A criminologia sempre foi um dos melhores temas para os grandes escritores do século XIX e XX, criando-se detetives heróis e anti-heróis que lutavam diariamente para desvendar os mais variados tipos de crimes, perpretados por uma gama variada de vilões, psicopatas ou criminosos.
A Ficção de Polpa da Não Editora chega ao seu quarto volume trazendo uma coletânea de seis contos policiais e uma faixa bônus, mostrando as diversas facetas de um crime e de sua investigação.
Compilado por Samir Machado de Machado, o livro apresenta uma estrutura bem organizada e com belas ilustrações em cada um de seus contos, trazendo não só bom material de leitura, mas uma estética atraente e, porque não dizer, nostálgica para os apreciadores de livros clássicos.
A ficção policial é totalmente anacrônica, pois tem suas bases em situações delimitadas por uma esfera de conhecimento que acompanha o homem desde os primórdios da civilização. Crimes são cometidos na ficção desde o dia em que Caim matou Abel por ciúmes e foi amaldiçoado. Investigação e julgamento não seriam necessários ao Todo Poderoso, mas nós, humanos ordinários, precisamos buscar entender o que está por trás de um crime, e talvez seja este o grande fascínio que a ficção policial nos traz.
Os contos nesta Ficção de Polpa são de uma grande variedade, passando da análise de fatos psicologicamente contestáveis por um detetive esquizofrênico que sabe lidar com este tipo de situação, a uma narrativa post mortem de uma aventura de Sherlock Holmes investigando, através de novas interpretações, os fatos narrados nas histórias relativas ao conde romeno Vladimir Tepesh, conhecido como Drácula, no conto “A aventura do americano audaz”.
Este conto em especial chama atenção devido à capacidade de seu autor Octávio Aragão de mimicar o estilo de Sir Arthur Conan Doyle, o autor original das aventuras de Sherlock Holmes. É uma leitura saborosa, com grandes revelações e um enigma digno do maior detetive de todos os tempos.
Infelizmente o livro não é perfeito e um de seus contos, “Agulha de Calcário” de Carol Bensimon, apesar de ter um ótimo conteúdo, é narrado de forma a causar confusão nos leitores até os momentos finais, ao contrário do espetacular conto “A Carne é Fraca” de Rafael Bán Jacobsen, que é visto através de três narradores distintos em que se pode perfeitamente vislumbrar cada nuance apresentada pelo autor.
Como coletânea, a Não Editora acertou em cheio em colocar ótimas histórias que intrigam o leitor a cada parágrafo lido, trazendo um desfecho que nem sempre é esperado, mas sempre fascinante e surpreendente de ler.
[xrr rating=3.5/5]
Nunca fui de ler ficção policia, fora Maigret, mas confesso que uma coletânea de autores brasileiros atiça minha curiosidade. Vou correr atrás desse.