Muitos crimes já foram cometidos em nome do amor. Alguns são desconhecidos, outros são pouco divulgados, talvez o mais famoso deles sejam os crimes cometidos pelo casal Bonnie e Clyde nos anos 30.
Clyde Barrow (Emile Hirsch) era um rapaz comum, vivendo as margens da sociedade na época e que tinha uma verdadeira paixão por carros. Ao contrair uma febre sem explicações quando criança, Clyde passou a ter o que sua bisavó chamava de “segunda visão”, uma espécie de premonição. Numa dessas visões, ainda menino, Clyde sonhou com uma mulher que o chamava, muito bonita, pele alva e lábios carnudos e nunca mais esqueceu. Os anos passaram e o sustento de Clyde e seu irmão, Buck (Lane Garrison), vinha do trabalho nos campos, mas eles queriam muito mais. Um dia invadem uma festa de casamento e é onde Clyde vê a mesma mulher com quem sonhou, ninguém menos que Bonnie Parker (Holliday Grainger), para seu infortúnio, a noiva é ela. Cansados daquela vida, Bucky arma um plano para roubarem um cofre que dá errado e ele é pego pela polícia, mas seu irmão consegue fugir para dias depois recuperar o dinheiro e levar Bonnie para um encontro, onde ela se apaixona no ato, mas o destino não os quer juntos e o ‘inferninho’ onde estão (boates naquela época eram ilegais pois permitiam bebidas o que era contra a lei seca) é invadido por policiais e Clyde vai finalmente preso. Após passar poucas e boas na prisão, Clyde se acidenta e é solto mais cedo, para logo se unir a Bonnie e começarem uma onda de crimes e assassinatos que assolou inúmeros estados e cidades, tomando conta das principais reportagens nos jornais americanos por quatro anos durante a época da depressão.
Não há casal criminoso mais notório que esses dois. Muito já foi falado e feito sobre eles, mas sempre tem algo que fica de fora. Esta minissérie, dirigida por Bruce Beresford, procura abordar mais intimamente a relação confusa que ambos tinham, como também as tais premonições de Clyde que fazia com que ele soubesse previamente o que iria acontecer e todas elas eram bem ruins. Fica claro também que foi a Bonnie quem levou a dupla a obter o sucesso e o reconhecimento perante a mídia, o que eventualmente acaba por culminar na morte do casal.
A Bonnie retratada na minissérie pela novata Grainger é alguém sem qualquer limite moral e que fez o que fez apenas com um único propósito: ser famosa, mesmo que para isso deixasse um rastro de sangue para trás. Em contrapartida, Clyde, um bobo apaixonado, faz tudo para que Bonnie tenha do melhor, mesmo que o plano inicial dos dois fosse juntar dinheiro para ter uma casa enorme e filhos. A ganância acaba falando mais alto e eles rodam mais de 20 estados assaltando bancos e roubando carros, tudo com diferentes comparsas, incluindo o próprio irmão de Clyde e sua cunhada. No decorrer dos anos, Clyde começa a notar que Bonnie não é mais aquele anjo que ele uma vez encontrou em um sonho e tudo isso, de uma forma tão sutil e honesta, que só um ator tão expressivo quanto Hirsch conseguiria fazer.
Todos os detalhes técnicos como figurinos, maquiagem, fotografia, cenários, são milimetricamente calculados e é possível reparar isso em diferentes planos e momentos. E mesmo com nomes de peso no elenco como William Hurt e Holly Hunter, é o casal principal quem se destaca nesta minissérie em dois episódios produzidos pela Sony Pictures.
A minissérie entrou em cartaz no canal a cabo History Channel neste Domingo 02 de Janeiro.
Comente!