Um evento cataclísmico atingiu a Terra! Milhões de pessoas desapareceram sem deixar rastro. Ninguém escapou incólume a este evento apocalíptico, nem mesmo o Superman. E, após um ano, o Homem de Aço ainda tem muitas perguntas sem respostas. Para um herói acostumado a resolver todos os problemas, isso é uma verdadeira tortura. E, enquanto a ação esquenta e os riscos aumentam, uma questão perturbadora surge: até onde o Superman está disposto a ir pelo amanhã?
Análise
As séries regulares de quadrinhos de super-heróis contemporâneas seguem uma cronologia com resultados que dividem os fãs. Já minisséries, one-shots e contos tendem a apresentar aventuras com outras perspectivas que exploram outras facetas de sua personalidade.
O volume que nos interessa é uma excessão a regra descrita no parágrafo anterior. Pelo amanhã (For Tomorrow) compila os números de Superman 204-215, publicados durante um ano entre junho de 2004 e maio de 2005, e é uma das histórias mais marcantes do Super-Homem que explora um dos aspectos mais complexos do personagem: seu sentimento de culpa. Para fazer isso, Brian Azzarello parte de uma abordagem padrão para esse tipo de narrativa, mas com uma dimensão muito interessante, Clark Kent desaparece.
É uma história sobre Kal-el na qual, a razão de suas ações e sua abordagem vital para salvar a civilização são consideradas, mais como uma obsessão do que como sua própria vontade.
Publicada pela Panini a graphic novel Superman – Pelo Amanhã, foi escrita por Brian Azzarello e ilustrada por Jim Lee e seu arte-finalista Scott Williams.
Trama sobre arrebatamento
Tudo parte do desaparecimento de Lois Lane, junto com um milhão de pessoas; o que faz o kryponiano repensar sobre sua função na Terra. Azzarello pega as semelhanças entre o personagem e Jesus Cristo, já abordado por outros autores, mas que aqui é ampliado. Usando esse paralelo, o autor trabalha com a crença do enviado celestial para salvar a humanidade, a da morte e ressurreição e a do arrebatamento (o desaparecimento) para compor uma história com metáforas tensas, com o Superman bem distante, por vezes julgando a humanidade pelos seus atos.
A incapacidade de Kal-el de enfrentar a culpa o leva a confessar a um padre que entrará na trama para se tornar um instrumento do governo. A subtrama gira em torno de um grupo de operações especiais cujas missões consistem em “levar a democracia aos países subdesenvolvidos” e nas quais usam uma entidade biológica desenvolvida por algum setor secreto governamental. No entanto, as subtramas perdem força enquanto a exploração de Kal-el e a culpa se torna mais intensa. Isso cria uma espécie de paraíso no qual todos são felizes, um mundo ideal no qual ele é apenas o último kryptoniano.
Jim Lee segue o estilo que o consagrou, músculos e seios, mas compõem bem a narrativa gráfica da história; (preste atenção às suas ilustrações em homenagem às capas icônicas do personagem.
Pelo Amanhã é uma das abordagens mais interessantes do Superman como um personagem único, não bipolar, para as implicações morais de sua atitude como salvador. Um título obrigatório para os amantes de Kal-el.
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