
Como toda caminhada da cantora, o novo álbum da islandesa traz uma trilha diferente, mas com alguns cenários semelhantes, herdados da longa experiência musical da artista.
O novo trabalho se envereda por instrumentos de cordas e teclas (como em Moon e Crystalline), sobressaindo experiências em séries de batidas eletrônicas. A voz continua em letras agudas e ecoantes, única, cantando as letras minimalistas e poéticas.
O nome do álbum se refere ao gosto – ou fixação – pela vida, pela natureza a bio, o que se exprime em todas as letras, com seus títulos fazendo referências a objetos e processos pertinentes a esfera natural. Apesar disso as músicas desenvolvem séries de metáforas com tais elementos, muitas das quais refletem instabilidade e melancolia. A poética das palavras traz um esperado uso de vocabulário técnico unindo-se as expressões dos sentimentos e sentidos do eu lírico. Enfim, a relação homem e natureza, sendo o primeiro um criador de mimesis para com as manifestações da segunda. Um exemplo: Moon corre o sentimento de morte e renascimento das perdas como o ciclo lunar.
Esta excursão notável pela musica eletrônica não é de hoje. Em Volta percebe-se um indício desta nova atmosfera na canção Declare Independence. Porém, é mais audível que Björk agrava experiências eletrônicas do “backsound” de Drawing Restraint 9.
Curiosamente, a estratégia de marketing e o gosto de Björk pela interatividade trazem o álbum em uma versão própria para Ipad e outros aparelhos da Apple, possibilitando remixes e toques nos instrumentos das canções.
Uma outra nota, são os aspectos escalabofèticos das apresentações de Björk para Biophilia: o emprego de instrumentos gigantescos e de uso curiosos, além de vestimentas alusivas às cores cósmicas e naturais.
A cantora continua com sua singularidade de estranheza as músicas populares se valendo de novas experimentações neste recente trabalho, e com isso há novos pontos nos temas já conhecidos dela – a sensibilidade humana -, contudo isto não deixa de ser a mesma experimental Björk.
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