A Lógica não é uma Ciência Exata. Pode até ser na Matemática ou na Física, mas na interação humana ela é um desastre! Por que? Por que entra-se com algo que embaralha a Lógica por dentro, que é a Subjetividade. Cada pessoa é um estardalhaço de móveis se movendo a todo instante nos seus pensamentos, gostos e ações. O livro de contos do escritor Leonardo Villa-forte, O explicador, pela editora Oito e meio, é um móvel projétil atingindo a falsa pretensão de racionalidade nas comunicações humanas. O escritor coloca seus contos em situações aonde a racionalidade parece primar como nas relações profissionais e nos espaços coletivos onde há por exemplo algum jogo em prática.
Como nos contos “A certeza de George” e “Estratégia de Marx”, onde há algum personagem fora do eixo-padrão de funcionalidade perfeita. Os colegas de George lhe dizem que lhe falta ambição. Que sua conduta no trabalho é pouco contextualizada com o grupo. Que ele não percebe as nuances do comprometimento. Cada passo de George é para se adequar ao lugar, mas cada vez que ele faz isso mais se distancia de lá. Leonardo tanto neste quanto no outro conto primorosamente através de uma fala-escrita expõe as agruras do subentendido, vai ironizando as certezas de que um grupo social é sempre detentor da verdade. E em qual forma a subjetividade pode se inserir dentro deste ou daquele grupo? Ele olha o indivíduo de fora, não como um desvio-ante. Olha-o como um agente a cooperar dentro de espaços subjetivos.
No conto “No jogo que Vitor se irritou”, ele mostra uma outra ótica da questão dos métodos e práticas das “metas” a serem batidas no caso um “adversário” de futebol. Vitor está jogando num time em que há um anão jogando também. O anão que joga no time dele perde a bola e provoca um gol do time adversário. Aqui as relações de competência são desniveladas por questões descriminantes de juízos de valor sobre alteridades de tamanho. Leonardo não vê o indivíduo amordaçado pelo sistema. Ele o quer solto!, e (dês)preconcebido. Desde então sua escrita-fala reitera através de diversos signos narrativos como na “Estratégia de Marx”, onde o personagem só está em princípio preocupado com sua barriga-imagem. No decorrer de um mecanismo neurótico, ele se minguará na sua imagem-físico-profissional. A imagem que fazemos de nós no ambiente é projetiva aos nossos semelhantes mas as relações não são semelhantes, elas diferem de acordo com os afetos que temos por A ou B, C, e daí por diante.
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