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Erasure promove sua pista de dança em show no Rio

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O Erasure é aquela banda que muita gente se espanta quando descobre que ainda está firme na ativa. Grande hit maker do final dos anos 80 e início dos 90, o duo inglês de synthpop segue muito bem obrigado. Embora já não desfrute mais do sucesso de outrora junto ao grande público, conta com um fiel séquito de fãs. Se não chegam a lotar uma grande arena, são devotos e animadíssimos. Como se pôde ver no Vivo Rio na noite de ontem (12/05).
O clima na casa carioca era de danceteria do começo dos anos 90 (Vogue, Mikonos, Resumo da Ópera, alguns vão lembrar). E nada mais apropriado para Andy Bell (vocal) e Vince Clarke (teclado e violão) abrirem o show com seu clássico dançante ‘Oh L’amour!’, de 1986. EM seguida, Bell disse em um português até bom o protocolar “nós estamos felizes de estar no Rio”. Seguiu a apresentação com ‘Ship of Fools’, do disco “The Innocents” (do qual saiu ‘Blue Savannah’), que fez sucesso na Europa mas não estourou por aqui. Vibração mesmo foi vista da parte dos fãs mais ardorosos no gargarejo.
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O cenário consistia em uma moldura em cada lateral do palco (onde ficavam as duas backing vocals) e uma base estrutura semelhante que sustentava um elevado onde ficava o “laboratório” de Vince (sóbrio como sempre, de terno escuro). Bell começou o show de blazer e uma camisa onde se lia “thrasher”. Mais tarde abandonou as peças e ficou apenas com uma segunda pele.
O repertório privilegiou a fase áurea (1988 a 1991). Foram quatro músicas do último disco, que dá nome à turnê, “World Be Gone” (2017). Um número até razoável para uma banda veterana. Mas ao invés de intercalar canções menos conhecidas com hits, apostaram em dois módulos. O primeiro, mais longo, trazia faixas não tão estouradas de discos clássicos como ‘Breath’ (do álbum “Chorus”, de 1991 – inclusive a ausência da faixa-título no setlist foi uma bola fora), ‘Chains of Love’ (outra do “Innocents”). Do novo lançamento, ‘Just a Little Love’, ‘Sweet Summer Loving’ e a faixa título eram desconhecidas de quase todo mundo, mas foram bem recebidas, assim como ‘In My Arms’, do álbum “Cowboy”, de 1997. Grata surpresa foi ‘Who Needs a Love Like That’, do primeiro trabalho da dupla, “Wonderland”. Antes de executá-la, Bell convidou a todos para irem de volta a 1985 “onde tudo começou”.
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Os primeiros acordes de ‘Love To Hate You’ foi saudada aos urros como um alívio dos ouvintes mais casuais da banda, afinal, era o primeiro grande hit após uma sequência de 11 canções. Começava então o segundo bloco, quando os ingleses passaram a realmente jogar para a torcida. ‘Blue Savannah’ foi o ponto alto da noite. A música teve a recepção mais calorosa. Balões de gás na cor azul eram agitados pela plateia, que cantava a plenos pulmões. Ao final, uma intensa (e impressionante) ovação. Um dos balões foi até apanhado pelo vocalista, que colocou como objeto de decoração do cercadinho de Clarke. E o módulo greatest hits continuou com ‘Drama!’ e ‘Stop!’. Não faltou a protocolar bandeira do Brasil (dada de presente por alguém do gargarejo) estendida pelo vocalista.
Com a plateia devidamente dominada, lançaram mão da última do disco novo na noite, ‘Love You to the Sky’. É interessante a obsessão pela palavra amor que o Erasure tem na hora de dar nome às canções. Só no repertório do show o substantivo aparece em oito títulos. Seguiram-se ‘Always’, ‘Sometimes’ e, no bis, o clássico que faltava: ‘Little Respect’, com Clarke no violão ao lado de Bell (a base eletrônica já programada).
Para os achavam que o Erasure era uma banda decadente, vai a informação de que estão redondamente enganados. Andy Bell esbanja carisma no palco (em alguns momentos lembra levemente a altivez de Morrissey) e está cantando lindamente. O operador das máquinas, Vince Clarke (que foi fundador do Depeche Mode, sempre bom lembrar), realiza sua função com pleno domínio. As duas backing vocals, que completam o que Bell chama de família, abrilhantam ainda mais as harmonias, com a organicidade que não seria conseguida com uma base pré-gravada. E assim segue o Erasure, sem a onipresença midiática de outros tempos, mas com dignidade, colocando o povo para dançar.
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