Sharon Jones já tinha 46 anos quando gravou seu primeiro álbum. À frente do The Dap-Kings, banda funk baseada no Brooklyn, se tornou a maior soul woman do século XXI. Nascida em Augusta, Geórgia, no dia 4 de maio de 1956, Sharon Lafayete Jones era caçula de seis irmãos. Em sua infância em Nova York, imitava o conterrâneo James Brown (o Godfather of Soul também era de Augusta) com seus irmãos.
Além de Brown, suas principais influências eram Aretha Franklin, Ella Fitzgerald, Otis Redding, Ike & Tina Turner e todos os artistas da Motown. Começou como cantora gospel em uma igreja. Porém, não conseguia viver de música. Ganhava a vida como agente penitenciária e guarda de banco do Wells Fargo. A oportunidade apareceu aos 40 anos, quando foi chamada para fazer backing vocal para Lee Fields. Mas foi em 2002 que conseguiu um contrato com a Daptone Records para lançar o album “Dap Dippin’ with Sharon Jones and the Dap-Kings”, que logo chamou a atenção de críticos, entusiastas e DJs.
A parceria com o Dap-Kings se mostrou mais do que acertada. A banda era composta por ex-membros do Soul Providers e do Mighty Emperial. Ainda sob o selo, lançaria mais três discos quase que em sequência: “Naturally” (2005), “100 Days, 100 Nights” (2007) e “I Learned the Hard Way” (2010).
Com o excelente “Give People What They Want”, de 2014, veio a consagração. Sharon, inclusive, teve o disco indicado ao Grammy de Melhor Álbum de R&B. Sharon não fazia nenhuma cerimônia em ser retrô. Muitos podem até pensar que ela seguiu a tendência pavimentada por Amy Winehouse. Na verdade, Sharon apenas seguiu fiel ao seu estilo, fazendo ouvidos moucos aos modismos. Até que, por acaso, seu estilo foi abraçado pelas gravadoras.
No ano passado, a cantora ganhou um documentário, “Miss Sharon Jones!”, dirigido por Barbara Kopple. A voz da soul woman infelizmente se calou na última sexta-feira, aos 60 anos. Ela lutava contra um câncer no pâncreas desde 2013. Inclusive, após à quimioterapia, fazia apresentações careca, se recusava a usar perucas, lenços ou chapéus. A doença que parecia sob controle reapareceu no último ano. Sharon Jones nos deixa uma discografia curta, porém seminal. Obrigatória para dizer o mínimo.
Comente!