Nos últimos anos, a famosa Shuukan Shônen Jump, da editora japonesa Shueisha, tiveram que lidar com o fim de alguns de seus principais títulos, daquelas séries que nos acompanham há muitos anos, que atingiram um número alto de compilação e conseguindo se impor firmemente nos rankings de mangás mais vendidos. Foi o caso de Naruto, de Masashi Kishimoto; Bleach, de Tite Kubo, ou mesmo Kochikame, de Osamu Akimoto, que chegou ao fim após 40 anos
Como um negócio, já se pressupõe um retrocesso econômico para a editora, que ficou desprovida dos rendimentos proporcionados por essas séries. Mas também, este ano vimos a conclusão de outras séries como The Promised Neverland, Haikyuu!! ou o fenômeno de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba , e que no horizonte está o fim de sua série de maior sucesso, já que Eichiro Oda anunciou que One Piece está na reta final.
Para fazer face a esta situação, a editora japonesa elaborou um plano que renova a sua linha editorial, diversificar os temas, abranger mais o público, apostar em séries de menor tiragem, publicar mais séries que entrem no ranking dos mangás mais vendidos a cada mês. Desta forma, traçaram um plano que se adapta às mudanças e necessidades dos novos tempos, que desenvolveu séries de qualidade como Dr. Stone, Jujutsu Kaisen ou Chainsaw Man, título que resenharemos.
Chainsaw Man é a nova obra de Tatsuki Fujimoto (Fire Punch). Desta vez nos conta a história de Denji, um garoto solitário que é acompanhado por Pochita, um demônio em forma de cachorro cuja cabeça projeta uma motosserra. Denji trabalha para uma gangue de mafiosos como caçador de demônios, caçando criaturas perigosas usando a estranha arma. Missões que lhe garantem pequenos valores, já que os mafiosos subtraem os termos e juros de uma dívida contraída por seu pai, que tirou a própria vida e deixou seu filho como a pessoa responsável pelo pagamento.
A vida de Denji vira de cabeça para baixo quando, numa de suas missões como caçador, enfrentou um demônio zumbi, que controla todos os membros da gangue para a qual trabalha, que acaba mutilando o seu corpo e o de Pochita. No entanto, os corpos de ambos se fundem, de modo que o protagonista desenvolve serras mecânicas em seus braços e cabeça, tornando-se uma máquina de matar que despedaça todos os seus inimigos sem nenhum problema. Então, quando Makima aparece, um caçador de demônios que oferece a Denji a possibilidade de se tornar parte de sua organização, para continuar caçando os demônios que devastam o mundo.
Fujimoto repete o bom trabalho que já demonstrou em Fire Punch, com o qual compartilha forma e substância, graças a um desenvolvimento de ação desenfreada, mas que há também espaço para as preocupações existenciais inerentes ao ser humano, como a busca de seu lugar no mundo, a solidão, a pobreza, a satisfação de necessidades de afiliação, reconhecimento e autorrealização, etc.
Sem dúvida, a arte é um dos pontos fortes deste trabalho, graças ao ritmo narrativo frenético que consegue imprimir, ao desenho doentio de personagens e criaturas demoníacas e aos banhos de sangue selvagens produzidos por Denji a partir de sua transformação, quando a tinta toma conta das páginas e dá origem a uma explosão descontrolada de violência gráfica.
A Panini segue o padrão para esse tipo de série em sua edição, tratando de volumes de tamanho tankôbon (115×175 mm), capa cartão e um papel off white com uma gramatura média; com 192 páginas, em brochura com sobrecapa, embora tenha o inconveniente de não incluir as páginas originais.
Trata-se de uma edição simples com um custo-benefício alto, que não pode ser responsabilizada por erros de tradução, diagramação ou reprodução dos materiais, tornando a leitura muito agradável. A série atualmente tem 8 volumes de compilação no Japão e ainda está aberta.