DC apresenta um Bruce Wayne asiático-americano em “Colégio Gotham”

Depois de ter sido expulso do colégio interno, Bruce Wayne, de 17 anos, volta a Gotham para descobrir que tudo está diferente.

O que um dia foi sua cidade natal agora é uma casca vazia, solitária e assombrada pela memória do assassinato de seus pais. Selina Kyle, antigamente uma garota simples e ingênua, agora é a perigosa mandachuva do Colégio Gotham, ajudada pelo piadista da sala, Jack Napier.

Quando um sequestro abala a escola, Bruce procura respostas como um cavaleiro sombrio e conturbado. Ou, talvez, ele seja apenas uma peça dentro do jogo. Nada nunca é o que parece, especialmente no Colégio Gotham, onde as festas e os namoros são de alto risco. E todos são suspeitos.

Uma versão mais juvenil

Já debatemos sobre o Batman, em especial sobre limites para certos aspectos do personagem mais conhecido de Gotham. O Batman pode matar? Ele é um suicida? Pode amar? Seu código de vigilante  o impede de ser feliz? Também surgem discussões, como no caso desta série Gotham High (Colégio Gotham), onde Bruce Wayne é asiático-americano, com muitos leitores não aprovando a mudança.

Desde que a DC Comics começou a publicar suas histórias em quadrinhos para crianças e adolescentes, essas histórias apostaram na reimaginação de alguns dos personagens mais conhecidos da editora. Tudo para trazer figuras renomadas como Batman, Mulher Maravilha e Batgirl para um novo público.

Mas talvez nenhuma das apostas anteriores que a DC publicou sob seus rótulos tenha optado por mudanças tão marcantes como as apresentadas pela Gotham High.

DC apresenta um Bruce Wayne asiático-americano em "Colégio Gotham" – Ambrosia

Gotham High é uma história em quadrinhos escrita por Melissa de la Cruz e ilustrada por Thomas Pitilli, que basicamente pegam o mito do Batman e o transformam em algo diferente para contar uma história centrada em um triângulo amoroso entre as versões para adolescentes Selina Kyle, Bruce Wayne e Jack Napier.

A autora Melissa de la Cruz é filipina e, como membro de uma minoria (flipinos) dentro de outra minoria racial, conhece bem sobre temas como racismo e desigualdade para trabalhar sobre esses temas. O desenvolvimento da narrativa desta HQ se baseia no exemplo de um milionário de origem asiática, bem estabelecido nos Estados Unidos, com uma fortuna familiar praticamente incalculável.

Um Bruce Wayne mais real? A autora quis desenvolver um personagem jovem, rico e a forma como lida com sua fortuna. Assim, temos um Bruce com uma aura de superioridade, um tom condescendente e conotações de classe. Entretanto, com princípios e um compromisso contra o bullying, que o leva a sair de sua escola de elite para uma escola pública.

Colégio Gotham e as mudanças no cânone de Batman

Embora várias interpretações de Bruce Wayne tenham sido apresentadas ao longo da história do Cavaleiro das Trevas, até agora o personagem geralmente manteve sua caracterização como um homem caucasiano. No entanto, Colégio Gotham muda isso.

DC apresenta um Bruce Wayne asiático-americano em "Colégio Gotham" – Ambrosia

A narrativa altera a história de Martha Wayne e, portanto, de Bruce. Aqui, a mãe de Bruce não é americana, mas uma chinesa de Hong Kong, Ma-sha Dean, uma mulher que pertence a uma das famílias mais ricas da Ásia que se apaixonou pelo americano Thomas Wayne e usou seu próprio capital para criar a Wayne Enterprises.

Eventualmente, Ma-sha se casa com Thomas e muda seu nome para Martha Wayne. Mas, infelizmente, eles são mortos quando Bruce ainda era uma criança.

DC apresenta um Bruce Wayne asiático-americano em "Colégio Gotham" – Ambrosia

Alfred também é reescrito, agora como irmão de Ma-sha/ Martha Wayne e que enviou Bruce para um internato de prestígio, no qual o jovem foi expulso no início desta história.

Também deve ser notado que as origens asiáticas de Bruce e Alfred não são as únicas propostas para uma Gotham mais diversa. Bruce foi expulso de sua escola particular por defender um garoto afro-americano, que mais tarde na história é revelado ser ninguém menos que Dick Grayson.

Por outro lado, Selina Kyle se apresenta como Selina García Kyle, uma amiga de infância e vizinha de Bruce que cuida de seu pai com Alzheimer enquanto ela está no centro de um triângulo amoroso envolvendo Bruce e Jack Niper (o Coringa). Outro personagens aparecem como o Diretor Gordon, o acadêmico de direito Harvey Dent, entre outros.

Análise

DC apresenta um Bruce Wayne asiático-americano em "Colégio Gotham" – Ambrosia
A Panini já anunciou a publicação desta Graphic Novel

O enredo é bastante simples e direto, a história é de leitura muito rápido e poderia ter usado um pouco mais de desenvolvimento no final.  Com uma boa abordagem da aprendizagem dos protagonistas, compartilhando suas próprias experiências em meio aos momentos detetivesco ideal para Batman. Lembra muito Riverdale, tanto pela estética como temática, se, deixar de lado aspectos básicos da historia clássica.

Dividida em três partes e narrada por Selina, a HQ é ambientada no passado do personagem que eventualmente se tornará o Batman, mas algo sinistro está acontecendo dentro do Colégio de Gotham. Os sequestros de alguns alunos colocaram Bruce em alerta, pois considera que os acontecimentos estejam intimamente relacionado a ele.

DC apresenta um Bruce Wayne asiático-americano em "Colégio Gotham" – Ambrosia

De La Cruz desenvolve uma investigação que trata do uso das redes sociais e como elas afetam nossas vidas. A resolução é bem consistente, levando-nos a um confronto final emocional com um dos protagonistas que tentava  escapar dos horrores de sua vida por meio de uma versão idealizada do amor, sendo ele próprio prejudicado.

Ao buscar este volume esperando revisitar a aventura clássica do um jovem Bruce Wayne, não a encontrará. Para apreciar a HQ, devemos considerá-la pelo que ela é: uma versão alternativa do jovem aspirante a herói.

O desenho de Thomas Pitilli está fantástico. Cada página é repleta de cores, e incorpora elementos autobiográficos, se apoiando na cores de Miquel Muerto, que mantém aspectos interessantes para com os três protagonistas: mais presença de tons verdes e amarelos para Napier; azul e cinza para Bruce; roxo e rosa para Selina; e misturá-los quando eles interagiram uns com os outros.

Mesmo com alguns preceitos que podem afastar alguns leitores, Colégio Gotham acaba se revelando um interessante exercício de poder e classes sociais, sem enfatizar o conflito racial. E como uma obra juvenil, trabalha bem isso, além de apresentar uma nova origem ao personagem. Se os leitores estiverem abertos a uma interpretação diferente do Batman, experimentem esta!

Nota: Ótimo – 3.5 de 5 estrelas

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