Roqueira, ativista LGBT+, produtora de TV, apaixonada pela vida, parceira de Cazuza e Tom Zé, e cantada por Ney Matogrosso, o que não falta é versatilidade para falar de Laura Finocchiaro
O Brasil é um celeiro de artistas (com o perdão da expressão batida) de altíssima qualidade, mesmo que alguns não fiquem sob os holofotes da grande mídia e se tornem ídolos.
Uma dessas artistas é Laura Finocchiaro. Roqueira, ativista LGBT+, produtora de TV, apaixonada pela vida, parceira de Cazuza e Tom Zé, e cantada por Ney Matogrosso.
Ela, que com 39 anos de carreira, já lançou vários discos e até participou de um Rock in Rio (abrindo para Santana e Prince), faz um balanço da carreira em uma série de lives.
As apresentações, que serão transmitidas pelo canal do YouTube da artista (entre 22 e 27 de abril), vão apresentar a obra da artista de maneira contextualizada.
O projeto “Laura Finocchiaro Show” — que contou com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, através da Lei Aldir Blanc — promete ser um documento importante sobre a obra de uma roqueira com sotaque do Rio Grande do Sul.
De casa, mas nada caseiro
As lives serão feitas no home studio da artista, mas, diferente do que acontece com a maioria das lives apresentadas durante essa pandemia, não será uma produção simples. Ela será “ornamentada” por imagens que servirão para contextualizar as canções e a vida da intérprete.
A Revista Ambrosia teve a oportunidade de bater um longo papo com a pluri artista sobre a carreira, o “Laura Finocchiaro Show”, e muito mais.
Todos nós somos parte de uma mesma teia. Todos somos irmãos, todos somos interdependentes
Como surgiu a ideia desse projeto?
— Quando eu vi que o edital da Secretaria de Cultura de São Paulo contemplava uma série de lives eu pensei; “vou tentar formatar uma proposta na qual eu possa revisar a minha carreira”. Foi como se eu sentisse que era um momento de dar uma virada na vida, mesmo que sem saber exatamente para onde. Acho importante contar a minha história em um momento no qual o Brasil (e o mundo) parece estar perdendo a memória.
Foi aí que surgiu o “Laura Finocchiaro Show”?
— Exato. Nesse projeto eu canto e conto a minha trajetória, contextualizando tudo com fatos jornalísticos, sempre puxando para uma coisa boa, muito parecido com o tipo de música que componho. Algo quase testemunhal.
O que você pretende mostrar?
— Tudo! Desde “TV Colosso”, que foi um trabalho marcante, até coisas que fiz quando trabalhava na produção musical de reality shows, como “Casa dos Artistas” e “A Fazenda” e, claro, canções dos meus 13 álbuns e canções inéditas do disco que pretendo lançar em julho.
E como está separado esse material?
— Separei o repertório em “Laura antes da pandemia” (dias pares) e “Laura durante a pandemia” (dias ímpares), que foi quando passei a produzir sozinha no meu home studio, já que estou em quarentena desde janeiro de 2020. Há 20 canções com imagens da minha vida, carreira e de eventos que marcaram a época das composições. Assim, nunca um dia será igual ao outro.
Tenho as mãos dadas com a deusa Música. Eu sei que ela é uma deusa
Qual o efeito que você pretende alcançar?
— Eu quero que os jovens se surpreendam, não só com a música. Eles precisam se interessar pelo que estão vendo. “Um orelhão”? O que é isso? Na canção chamada “Vírus” há imagens de caixões e por aí vai.
Laura Finocchiaro é isso: inquieta, multitarefa e uma artista que merece um texto cheio de pensatas, floreios filosóficos e muita imaginação abstrata. Mas Laura também é direta, aguda e merecedora de um texto enxuto.
A escolha é difícil, mas algo me diz que ainda teremos muitas oportunidades para falar com e dela.
Serviço
“Laura Finocchiaro Show”
Data: 22, 23, 24, 25, 26 e 27 de abril
Horário: 21h
Onde assistir: Canal do YouTube da artista