Resenha: A Prô

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“A Prô” é mais uma aclamada obra do argumentista norte-irlandês Garth Ennis, criador de Preacher. É incômoda mas não tão perturbadora quanto o quadrinho mais famoso do autor, que conta a história do padre cujo corpo é habitado por um demônio.

A Prô tem uma narrativa simples, ao contrário de muitas das obras de Ennis – como o próprio Preacher, e retrata a vida de uma prostituta que ganha Inspetor_A Prosuper-poderes de uma entidade alienígena que se auto denomina “Inspetor”. Por quê? Porque essa criaturinha verde acredita que qualquer ser humano pode se tornar um super-herói. À um primeiro momento, o roteiro pode aparentar possuir uma abordagem centrada sob o óculo humanista e que, talvez, explorará temas como diferenças sociais e preconceito; algo com argumentos intelectualmente mais trabalhados. Tais proposições não deixam de habitar a narrativa, no entanto, Garth Ennis parece brincar com o leitor desde o início, e brincar inclusive com tal proposta. É simplesmente aquela idéia: “E se existisse uma prostituta com super-poderes? Como seria?”. É assim que a história se perpetua, e a sensação de que tudo não passa de uma grande brincadeira se mantém até a última página.

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Crítica ao mundo dos super-heróis, cenas obscenas e situações das mais desconfortáveis vistas sobre o característico humor negro de Ennis, isso não falta em A Prô. A personagem principal nos é apresentada já inserida no seu local de trabalho. Vemos que ela leva uma vida de veras difícil, trabalhando arduamente à noite para sustentar seu único filho. Seu comportamento é totalmente fora dos padrões para um super-herói tradicional, cujos valores são fundamentados sobre os bons costumes, a inocência e o cavalheirismo. Ela é justamente o oposto: Fumante compulsiva, faz uso de palavras de baixo calão sempre que abre a boca para se pronunciar, – e após ganhar seus poderes – não mede esforços para controlar sua tremenda força, não tendo a menor consideração para com a vida humana.

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Assim que é abençoada com habilidades sobre-humanas, entra em cena uma liga de super-heróis genérica, intitulada “A Liga da Honra”. Uma grande convenção de estereótipos colocados propositalmente para criticar as clássicas histórias do gênero. O grupo quer recrutar o mais novo membro, a Prô.

No grupo temos um herói ao estilo Superman – santinho (inclusive no nome, já que atende pela a alcunha de o “Santo”), que é sexualmente contido até que se rende aos encantos da Pro; O “Cavaleiro”, um Batman genérico que é obviamente gay, líder do grupo e possui um sidekick ao estilo Robin (o “Escudeiro”); um velocista com o codinome “Veloz”; um Lanterna Verde (mesmo) engraçadinho, chamado de “Lima”; e uma Mulher Maravilha lésbica, a “Dama”.

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O roteiro é bem simples e linear, e nos mostra o contraste entre o comportamento exemplar da Liga e as ações abusivas e impensadas da Prô. Até que os membros questionam se a novata deveria mesmo fazer parte da equipe. Em meio as piadas que fazem ligação ao mundo fantástico dos super-heróis e o ambiente real de uma prostituta, Garth Ennis consegue um excelente resultado, esbanjando bom humor e abusando da ousadia. É sem dúvida uma obra para os fãs de quadrinhos de super-heróis se divertirem.

A arte de Amanda Conner e Jimmy Palmiotti foi muito feliz ao mostrar o mundo caricato pensado por Ennis. As expressões faciais de tédio da personagem principal são um show a parte, e dão vida e dimensão ao personagem. Tudo se completa em concordância ao roteiro debochado, retratando um mundo crível em meio à fantasia exagerada que o roteiro propõe.

The Pro foi lançado em 2002 nos EUA pela Image Comics e publicado no Brasil com o nome “A Prô” pela Devir.

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Ant
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Eu simplesmente não sei o que pensar dessa abertura!

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A Prô nos cinemas?

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Agora que já contamos do que se trata “A Prô” (aqui), vamos para o

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