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Jimmy Olsen: Quem matou Jimmy Olsen?, minissérie homenageia a Era de Prata dos Quadrinhos

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Da vasta galeria de personagens coadjuvantes que o Superman possui, Jimmy Olsen é um dos mais populares e queridos pelo público. Da mesma forma que aconteceu com a Kriptonita, o fotógrafo ruivo estreou na rádio em 1940, e saltou para os quadrinhos no final de 1941, há cerca de oitenta anos.

Este personagem cativante estrelou em um título regular, Superman’s Pal, Jimmy Olsen (1954), que funcionou por 20 anos e teve dois pontos altos. Uma, foi o período em que Jack Kirby assumiu o roteiro e o desenho da série, com a saga do Quarto Mundo. E outra, mais dispersa, com números em que Jimmy Olsen se transforma em coisas cada vez mais estranhas. São histórias que melhor representam a essência da Era da Prata, e é um dos pontos em que Matt Fraction se inspirou para escrever este Quem matou Jimmy Olsen?

Narrativa

A história que Fraction nos conta é um Who Done It bastante clássico e gira em torno de uma tentativa de assassinato sofrida por Olsen. Saber quem ele foi, como e porque o fez seriam os grandes pontos de interesse numa história deste tipo… mas aqui não é o caso. O assassinato de Jimmy Olsen nada mais é do que uma desculpa para apresentar uma carta de amor à Idade de Prata, tanto em estruturas, com cada número separado em capítulos, quanto em formas, com as clássicas caixas de texto longas no início de cada capítulo, mas convenientemente atualizado.

E, claro, teremos os momentos que lembram da série clássica de Jimmy Olsen, como a transformação em Turtle Boy ou o casamento inesquecível em Gorilla City. Temos homenagens, referências e paródias a longa história da DC, com um momento que contempla o Superman de John Byrne, a saga Morte de Superman… e até mesmo o cinema, com a primeira aparição em quadrinhos na continuidade de Miss Teschmacher.

A narrativa não linear dá uma sensação inicial de histórias desconectadas, mas que aos poucos vão adquirindo uma coerência interna e acabam sendo uma leitura interessante  O que começa como uma história em quadrinhos aparentemente alegre acaba sendo uma obra que mostra uma profunda compreensão e afeição pela história do Homem de Aço.

Edição da Panini Comics, lançada em dezembro de 2021

A história traz Jimmy Olsen fugindo, tentando resolver o mistério de seu próprio assassinato (ele não está morto – isso é não é spoiler – mas todo mundo pensa que sim, por razões que só ficam claras quando lemos o livro, e isso também não é spoiler). Incapaz  de pedir qualquer ajuda do Superman, Olsen tem que recorrer a seus próprios recursos para descobrir o mistério.

Matt Fraction, que embora não seja especialmente brilhante em HQs de super-heróis, lembrando a fase que teve com os X-Men e Thor, quando se inclina para a comédia assina obras memoráveis. A estrutura narrativa nessa HQ é complexa, não linear e dependente de flashbacks, mas é surpreendentemente fácil de seguir.

Na arte temos Steve Lieber, um artista com a habilidade de representar expressões faciais essenciais para um trabalho dessa natureza, e que acaba sendo responsável por pelo menos metade do quão hilária esta série é. Uma narrativa visual notavelmente clara, surpreendentemente para os padrões de muitos artistas de quadrinhos modernos, que parecem incapazes de completar uma edição sem algumas imagens que o leitor não consegue entender – com um dom para a expressão facial que é uma reminiscência de Curt Swan, que desenhou a série da Era de Prata.

Podemos dizer sem dúvida que Quem matou Jimmy Olsen? (Who Killed Jimmy Olsen?) é um dos trabalhos mais divertidos que a DC lançou nos últimos tempos. E embora seja interessante conhecer as aventuras do ruivo durante os anos 1950 e 1960, não é necessário tê-las lido antes para se divertir com este volume. Um dos melhores quadrinhos relacionado ao Super-Homem desde “Superman: O Que Aconteceu ao Homem de Aço?”, de Alan Moore.

Nota: Excelente – 4 de 5 estrelas

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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