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Transmetropolitan – De volta às ruas

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Está cansado de histórias de heroísmo épico? Não aguenta mais a ficção do jeito certinho que a Disney gosta de mostrar? Então eu peço que você se atente bastante ao que temos no post de hoje. Vamos conhecer a primeira manifestação livre de super heróis de cuecas sobre as calças de Warren Ellis. Prepare-se para Transmetropolitan.

Transmetropolitan é uma graphic novel com roteiro de Warren Ellis e arte de Darick Robertson. A primeira vez que a revista foi as bancas foi em 1997 pela editora Helix, mas após um ano mudou de editora e foi publicada pela Vertigo até o ano de 2002. Agora, em 2010, a Panini/Vertigo está republicando a série em encadernados, já que a editora Brainstorm parou de publica-la em 2002.

Convenientemente a Panini fez o favor de ouvir as preces de seus leitores e publicar a série. Não acho que seja por causa da campanha #PublicaTransmet no Twitter, mas acredito que os pedidos aceleraram o processo. E hoje tenho orgulho de ter um encadernado lindo com o Spider Jerusalem na capa em casa.

Aqui estamos falando de um universo totalmente inusitado: Ellis nos joga no século 23, completamente caótico e totalmente cyberpunk, sob o ponto de vista de Spider Jerusalem – um jornalista excêntrico, sem medo de denunciar e apontar o dedo do meio na cara de quem ele acha que está errado. Seu visual e seu estilo jornalístico são uma homenagem ao repórter Hunther Thompson, pioneiro do estilo Gonzo (aquele em que o reporter fala em primeira pessoa, como se fosse parte dos fatos, bem por cima).

Este encadernado, pelo o que consta nas páginas iniciais dele, foi publicado da mesma forma lá fora em 2008. É por isso que a introdução fica com o igualmente doido Garth Ennis (Preacher, The Boys). Ele fala da sua admiração por Ellis, tanto como amigo quanto como autor, e como Warren era pessimista com o sucesso de seu debut fora do mundo dos super heróis. Definitivamente é divertido e já te deixa mais ou menos no clima do que vem por aí.

De volta às ruas – O primeiro arco nos apresenta a vida de Spider retornando a cidade após passar alguns anos morando isolado numa montanha. Ele, que fugiu do mundo inteiro por atingir o ápice da fama, finalmente tem que retornar a cidade para cumprir um contrato pendente, além de encarar o caos urbano e o tsunami de informações de seus feeds. Uma coletânea de frases históricas, xingamentos inimagináveis e uma beleza poética jamais imaginada no meio de um mundo bizarro.

Em campanha – está é uma das histórias mais conhecidas de Transmetropolitan. Spider ganha uma nova assistente e ambos vão atrás do presidente do país para falar algumas verdades. O diálogo entre Spider e o presidente é tão sensacional que fizeram até um live action (que não é muito bom, mas dá pra entender o contexto).

O que Spider assiste na TV – Depois de tanto tempo fora, Spider precisa se atualizar e fazer uma imersão no mundo da televisão e resolve tirar um dia só pra entender como tudo funciona, até o tédio começar a agir e ele resolve interagir com a mídia fazendo compras e ligando para programas ao vivo. Uma perfeita crítica ao que é certo e errado na TV, além de mostrar que a lavagem cerebral pode atingir até os mais cultos, se estiverem vulneráveis.

Deus vai de carona – Spider, vestido de Jesus Cristo e sem dormir a três dias, acorda sua assistente as 5 da manhã e começa a pesquisar sobre as novas religiões que surgem na cidade. Ambos descobrem uma feira só sobre o assunto e vão até lá. A cena lembra aquela famosa passagem bíblica em que Jesus se revolta e quebra tudo ao ver pessoas usando templo sagrado (ou igreja se você preferir) como mercado. É sério, pesquise no novo testamento que você vai achar.

Transmetropolitan trata de forma agressiva e com palavras chulas a sociedade atual. O ponto de vista é sob os olhos mais críticos e sinceros que já existiram no mundo dos quadrinhos, e é impossível não gostar de Jerusalem. Warren Ellis estava inspirado ao criar alguém tão excêntrico e com tantas coisas a dizer de forma tão direta, chego a lembrar do Alan Moore algumas vezes de tão rabugento e doido que ele consegue ser. Mas claro que Spider só brilha por estar em um ambiente tão caótico. Darick Robertson consegue ilustraras pessoas, a gatinha de duas cabeças e a cidade suja e totalmente errada com primor. Os detalhes fazem toda a diferença. Definitivamente idéias e arte se misturam aquide forma sincronizada e totalmente dentro do contexto: sujo, crítico, colorido, expressivo e sem limites. O melhor de tudo é perceber que o futuro criado por Ellis quase chegou: os feeds no notebook e em aparelhos portáteis já existem.

Não duvido nada que nós viveremos assim em 2050, desse jeito totalmente Transmetropolitan.

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5 Comentários

  • Já tem tempo que ouço falar de transmetropolitan, e ouço muito bem, infelizmente não sabia que tinha sido relançado, vou correr por ai pra encontrar essa preciosidade, muito bom o post, deu pra transmitir o clima das historias e da crítica que elas passam.

  • Transmetropolitan é de longe um dos melhores títulos do selo Vertigo; tava fazendo falta. O preço assusta, mas vale muito a pena.
    Mas fiquei impressionado mesmo foi coma beleza da autora do texto… =D

  • Larissa, ótimo texto, pegou bem a essência da coisa.

    Só dois detalhes:

    Helix não era uma editora. Assim como Vertigo, era um selo dentro da DC, dedicado a histórias de ficção científica.

    A sua lembrança do Alan Moore tem tudo a ver. No começo da história, lá na montanha, o Spider não está todo cabeludão? Ali é o próprio Alan Moore, uma puta homenagem ao velho mago bardo.

    Abração!

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