Yabá – Mulheres Negras estreia no Teatro Firjan Sesi

Uma encruzilhada onde dez mulheres negras se encontram. Este é o ponto de partida do espetáculo “Yabá – Mulheres negras”, que estreia dia 12 de março no Teatro Firjan Sesi, no Centro.

Idealizada por Rodrigo França e dirigida por Luiza Loroza, a montagem apresenta no texto de Maíra Oliveira as características ancestrais, cada uma referente à determinada Òrìxà, cultuada pelos povos Yorubás e sua diáspora, através do diálogo conduzido por estas mulheres negras.

A construção dramatúrgica demonstra em fatos que, independente da classe social ou idade, a vida de qualquer mulher negra é composta por muitos pontos de intercessão. A encenação propõe concretamente o movimento de circularização do tempo, a performatividade das manifestações de matriz africana e suas ressignificações na diáspora que constroem o corpo cênico, tornando menos perceptivo o trânsito entre o “real” e o “ritual”.

“Construímos um diálogo sobre o que é ser mulher negra hoje, com mais perguntas do que respostas. Não queremos reafirmar o lugar da ‘mulher negra forte’ que aguenta tudo; as personagens são construídas com contradição, como é na vida. Tem sido uma grande oportunidade de descobrir em mim dez outras possibilidades de existir. Uma responsabilidade gigantesca de trazer ao palco nossa ancestralidade em forma de palavra, música e movimento. É uma experiência ritual-teatral”, frisa a diretora Luiza Loroza.

Encenada em seguida à montagem de “Oboró – Masculinidades Negras”, Rodrigo co-dirige a montagem e reforça a ideia do encadeamento dos textos. “Sempre tivemos em mente uma trilogia, mas com uma lógica de pensar o povo negro brasileiro. Pensamos nas especificidades de cada gênero, mas sem perder o contexto coletivo e o que nos liga como população negra, enaltecendo sempre as nossas subjetividades. Para o próximo, vamos focar na ancestralidade que nos conecta com uma África pré-colonizada”, antecipa.

Através de uma narrativa não hegemônica, a pesquisa partiu do afro-futurismo em conexão com o saber ancestral encontrado nas diversas poéticas diaspóricas que permeiam o Ser Negro: jazz, blues, samba, funk, rap e o candomblé. “Há séculos produzimos conteúdos que falam da nossa cultura, da vida e do nosso sagrado. Priorizar os nossos textos, profissionais e encenações é a forma que temos para contribuir a uma causa que nos coloca como protagonistas da nossa história”, sublinha Rodrigo.

Num momento onde a discussão sobre as diversas masculinidades toma proporções eficazes na reconstrução social das relações – afetivas ou não, o tensionamento com as contradições, necessidades e dificuldades da luta das mulheres negras se faz ainda mais presente. “O caminho de pesquisa foi o de encontrar na natureza e em si a energia de cada Yabá, sem reforçar os estereótipos ou seguir à risca alguns arquétipos. Várias atrizes são do candomblé de casas e nações diferentes. Tentei provocar nelas que estudassem o outro em si”, pontua Luiza.

Com este estudo sobre Yabás e as vivências de mulheres negras, será possível enxergar e evidenciar o movimento, ainda que estático. “A ação pode acontecer também internamente. É necessário romper a barreira do fora e dentro para, assim, nos integrarmos ao movimento do mundo. Em cena, os vetores da ação partem de diversos lugares – música, dança, luz, cenário, figurino, relação com o público, palavra poética – e explodem na cena”, encerra a diretora.

SERVIÇO

“YABÁ – MULHERES NEGRAS”
Temporada: 12 de março a 12 de abril de 2020
Horários: Quinta-feira a sábado às 19h / Domingo às 18h
Local: Teatro Firjan Sesi Centro
Av. Graça Aranha, nº 01 – Centro – Rio de Janeiro
Tel.: (21) 2563-4163
Ingressos: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia-entrada)
Duração: 90 minutos
Classificação: 16 anos
Gênero: Drama

FICHA TÉCNICA

Texto: Maíra Oliveira
Direção: Luiza Loroza
Idealização e Co-direção: Rodrigo França
Assistente de Direção: Lorena Lima
Elenco: Ariane Hime, Dja Marthins, Gabriela Dias, Gabriela Loran, Jeniffer Dias, Kênia Bárbara, Luellem de Castro, Mery Delmond, Nady Oliveira, Polly Marinho, Sol Miranda e Valéria Monã
Musicistas: Beà, Ana Magalhães e Rosa Sax
Direção Musical: Beà
Direção de Movimento: Valéria Monã
Iluminação: Brisa Lima e Pedro Carneiro
Cenário: Pamela Peregrino
Figurinos: Marah Silva
Orientação teórica: Aza Njeri
Consultoria: Deborah Medeiros
Pesquisa: Fábio França
Design: Rafaella Gama
Assessoria de Imprensa: Duetto Comunicação & Marrom Glacê Assessoria
Assistente de Produção: Naomi Savage
Produção: Aline Mohamad e Fábio França
Produção Associada: Corpo Rastreado e MS Arte e Cultura
Realização: Diverso Cultura e Desenvolvimento

SINOPSE

Dez mulheres negras se encontram em uma encruzilhada. Provocam entre si diálogos sobre o ser mulher negra, evidenciando o impacto do racismo nos seus processos de subjetivação. O espetáculo aborda as diversas faces das mulheres negras, em suas alegrias, tristezas, sonhos, desejos e luta. As personagens e a encenação são construídas com referências à cultura Yorubá, a peça traz a energia feminina personificada em Orixás.

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