É o velório de Maria Alice Vergueiro, com direção e atuação, vem representar a sua própria morte com a potência criativa.
Em uma cadeira de rodas, o ator Luciano Chirolli a desloca pelo palco.
Os movimentos de Maria Alice Vergueiro depende dos outros.
São poucas as falas, a indumentária significa com os elementos de artes plásticas, símbolos.
A exemplo, tem um ataque de tinta azul nos atores que re-significa, sangue, nas palavras dos atores mais jovens.
Mexer com o senso comum de um elemento e demonstrar outro significado, é algo peculiar da peça, que a emissão cênica traduz sua verdade; concorde ou não; até o propósito de velar um corpo vivo, na profundidade da eternidade é fato criado.
Há um ator que carrega um cesto de folhas secas enquanto Maria Alice Vergueiro repara que há uma raposa morta em cima do piano.
Música de fundo, toca sentimentos da batalha da vida e sua despedida, difícil para quem vai e para quem fica.
Luciano Chirolli enfrenta o desejo de Maria Alice Vergueiro, morrer em cena e como prestar a homenagem com medida certa, no pesar e o humor, na hipótese do irrevogável ainda nas mãos do esforço, da carnificina.
O corpo-voz que se abate sente e sofre e em verbo se liberta no texto.
Enquanto ator em cena pode apreciar o tema mais grave da vida, a morte envolta em ataduras, feridas abertas, expostas, frestas, remendos da dor, a contínua dor, fonte de vida e nela mesma aceitar a despedida.
Oferecer ao público com folhas secas, grunhido, crueldade, disputada, todos os protestos que significam a força da vida.
Enquanto linguagem a peça deixou a marca da direção artística e presença da atriz Maria Alice Vergueiro a realidade cênica, cumpre a fonte do desejo inesgotável da mulher que provoca os homens.
- Cia. Pândega de Teatro
- Dramaturgia: Fábio Furtado
- Direção e interpretação: Maria Alice Vergueiro
- Com Luciano Chirolli, Alexandre Magno, Carolina Splendore e Robson Catalunha
- 80 min + 16anos
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