Espelho

Jamille e Raquel são duas mulheres de cultura árabe e judaica.

Ambas tem em comum o casamento arranjando e diferenças política, territorial e religiosa.

Por sobre seus corpos em cena há uma burca negra que com gestos paulatinos e certeiros desvendam “o que faz um homem o que ele é?” o que faz uma mulher quem ela é?”

No movimento cênico, as duas atrizes servem uma para outra de ponto para a história das personagens.

Projetam a fala sobre o rastro da diferença e encontro da condição das duas, de restrição nas escolhas.

Há uma circularidade constante que apresenta o depoimento de cada atriz, no pessoal e dramatúrgico, associado a um giro sufi, tal poesia na palavra projetada e impressa como imagem da marca da história de fundo religioso.

espelho

O feminino no Oriente é o talho do trabalho destas atrizes que se emprestam para a narrativa de Jamille e Raquel, o açoite da liberdade, da descoberta, da aventura e da escolha. Canalizam por uma direção de viver a experiência castrada da sexualidade para o casamento, com atenção e pormenores da vigilância do corpo da mulher.

A peça serve para identificarmos que Jamille e Raquel estão dizendo sobre o condicionamento de conservação da sexualidade no Oriente e Joana e Sofia estão dizendo sobre a escuta do desejo, ouvido no Ocidente.

A proximidade que a peça trabalha com liberdade é o que há por trás do véu e o inóspito é colocar-se debaixo do véu e fazer ouvir o desejo acobertado.

Neste molde imposto sobre a conduta da mulher há histórias familiares criminosas justificadas pelo Estado teocrático, assim também a esperteza que burla mas, o casamento na cultura secular  é o foco da trajetória pessoal de Espelho.

A mulher muçulmana e a sionista apenas conhecem a dor e o prazer no acordo pré-nupcial.

A importância da descoberta e curiosidade natural do desejo revela a humanidade das atrizes e mulheres em reconhecer a condição de casamento arranjado com um estranho a fim de perpetuar a cultura e religião e o empréstimo pessoal das atrizes de revelarem depoimentos sobre a primeira vez com um homem na boca de cena.

Artisticamente a história não deixa de ser um empréstimo de duas mulheres.

Os dois casamentos duram 10 anos e ambos terminam em divórcio. O de Jamille e Karin porque eles só tem um filho homem e ele quer ter mais e decide casar-se de novo o que é permitido na cultura deles e Jamille pede o divórcio.

Já no caso de Raquel e do Natan, eles nunca tiveram filhos e na cultura deles depois de 10 anos de casamento se uma mulher não tem filhos, ela pode ser repudiada pelo marido. Nathan opta pelo divórcio.

A resposta para a interrogação sobre “o que faz um homem quem ele é?” e “o que faz uma mulher quem ela é?” Fica no meu critério que o homem se faz por linhas gerais alinhado a política e território e a mulher é oprimida e submetida para perseverar a religião e cultura.

FICHA TÉCNICA

Texto: Joana Dória e Sofia Boito
Direção: Antônio Januzelli
Interpretação: Joana Dória e Sofia Boito
Iluminação: Sofia Boito
Figurino: Fernanda Yamamoto
Produção Executiva: Júlia Novaes
Design Gráfico: Bruno Gonçalves
Assessoria de Imprensa: Fabio Camara
Realização: Cia Temporária de Investigação Cênica

SERVIÇO

LOCAL: Teatro Livraria da Vila – Shopping JK Iguatemi – Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041 – Vila Nova Conceição, 125 lugares. Acesso para deficientes.
DATA: 03/09 até 30/10 (Sábado 20h e Domingo 18h)
INFORMAÇÕES: 5180 4790
INGRESSOS: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia), venda pela internet pelo ingressorápido.com.br ou 4003 1212
DURAÇÃO: 60 min
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos

EQUIPE

Antônio Januzelli (diretor)

Diretor, ator e professor com vasta experiência em teatro, formou-se ator pela Escola de Arte Dramatica- EAD (1970), mestre (1984) e doutor (1992) em Teatro pela USP. É autor do livro “Aprendizagem do ator”, da Editora Ática. Entre seus diversos trabalhos estão a direção dos seguintes espetáculos: “Um minuto e Meio” (2011), em parceria com o ator Marcello Airoldi; “Se Eu Fosse Eu” (2009), com a Cia. Simples de Teatro; “O Porco” (2008), pelo qual o ator Henrique Schafer foi indicado ao prêmio Shell de melhor ator; “Querido Pai” (2006), baseado na obra de Franz Kafka “Carta ao Pai”. Foi preparador do ator João Paulo Lorezon para o espetáculo “Eu vi o sol brilhar em toda a sua glória” pelo qual o ator foi indicado ao prêmio Shell.

Joana Dória de Almeida (atriz)

Atriz, encenadora, performer, professora de teatro e mestranda do programa de pós-graduação em Artes Cênicas da ECA-USP. Além do Brasil, realizou trabalhos na Itália e na Alemanha. Formada no curso técnico profissionalizante para atores do Teatro – Escola Célia Helena (2004), no curso de Artes Cênicas da USP, bacharelado em Direção Teatral (2008), e na Pós Graduação Lato Sensu em Direção Teatral da Escola Superior de Artes Célia Helena (2013). É diretora artística e atriz da Cia. Temporária de Investigação Cênica com a qual realizou diversos trabalhos artísticos. Fora da Cia Temporária, atuou em espetáculos, performances e intervenções como Um poema cênico para Ferreira Gullar, direção de Ana Nero. Pausa para respirar, do grupo OPOVOEMPÉ; Possíveis janelas para ver o tempo correr, do grupo OPOVOEMPÉ, Ato a quatro, de Jane Bodie e direção de Bruno Perillo, Evacuation Frankfurt – Opovoempé, do grupo Opovoempé, realização do Künstlerhaus Mousonturm, Pornô Falcatrua 18.633, texto de Eduardo Ruiz e direção de Gustavo; Aparelhos de superar ausências, do grupo Phila 7; e Alice Através do Espelho, de Lewis Carroll e direção de Rubens Velloso. Foi assistente de direção de Lígia Cortez, Rubens Velloso, Cristiane Zuan Esteves e Ana Nero. Desenvolve, – como atriz, performer e assistente de direção -, parcerias frequentes com os grupos Opovoempé e Phila 7, ambos vinculados à pesquisa e criação na cena contemporânea. É coordenadora de extensão e docente da Escola Superior de Artes Célia Helena, onde desenvolve ações como o Projeto Conexões (teatro jovem); o Seminário de Pesquisa e Extensão; e o projeto Artes voltadas à Educação (Parceria com EMEIs para a qualificação de professores), entre outras.

Sofia Boito (atriz)

Artista multidisciplinar atualmente é doutoranda na Escola de Comunicações e Artes da USP onde desenvolve pesquisa sob orientação do professor e crítico Luiz Fernando Ramos, é mestre pela mesma instituição, na qual defendeu a dissertação “O ato fotográfico como ação performática”, sob orientação de Antônio Araújo, com bolsa FAPESP (2013). Possui diploma de graduação em dramaturgia e crítica no curso de bacharelado em teoria do departamento de Artes Cênicas da ECA/USP (2009). Como atriz e performer, além dos trabalhos com a Cia Temporária, participou de diversos espetáculos e projetos, entre os quais: Patronato 999m (Santiago do Chile/2015) e Bom Retiro 958m, ambas do Teatro da vertigem – personagem: Manequim defeituosa e Rádio Infinita (2012-2013, peça vencedora de diversos prêmios como APCA de melhor direção, Prêmio Governador do Estado – votação popular, Prémio Shell de melhor Iluminação); Fome de Notícia do coletivo V.AG.A* (Centro Cultural São Paulo, setembro/2013 e Centro Cultural da Penha, setembro/2014),The film that is not there (Vídeo-instalação de Kika Nicolela vencedor do prêmio de artes visuais FUNARTE 2011); O problema do carteiro chinês (peça-instalação do coletico V.AG.A* apresentada na Mostra Novos Encenadores do Teatro da Vertigem em 2011); E agora, Nora?! (peça da Cia Temporária de Investigação Cênica – Espaço Experimental do Teatro Augusta/2010; TUSP/2009; Casa Livre/2009, mostra FUORA de arte contemporânea do espaço IMACELLI em Certaldo, Florença, Itália em 2010); Jardín de Pulpos (orientação de Antonio Januzelli – Espaço Sátyros 2, 2007). Participou do video “The film that is not there”(direção de Kika Nicolela); dos curta-metragens do diretor Miguel Antunes A era de ouro (2014) e Aurora (2009), ambos exibidos em diversos festivais e na Mostra Internacional

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