No último sábado quase dois mil cariocas lotaram o palco do Circo Voador para uma noite com Kamasi Washington e sua intrépida trupe de musicos excepcionais – no melhor sentido que o adjetivo confere.
Kamasi, nascido em Los Angeles, trás com seu repertório uma refinada fusão do Jazz com a música popular americana, incorporando o blues, o rock, o funk e R&B à infinidade de texturas sonoras produzidas pelos sete integrantes do grupo.
Uma experiência musical cósmica que verdadeiramente transformou o Circo Voador numa espaçonave sideral. Não há toa seus discos foram intitulados “The epic” (2015) e “Heaven and Earth” (2018), o virtuosismo do saxofonista e sua banda beira o absurdo.
Com o público hipnotizado por mais de duas horas, o jazz-fusion de Kamasi Washington comprova que música não precisa ser binária para encantar multidões. Tirando os momentos onde a cantora Patrice Quinn se fazia ressaltar, como em “The rhythm changes”, o público do Circo Voador correspondeu com intensidade pelo repertório instrumental, do contrabaixo sinistro de Miles Mosley à batalha solo dos bateristas Tony Austin e Ronald Brunner Jr.
Por incrível que possa parecer neste mundo de hits carregados de instrumentos digitais, os únicos instrumentos elétricos no palco eram os sintetizadores de Brandon Coleman empacotando o groove.
Para uma geração que não teve a oportunidade presenciar Miles ou Coltrane – que não por acaso foi homenageado ao final do show com ‘A Love Supreme’, Kamasi Washington fez história em sua passagem pelo Brasil. Call it anything.
Fotografia: Francisco Costa / Divulgação
Comente!