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Quatro perguntas para o poeta Bruno Candéas

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Bruno Candéas, poeta e compositor pernambucano, é autor dos livros Poeta nu na alcova, Filé 1,99 (parceria com o poeta Malungo), Férias do guetoA Trégua dos ditadores (literatura de cordel), Indigestual e TEATRAUMA. Figurou em inúmeras antologias, revistas, sites/blogs e informativos no Brasil e no exterior. Fizemos quatro perguntas ao escritor. Confira abaixo:

1-) Você usa, com extrema leveza e concisão, versos em que o primeiro é quase uma preparação ou alavanca para o segundo entrar em fervura, quando sua estrofe contém apenas 2 versos. Há uma relação quase de força crescente de intensidade semântica de um verso para outro, nesses casos. Como você trabalha essas posições em que dei exemplo?

Aqui no nordeste temos uma grande riqueza poética que são as composições da literatura de cordel, textos extremamente musicais e coloquiais, causadores de impacto feroz e imediato. Acredito que as “escadas” e/ou alavancas utilizadas em meus versos,  conforme a observação, tem forte influência rítmica desse “eu-oxente”. Obviamente, tento expandir as ataduras da alma e dar minha “cara” ao versejar… venho exercitando uma forma particular de criação que dá ênfase a exatidão sonora e ao (re) posicionamento angular-vocabular, baseada principalmente em revisões parametrizadas e nas ideias latentes da ostrafarta.

2-) Há uma arte gráfica muito interessante nos seus poemas, pois, você sabe manejar bem o aparelho linguístico como letras, fonemas e sílabas. Dá um efeito sinestésico bem interessante para brincar, inclusive, com os sentidos, os sons e a forma gráfica em geral. Como constrói este apuro formal na linguagem? 

A forma e sonoridade que disponho minha verve é oriunda do aparelho de maturação ultra exploratória descrito na resposta anterior. Contudo, a matéria amorfa brota da clavícula do mundo e vai se estruturando na lauda sem a ânsia de ser deflorada. Raramente o poema nasce andando, engatinha pelos percalços atemporais e “apassionais” que imponho, vestindo-se de si, sem o tratamento vip das composições megalômanas. Os atributos, comportamentos e trejeitos da minha escrita, são o que são, flutuam nas possibilidades do tema, alimentam-se do adubo oferecido, convive entre limítrofes, presunções e distorções antes mesmo da confecção do osso.

3-) Há uma palavra que me vem à mente na maioria dos poemas que li seus, fricções, como se sua forma de escrita se desse por atritos, choques, traumas, não só no nível da linguagem, mas também, do corpo ou das suas somatizações ou tudo que recebe do meio (entorno). Fale um pouco disso?

Minha poeticidade navega no desconforto, na necessidade de sanar abscessos e regurgitar  a dispedacidade da língua; essa variz pulsante, inquieta máquina, bate de frente com os entulhos erguidos pelas panelas e suas janelas cimentadas. Meus solos de guitarra, minhas taras e neurociência, impedem o acúmulo de ácaros e tártaro na frutescência; poesia-visgo: saliva, sangue, pus e esperma! Funil seletivo, notório crivo, produto dos (sem) sentidos.

4-) Poderia se dizer que seu livro é uma dramaturgia das sensações/volições ou um estudo do próprio desejo?

Teatrauma é um livro formador, lapidador de ideias, joga no time da poética que ensina a pensar, contudo, não entrega respostas; Foi elaborado para manifestar vibrações latentes, para sacudir a cadeira confortável do ócio intelectual; Estamos falando de ondas teleguiadas, destinadas aos amantes dos diálogos com precipícios e intercursos com emoções desconhecidas.

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