Impressões do primeiro fim de semana do Rock In Rio 2017

No primeiro final de semana do Rock In Rio não se ouviu guitarra alta. O que dominou na cidade do rock foi o pop, o funk e o eletrônico. No entanto teve boa música, sobretudo no Palco Sunset, que contou com o melhor show do festival até agora: Nile Rodgers e seu Chic. Confira abaixo as impressões dos principais shows da primeira etapa do Rock In Rio 2017.

Dia 15/09

Fernanda Abreu com Focus Cia de Dança & Dream Team do Passinho (Palco Sunset)

A ex-Blitz Fernanda Abreu realizou uma apresentação com os hits de sua carreira adornados pela dança e performance cênica da companhia de dança Focus. Também contou com a Dream Team do Passinho (onipresente nesse primeiro final de semana de festival). Uma grata surpresa que poderia muito bem estar no Palco Mundo.

Ivete Sangalo (Palco Mundo)

Muita gente reclama de Ivete Sangalo no RIR. No dia do metal (que esse ano não vai rolar) ou do Guns N’ Roses, de fato, não teria nada a ver. Mas em noite (que deveria ser) de diva pop, por que não abrir com a nossa Madonna? Ivete fez o show competente e energético de sempre, porém, já é o quarto Rock In Rio que ela faz a mesma apresentação. Poderiam variar um pouco colocando-a no Sunset, num show mais intimista dividindo cena com um nome consagrado, ou mesmo um artista em ascensão. Fica a dica para 2019.

Salve O Samba (Palco Sunset)

Bela homenagem ao gênero, unindo diversas gerações. Quando a música é boa, não importa se é ou não rock.

Pet Shop Boys (Palco Mundo)

A dupla inglesa, principal pilar do chamado technopop nos anos 80, veio a reboque do último (e bom) disco “Super”, de 2016. O setlist misturou hits da fase áurea e músicas mais recentes. Um bom show, mas que renderia muito melhor em um palco menor.

5 Seconds of Summer (Palco Mundo)

É aquela hora em que você começa a ter sérias dúvidas sobre o futuro da música pop. Uns garotos sem a menor graça, fazendo música insossa. A princípio achei que era uma atração tapa-buraco para completar o line-up. Mas, por incrível que pareça, eles têm um considerável séquito de fãs. Foi o que deu para perceber pelos gritos da plateia durante o show. Parafraseando John Lennon, “strange days, indeed”.

Maroon 5 (Palco Mundo)

O Maroon 5 é o headliner mais fraco dessa edição do Rock In Rio. Poderia muito bem estar no dia 22 abrindo para o Bon Jovi. Mas com a ausência de Lady Gaga ganhou um dia a mais. Seria mais justo remanejar o Pet Shop Boys para fechar a noite. A plateia que foi para ver a diva pop, mas não quis o dinheiro de volta, aceitou bem o show dos californianos, que apenas cumpriram o protocolo. Teve até cover de “Garota de Ipanema” em um esforçado português do vocalista Adam Levine, sempre abusando do seu status de sex symbol.

Dia 16/09

Blitz & Alice Caymmi & Davi Moraes (Palco Sunset)

A Blitz esteve no primeiro RIR como uma das principais atrações nacionais. Agora, sem o alcance na mídia de outrora, foram colocados no palco sunset (como na edição passada). O encontro com Alice Caymmi e Davi Moraes até rendeu bons momentos, em um show redondinho e divertido.

Skank (Palco Mundo)

Os mineiros se tornaram arroz de festa no RIR, sempre abrindo uma noite do palco mundo. O show foi o mais do mesmo e não era para ser diferente. A função era aquecer a plateia para as (insossas) atrações que viriam a seguir na cena principal da festa. E a cumpriram bem.

Emicida & Miguel (Palco Sunset)

O californiano Miguel prometia, mas o que trouxe foi um show morno, salvo pelo rapper brasileiro Emicida, que fez uma participação.

Sam Mendes (Palco Mundo)

Enquanto o mundo for mundo e a música pop for música pop vai haver um artista jovem e bonitinho fazendo musiquinha fácil, de refrões assobiáveis. Pode ser esquecido daqui a alguns meses ou se tornar um nome relevante mais para frente. O show do Rock In Rio mostrou que ele ainda precisa aprimorar o repertório. Ainda há tempo.

Fergie (Palco Mundo)

Fergie sem o Black Eyed Peas não funcionou. Apelou para participações brazucas como a de Sérgio Mendes e da trans Pablo Vittar, mas falta musicalidade, criatividade e autenticidade para configurar ao lado de uma Lady Gaga no panteão do pop. Também recorreu aos inevitáveis hits do BEP, como ‘My Humps’ e ‘I Gotta Feeling’ com bisonhas bases pré-gravadas. Houve falha no microfone, mas, independente disso, Fergie estava cantando muito mal. Seu show (assim como os da Britney Spears e da Katty Perry) parece ser mais uma versão genérica do que Madonna faz há anos. Dispensável.

Maroon 5 (Palco Mundo)

Tocando para um público que pagou para vê-los, o Maroon 5 se saiu melhor na segunda noite, apesar de apresentar praticamente o mesmo setlist do show extra. A única novidade foi nova ‘What Lovers Do’. Fora isso, um show previsível apoiado em um repertório longe de ser dos mais inspirados da música pop.

Dia 17/09

Frejat (Palco Mundo)

O ex-Barão Vermelho, depois de alguns pequenos shows, faz no RIR sua estreia solo para a grande massa. Com seu tradicional conservadorismo, o evento preferiu não arriscar no Barão Vermelho com novo vocalista Rodrigo Suricato. Preferiram apostar no seguro, trazendo Frejat, que já tocou em outras edições, inclusive na primeira, com o Barão que tinha Cazuza como vocalista. O show seguiu o roteiro usual dos shows de Frejat, com músicas da carreira solo, covers e clássicos do Barão.

Nile Rodgers (Palco Sunset)

Pode se considerar uma injustiça deixar uma lenda como Nile Rodgers relegada ao palco secundário. Mas em meio ao gigantismo do palco principal, muito da essência do melhor show do primeiro final de semana do RIR poderia se dissipar. Com total domínio de cena de quem tem décadas de carreira, Rodgers embalou o público com clássicos do Chic, mas também lembrou que se mantém relevante na cena atual, como o hit ‘Get Lucky’, colaboração com Daft Punk e Pharrell Williams.

Walk The Moon (Palco Mundo)

Bastante deslocado em uma noite dedicada ao pop soul funk, a banda americana de Cincinnati bem que se esforçou, mas apenas entregou um show que passou longe do memorável.

Alicia Keys (Palco Mundo)

A americana, que também se apresentou antes de Justin Timberlake em 2013, fez um show ainda melhor. Chamou atenção por se apresentar literalmente de cara limpa. E nem precisa. Um dos maiores talentos da música negra atual, além de cantar muitíssimo bem, ainda atua com destreza ao piano. Teve direito a momento engajado, quando convidou a líder indígena Sonia Guajajara para fazer um discurso no palco, contra a exploração mineral da área Renca, na Amazônia, proposta pelo presidente Michel Temer (claro que vieram os gritos de “FORA TEMER!”). Houve também participação do Dream Team do Passinho. Mas a sensação é que o público só “entrou com tudo” no show no pot-pourri na reta final, que emendou os hits ‘Girl On Fire’, ‘No One’ e ‘Empire State of Mind’.

Justin Timberlake (Palco Mundo)

O ex-NSYNC voltou ao palco do Rock In Rio sem muita novidade. Com exceção de ‘Can’t Stop The Feeling’, não tinha nada além do que foi apresentado na edição de 2013, quando divulgava seu último álbum “The 20/20 Experience”. Justin Timberlake tem talento, carisma e presença de palco inegáveis. Poderia ser o novo Michael Jackson (sua grande influência) se não fosse pelo repertório, que ainda precisa ganhar um pouquinho mais de estofo. Quem sabe no próximo álbum?

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