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“Following”: o primeiro grande passo de Christopher Nolan

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Muitos são os escritores que volta e meia se deparam com o chamado bloqueio criativo, isto é, um período onde suas mentes não conseguem mais produzir coisa alguma ou quando o resultado atingido não condiz com a qualidade da obra anteriormente publicada. Os aspirantes a escritor também (ou seria principalmente?) passam por essa fase.

É exatamente isso o que ocorre com Bill, protagonista desse que é o primeiro longa-metragem de Christopher Nolan. Na falta de histórias e personagens originais, ele, inocentemente, sai às ruas a fim de seguir os transeuntes que aparecem, tentando adivinhar seus hábitos, suas particularidades, com o intuito de reunir material para compor um livro. A investigação, a observação são instrumentos muito utilizados na criação literária, são vários os casos de obras relevantes que tiveram sua base desse modo estruturada. Uma dessas “investigações” o leva a conhecer Cobb, um ladrão que tem por especialidade a invasão de domicílios. O que Bill – os créditos o identificam apenas como “the young man” – não sabe, nem sequer imagina, é que sua função de autor cederá lugar à de um mero títere nas mãos do habilidoso e perspicaz criminoso.

A trama é bastante engenhosa, típica dos trabalhos do diretor que levou os filmes baseados em personagens dos quadrinhos para outro patamar. Nolan usa muito bem a edição para contar sua história. Se a linearidade fosse respeitada, o resultado não seria tão interessante. Dois pontos, no entanto, que nada têm a ver com questões técnicas chamam a atenção dos mais observadores e admiradores da obra do diretor britânico. Vamos a eles.

Primeiro, o nome do intrigante larápio. Cobb, para quem não lembra, não ligou o nome a pessoa ou simplesmente não assistiu “A Origem”, é o nome do “ladrão de mentes” interpretado por Leonardo DiCaprio. Tenho para mim que um homem criativo como Nolan, que também assina os argumentos e roteiros dos filmes que dirige, possui um repertório de nomes próprios relativamente amplo para se repetir gratuitamente desse modo. Pode ser apenas uma questão de simpatia para com o nome Cobb, mas de qualquer forma esse detalhe não passou despercebido. Segundo, e talvez mais curioso ainda, é que a porta do apartamento do jovem aspirante a escritor é ornada com – vejam vocês – o escudo do homem-morcego. Fica difícil não imaginar que desde esse modesto, porém, edificante trabalho, o diretor já não acalentasse o desejo de assumir as rédeas da franquia do cavaleiro das trevas na tela grande.

Esse é sétimo de um total de oito longas-metragens dirigidos por Nolan que conferi, só não assisti “Insônia”; “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” já está garantido. Nota-se a cada novo trabalho seu uma busca pela originalidade, caminhos distintos para se contar uma história, apresentá-la ao público, sem esquecer o caráter comercial. Há um perfeito equilíbrio em seus filmes nesse sentido, tornando-o um profissional símbolo de boas críticas e boas cifras.

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