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A odisseia espacial de Brian K. Vaughan – Análise do volume 1

Quanto já foi falado desta série de quadrinhos não está no gibi, mas o que a fantasia espacial de Brian K. Vaughan tem de especial? O primeiro volume de Saga, publicado por aqui pela Devir – lá fora pela Image – foi premiadíssimo. Só para lembrar que ganhou Eisner 2013 (Melhor Escritor, Série nova, Série continuada), o Hugo 2013 de Melhor Narrativa Gráfica, e arrastou o Harvey Awards 2013 (Roteiro, Arte, Cores, Série Nova, Série Regular e Edição). A tiragem da primeira edição se esgotou após seu lançamento e, desde então, veio sendo uma das revistas em quadrinhos mais vendidas nos Estados Unidos. Um resultado desse tamanho há que ter uma explicação.

Enfim, chegou em minhas mãos e apresentarei algumas opiniões sobre este tomo. Sei que há inúmeras outras resenhas, de canais do youtube a críticos especializados, mas venho apresentar minha opinião sobre essa obra. A primeiro momento, aviso antemão, para quem não leu ainda, é uma série envolvente e entretém do início ao fim e promete muito. O título da série, Saga, leva o significado de tradição familiar, herança, continuidade. Portanto, não fiquem surpresos que de entrada na narrativa seja dada tanta importância aos valores familiares. Ao mais puro estilo shakespeariano, os dois protagonistas da obra aprendem a ser pais em meio de um conflito absurdo entre o planeta Aterro e seu satélite Guirnalda, que já dura gerações. Os dois, Alana e Marko são membros de espécies diferentes, guerreiros dos grupos inimigos que até já esqueceram os motivos de tamanha disputa. Mas a família foi formada e apesar das inclemências do tempo, o casal tentam sair daquele cenário bélico e adverso a vida que carregam, seu filho.

Brian K. Vaughan substitui os Montecchio e os Capuleto de Romeu e Julieta por uma fada e um fauno. O cenário da Itália do século XVI é substituído por uma odisseia espacial, onde as criaturas e os lugares mais estranhos, além dos personagens mais rocambolescos percorrem um ambiente incrível. O resultado é uma leitura onde cada personagem atua com uma personalidade bastante concreta e que aprendemos a identificar facilmente por suas ações. que atua neste drama. Nesse aspecto, Saga usa dos arquétipos para fazer o leitor sabe de antemão o que você pode esperar de cada um dos atores.

Mas o melhor de tudo é a maneira que Saga conjuga os elementos fantásticos com os ingredientes do space opera, introduzindo terminologia similar a que JRR Tolkien fez com O Senhor dos anéis ou CS Lewis com As crônicas de Nárnia com um pouco de Star Wars. Por sinal, Alana lembra muito a princesa Leia. Nesta receita ainda se conjugam elementos mais adultos como a questão sexual, a violência, apontamentos políticos, escravidão, prostituição, trabalho infantil, representatividade, feminismo e homossexualidade, além de curiosas preferências sexuais. E por último, a aventura.

Fiona Staples se encarrega de desenvolver o aspecto visual do título, construindo um cenário simples, plasmado com uma sensibilidade que transforma a simplicidade numa magnífica forma de expressão artística.  Com personalidade, a artista canadense imprime em cada personagem um aspecto moderno, sem enfeites, definido em todo o conjunto da obra.

Saga é uma série que ou você gostará muito ou lhe deixará indiferente. No meu caso, sei que continuarei lendo. Uma obra sensível, direta, sem complicações nem trâmites argumentais. Um amor impossível, um bebê para unir-los na escuridão do espaço e muito pulp, muitas referências. Já aguardando o segundo volume.

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