Tantão e os Fita compõem a pista apocalíptica do Rio de Janeiro em novo álbum “Drama”

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Tantão é o poeta surrealista da decadência em “Drama”, seu segundo álbum com o duo de beatmakers Os Fita. Gravado entre agosto e outubro de 2018 durante o turbilhão político da última eleição presidencial, o disco captura a formação de novos medos, crises e dissonâncias — culturais, estéticas, políticas — no imaginário coletivo do Brasil. “Drama” foi lançado pelo selo QTV e está disponível em todas as plataformas digitais.

Com letras que evocam imagens e atmosferas penetrantes de paranoia intensa, incerteza claustrofóbica e polarização violenta, o disco é um passeio cósmico pelo Rio de Janeiro que foi varrido para debaixo do tapete e está fora dos cartões postais. As sombras, os ruídos, os dramas políticos e psicossociais tomam corpo em uma cidade nem tão maravilhosa, que vive sob intervenção militar nas favelas e sob o domínio das milícias na administração do Estado.

“As letras trazem muitas referências da violência que o capitalismo avançado aplica no corpo do povo”, explica o produtor musical Abel Duarte. “Aqui no Brasil, país de ‘terceiro mundo’, dividido, subdesenvolvido, colônia, essa violência é praticamente inescapável. Isso tudo assumiu uma forma muita clara e direta nos últimos anos — pós-golpe — quando todos os últimos resquícios de uma certa segurança social e todo e qualquer mecanismo de proteção dos trabalhadores e principalmente das ‘minorias’ passaram a ser destruídos e atacados diretamente pelo próprio estado”, complementa.

Tantão e Os Fita é um trio de música eletrônica do Rio de Janeiro, formado pela dupla de produtores Abel Duarte e Cainã Bomilcar e pelo artista visual, vocalista e compositor Carlos Antônio Mattos. Em 2017 lançaram seu primeiro trabalho “Espectro”, e na esteira do lançamento do elogiado álbum realizaram shows em festivais como RedBull Music Festival (SP), Eletronika (BH), KinoBeat (POA), Antimatéria (RJ), MIMPI (RJ) e em casas de show como Audio Rebel e Circo Voador. Participaram da peça “Selvageria”, do diretor Felipe Hirsch e Cia. Ultralíricos (SP) e apresentaram show em parceria com a banda Metá Metá no Centro Cultural São Paulo.

Para dar forma ao conceito do novo trabalho, o grupo ampliou as possibilidades abertas em “Espectro” (2017) e refinou sua sonoridade. Em termos musicais, os Fita conectam-se com a música de pista de diferentes cantos do mundo, tecendo uma rede eletrônica pop periférica que vai do funk 150 BPM das favelas do Rio ao kuduro angolano, passando ainda pelo footwork de Chicago e o grime de Londres. Contudo, nenhuma destas influências são aplicadas em sua forma literal e ortodoxa. Ao contrário, são ponto de partida para uma experimentação particular. Entre camadas de samples, distorções, colagens e loops, Tantão e Os Fita compõem a sua pista de dança apocalíptica.

“Não temos a pretensão de fundar gênero musical nenhum, talvez destruir alguns”, pontua Abel.

O QTV é um dos destaques da cena da música experimental e avant-garde nacional. Além deste, o selo lançou álbuns elogiados na música brasileira, como os recentes “Action Lekking”, de Negro Leo, e “Anganga”, de Cadu Tenório e Juçara Marçal.

Tracklist

01 Drama

02 Vai Não Volta
03 Música do Futuro
04 Síndrome
05 O Sinistro
06 Adoração De Ídolos
07 Nação Pic Pic

Ficha técnica

Gravado entre agosto e outubro de 2018, no Stúdio Stácio Station, Rio de Janeiro, Brasil.

Letras e Vocais – Tantão
Arranjos e Produção – Abel Duarte e Cainã Bomilcar
Co-produção em “O Sinistro” – Lucas Pires
Part. Especial em “Síndrome” – DEDO
Mixagem – Guilherme Marques
Masterização – Calyx Mastering
Projeto Gráfico – Lucas Pires
Modelagem 3D – Pepapuke
Fotografia – Patrícia Cavalheiro
Produção — Tantão e Os Fita e Bernardo Oliveira
Drama com volume
QTV 2019

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