"Cabeça de Antígona" faz uma bela mediação entre a cena e o poema – Ambrosia

“Cabeça de Antígona” faz uma bela mediação entre a cena e o poema

A vida é pequena para uma tragédia? A vida é longa em suas pa(i)ssagens? Como ver em cada cena, luz & sombra como um teatro reflete o vivente que nela se deita, palco? porque a vida em pé nunca saberemos quantas pedrinhas ou britas da poesia do Drummond (ande) haverá no caminho. Será que todos aparato das experiências que estão dentro do baú de guardados foram esquecidas?

Pergunto, olhando as pessoas, se temos gosto pelo inóspito destas paisagens onde o horizonte reflete a alma do caminhante-viajante. Se a vida é narrativa mas não ficção, o quê? O poeta pode fazer com a palavra-meta. A tarefa ou liame é lidar com os olhos do subtexto, pois o poeta tem uma faca atrelada ao dentes que é a linguagem. Corta que é uma maravilha. Corta na carne e sangra…

O livro de poemas Cabeça de Antígona da poeta Patricia Porto pela Editora Reformatório, poemas narrativos que possuem na maioria das vezes, um enredo. Mas a poeta os costura com uma lírica do rés do chão não pisando ou falando de territórios, mas talvez sim: geografia, que pode ser uma espécie de existência terrena, terráquea, algo como uma vida geográfica. Natureza humana – no dicionário planeta, natureza física. Mas que é corpo.

Há uma forte sensação de pertencimento nas palavras evocativas e fortes da poeta. Sua costura de imagens belas através dos versos me lembrou aqueles poemas épicos em que os acontecimentos pequenos e grandes vêm junto das boas “guerras”. O personagem é a via de uma interiorização, como no teatro que todo trabalho do ator parte de dentro para exteriorizar o fora no espaço cênico onde a plateia se choca com os jorros do magma textual-sensorial de cada ator-personagem. No livro da poeta,  ela parte bem por dentro de si, em suas raízes, em sua jornadas noite adentro para encenar e não expor suas fricções entre vida e bardo.

Sua palavra não vem de um contexto religioso, não há tom misericordioso em sua (po)ética. Patricia domina como poucos a textura/tessitura de um relação entre vida e mímese, entre  contido e o biográfico. Todo o livro é dividido em partes do próprio processo formativo do corpo como memória, experiência.

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