resgatando inocentes (acho que 11 das 12 fases regulares têm uma sessão de inocentes para serem salvos). Ao chegar no final, o vilão usa os poderes da tabula em si mesmo e se torna algo super-poderoso, sendo vencidos, o aranha recolhe o item e o jogo passa para a dimensão seguinte. Spoiler Alert! Isso é tudo o que acontece no jogo inteiro.

Apresentação

Um dos pontos altos de Shattered Dimensions, todas as quatro dimensões apresentam estilos muito distintos uns dos outros. Em Amazing, o universo regular, temos um estilo colorido e vivo que lembra muito o traço que vemos nas HQs. O noir é de longe o mais belo, provavelmente porque flerta com o meu gosto visual, sombrio e em preto e branco, com muitas sombras e jogos de luz (vale dizer claramente parecido com a Gotham de Arkham Asylum). O universo 2099 é mais realista nas figuras humanas, e completamente distinto na ambientação, já que se passa em um futuro completamente neon e scifi. Por fim temos o ultimate, que é bem parecido com o primeiro (a diferença fica na jogabilidade) em termos estéticos, mas acredito que eles usaram ainda mais cell shader para criá-lo, portanto, ele se aproxima melhor da idéia de desenho animado.

As vozes são ótimas, desde a narração de Stan Lee até os atores responsáveis pelo aranha, todos eles antigos dubladores do personagem (até o cara do desenho dos anos 70 ganha um aranha para impersonar) o que é uma surpresa bem agradável para os fãs deste herói. É importante ressaltar que em algumas fases deveriam ter sido criadas mais falas, por que por mais geniais e engraçadas que sejam as tiradas do cabeça de teia, elas não continuam engraçada pela quinta vez que você as ouve.

O design de personagens é muito legal também e extremamente fiel ao que estamos acostumados a ver. Tenho certeza que aqueles que não acompanham os quadrinhos terão boas surpresas ao ver como são os super-vilões clássicos nas dimensões alternativas do herói (destaque para o Osborn e para o Abutre da era Noir, que tem um visual brilhante). Suas personalidades também estão bem representadas, como podemos ver na chata Doutora Octopus ou no lunático Deadpool do universo Ultimate.

Jogabilidade

Aqui temos os grandes acertos e os grandes erros de Shattered Dimensions.

O principal ponto positivo é o design de fases, que conta com verdadeiras pérolas criadas pela Beenox. Um grande destaque vai para a fase do Homem Areia, onde ele é um imenso tornado em uma área de cayons e minas, que proporciona momentos e situações muito legais de se jogar. Outro ponto muito forte nesse sentido é a diversidade das fases do jogo. Por mais que sua estrutura narrativa seja a mesma (como eu disse previamente: capangas, chefe, capangas, reféns, capangas, chefe final) as fases são todas muito distintas o que impede que o jogo se torne maçante.

Outro ponto bastante positivo é a possibilidade de se jogar com múltiplos Homem-Aranha, que acaba por nos dar um leque verdadeiramente amplo de gameplay. Nas sessões Amazing, somos o Aranha clássico: ágil, forte, vermelho-e-azul e que abusa de suas teias para derrotar os inimigos. Já a sessão Noir tem um foco bem diferente, aqui tudo é furtividade e infiltração. O Aranha Noir, tem que ficar escondido e pegar seus inimigos sem que eles o percebam, é bem legal, mas tem seus defeitos, como o mau reconhecimento de um lugar realmente escuro para um que é escuro, mas não o suficiente e você ainda pode ser encontrado. Em 2099 Miguel O’Hara (o nome da identidade verdadeira deste Homem-Aranha) tem alguns momentos especiais, como as quedas livres (sempre bem legais) e seu poder de perceber o tempo mais devagar, muito útil nos combates. Por fim, no universo Ultimate, o jovem Peter tem acesso ao poderes do simbionte, que bem, sempre foram muito legais e não é diferente aqui. Nada é mais útil do que entrar em rage e deixar os seus tentáculos matarem dezenas de inimigos em poucos segundos.

Infelizmente nem tudo são flores, os espaço apertados do jogo acabam atrapalhando seriamente a movimentação de câmera, que teima a se encurralar. Além disso, o erro mais primário que pode ser feito em um jogo do Aranha está de volta aqui, ao se esgueirar no teto a câmera se foca no aranha, tornando bem difícil de visualizar o que se encontra no chão (geralmente o propósito de sua subida).

O modo em primeira pessoa aparece durante algumas lutas contra os chefes. Ele até parece legal no inicio, já que é algo que quebra um pouco a estrutura básica do jogo, mas logo se torna repetitivo e chato, e como ele não faz nenhuma diferença na luta em si (o inimigo não perde vida quando você o soca em primeira pessoa), você meio que fica torcendo para acabar logo.

Outra coisa incomodou foi o uso do sentido de aranha, que sofre do mesmo problema do Detective Mode de Arkham Asylum: ao ligá-lo perdemos noção das cores reais do jogo, geralmente mergulhando em um universo de iluminação ambivalente onde os itens e os inimigos ficam mais evidenciados. O problema é que o modo é muito útil, e por isso raramente ficamos com ele desligado, fazendo com que boa parte da beleza do jogo fosse pelo ralo. Eu perdi muitos itens porque me recusei a manter o sentido de aranha ligado o tempo todo, só porque eu queria ver o visual do jogo. É estranho como eles repetiram este erro quando esta foi a grande reclamação que todos fizeram ao game do homem morcego.

O que nos leva a um dos principais pontos problemáticos de Shattered Dimensions, paradoxalmente ele aparece na parte que eu mais gostei:o universo Noir. Tudo bem que o gameplay e boa parte do cenário  desta era é bem chupada de Arkham Asylum mesmo: dos takedowns até a vulnerabilidade a tiros, mas tudo isso também já existia antes de Batman (Metal Gear Solid é um ótimo exemplo). Só que a coisa aqui passou um pouco da esfera da influência chegando a se tornar uma cópia grosseira, principalmente a luta final entre Mysterio e o Homem-Aranha Noir. Ela é exatamente igual a luta entre Batman e Espantalho, e não é eufemismo, a luta é EXATAMENTE igual. É assustador de ver se você jogou os dois jogos. A fase é igual tanto em design quanto e sua composição visual (cenários, fundos, luzes), a forma como se deve derrotar o Mysterio é a mesma de como derrotamos o Espantalho , enfim tudo é uma grande cópia. Deu até vergonha que a Beenox tenha produzido algo tão pouco criativo para este excelente personagem.

Dois problemas menores também afligem esta sessão do jogo. Primeiramente o Homem-Aranha Noir, mesmo tentando ser mais furtivo, continua fazendo piadas e sacaneando todos os seus inimgos, o que é completamente incoerente com seu objetivo de se manter escondido. Ademais, ao contrário dos golpes do cavaleiro das trevas, que eram precisos e silenciosos, cada takedown que o aranha executa faz muito mais barulho que um golpe normal.

Fator Replay

Existem algumas coisas que podem te fazer voltar a este jogo (fora troféus e achievments), a principal delas é o conteúdo bônus que o jogo oferece. Galerias, estátuas dos personagens, roupas novas (todas muito legais) são coisas bem interessantes de se ver. Fora isso as fases são legais o suficiente para te oferecer diversão pela segunda vez.

O modo Hard, é consideravelmente mais difícil do que o normal, trazendo um grande nível de desafio que pode ser apreciado por aqueles que gostam deste tipo de coisa. Ainda sim, o que irá realmente trazer você de volta ao jogo é a Web of Destiny, o muito bem bolado modo de challenges, que te recompensa com XP se você cumprir diferentes tarefas ao longo das fases (e certamente você não terá completado todos na primeira vez).

Shattered Dimensions não possui um modo multiplayer, ou previsão de lançamento de DLCs, então existe um limite de duração de até quando você pode estender uma campanha de single-player. Por mais que ela tenha seus momentos bons, dificilmente a nova aventura do aranha vai conseguir te prender por mais de algumas semanas. Ainda sim é um jogo legal que vale pelo menos um contato. É claro que a coisa muda de figura quando se trata de pessoas que não tem apreço ou conhecem muito o personagem, para estas, eu não acredito que Shattered Dimensions seja interessante o suficiente para prendê-las por muito tempo.

Apresentação: 4/5
Enredo: 2/5
Jogabilidade: 3/5
Fator Replay: 3.5/5
[xrr rating=3.1/5]

Notas:

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