O Arte Core, volta a fortalecer a cena cultural da cidade do Rio de Janeiro com cores de inclusão, diversidade, liberdade e, sobretudo, produção de conhecimento e reflexão. A 8ª edição será realizada em 29, 30 e 31 de outubro, no MAM Rio.
Durante os três dias, pessoas de todas as idades poderão acompanhar a programação gratuita, que reúne atividades de diferentes manifestações artísticas, inspiradas na cultura das ruas. Elas ocuparão o pilotis, jardins e cinemateca do Museu. Exibições de painéis de artes visuais com instalações inéditas, oficinas educativas, apresentações musicais, palestras, e muito mais estão entre as atrações.
Neste ano, a capacidade de público que poderá conferir as atrações do Arte Core será limitada e reduzida, para o cumprimento dos protocolos sanitários de prevenção à Covid-19. O acesso ao museu será permitido somente com a retirada prévia do ingresso, a apresentação do passaporte de vacina e o uso de máscara durante todo o evento.
Edição ancorada no Sankofa
Para beber na fonte da inspiração ancestral, o curador artístico do evento, Pedro Henrique Rodrigues, recorreu ao Sankofa, projeto da pedagoga e educadora Gaby Makena que, segundo ele, dará o ‘tom’ do Arte Core 2021. Com origem na etnia akan, localizada nos atuais territórios de Gana e Costa do Marfim, no continente africano, o símbolo ideográfico é representado por um pássaro que apresenta os pés firmes no chão e a cabeça virada para trás, segurando um ovo com o bico. “O ovo simboliza o passado, demonstrando que o pássaro voa para frente, rumo ao futuro, sem esquecer o que já viveu, por onde voou. E é nesse conceito atemporal, metafórico e de uma cosmovisão africana, que nos remete ao Sankofa, de retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro, em que estarão ancoradas muitas das propostas artísticas e de linguagem desta nova edição”, explica Rodrigues.
De acordo com Gaby Makena, como a concepção do Brasil é um grande caldeirão cultural, que tem em suas raízes, a forte presença africana, não é possível, tampouco inimaginável, falar de manifestações artísticas, linguagem, religião, família, produção e transmissão de saberes, no âmbito nacional, sem pensar em África. “O projeto [Sankofa] nasce com a tomada de consciência de que a diáspora africana (fenômeno caracterizado pela imigração forçada de africanos, durante o tráfico transatlântico de escravizados) é parte central da construção social brasileira. Portanto, para compreendermos o modo como vivemos hoje, o que nos atravessa, nossas tradições e costumes, é necessário praticar o Sankofa, retornar ao nosso ponto de partida diariamente. Nesse sentido, o Arte Core vem para ser uma semente de construção de narrativas antirracistas, capazes de gerarem mudanças simbólicas e sensibilizar por meio de um processo educativo de formação”.
Esse resgate identitário é tema, por exemplo, da oficina de quadros com símbolos africanos, ministrada pela Artesã Criativa Alexia Sant’ Anna, no dia 30, às 11h. Ela é CEO da Mimos BantuNagô Afro Art Décor Ancestral, marca slow design de decoração afro-referenciada, que, desde 2017, gera reconexão às origens africanas e representatividade por meio dos adornos com cores, valores, saberes, símbolos e simbologias de uma África rica e plural.
No mesmo dia, às 14h, a bailarina, coreógrafa, angoleira, artevista, mestra em Educação pela UERJ e professora de Capoeira Angola e Dança Afro, Ludmilla Almeida, estará à frente da Oficina de Dança Afro – Diálogos em Movimento. Ela iniciou sua trajetória nas artes negras em 2003, quando entrou para o Grupo de Capoeira Angola Volta ao Mundo, que sempre integrou a filosofia da Capoeira Angola, com a Dança Afro e a Percussão.
Outra presença importante é a do Professor de Filosofia do Departamento de Educação e Sociedade, do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Renato Noguera. Um dos pioneiros na discussão sobre sankofa como verbo, ele ministra no dia 30, às 15h, a palestra ‘Diálogos em Sankofa’
Artistas visuais
Nesta edição, a curadoria do festival selecionou 12 artistas visuais com diferentes técnicas, estilos e linguagens, que exibirão suas obras nos jardins do MAM Rio, entre elas, três pinturas, de 6x4m, que ficarão expostas, permanentemente, após o evento.
Um dos destaques é a presença da artista multimídia Agrade Camíz. Natural do Rio de Janeiro, usa a estética da arquitetura popular carioca com questões relacionadas à sexualidade, beleza e opressão feminina.
Autodidata, da zona leste de São Paulo, Larissa de Souza se interessou pelo mundo da arte ainda criança, ao se deparar com os grafites nas ruas e, desde então, se expressa através da pintura. Suas telas retratam experiências subjetivas e coletivas de pessoas afro-diaspóricas, em temas como afeto, ancestralidade, resgate da memória, maternidade, fé e a presença do feminino.
O público também poderá conferir o trabalho do goiano Hal Wildson, que investiga a incompletude humana através dos aspectos da palavra, memória e consciência social.
Já o fotógrafo, pesquisador e diretor em projetos multimídia, Caio Rosa, chega ao Arte Core com o projeto ‘Visões do Luvemba’, onde busca construir pontes entre a cultura “Bate-bola”, grupos fantasiados que saem pelas ruas dos bairros do Rio de Janeiro batendo bolas de borracha no chão no feriado de carnaval, criado no subúrbio na década de 1930, e as culturas tradicionais africanas preservadas. Ele utiliza como base de investigação o elemento mãe das fantasias: a máscara, com ênfase nas simbologias da diáspora africana.
Atrações musicais
Três atrações musicais dão sonoridade ao Arte Core 2021. O DJ carioca Daniel Tamenpi, responsável pela curadoria musical do evento desde sua primeira edição, estará presente nos dias 30 e 31 de outubro, mostrando seu aclamado trabalho para o público.
A baiana de Salvador, Jadsa, cantora, compositora, guitarrista, produtora e diretora musical, chega trazendo seu som, com referências de artistas como Jards Macalé, Gal Costa, Tulipa Ruiz e, principalmente, Itamar Assumpção.
Para fechar o evento no Rio, a curadoria musical trouxe o renomado pianista Jonathan Ferr, hoje, uns dos principais nomes do jazz brasileiro, que traz em sua música autoral, temas que aliam a questão política, social e espiritual.
Gastronomia
Para atender ao público nos dias do festival, uma grande praça de alimentação será montada nos jardins do MAM com foodtrucks diversos. Pizza al Taglio, Vulcano e El Cozu, este último dedicado à culinária mexicana, são algumas marcas que estarão presentes.
O Arte Core é realizado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, por meio da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal. Idealização: HomeGrown. Produção: D+3 Produções. Patrocínio: Raízen. Apoio: Beck’s e 212 Carolina Herrera.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Sábado, 30 de outubro
10h | Contação de histórias ancestrais: origem do tempo, com Tatiana Henrique
11h | Oficina de quadros com símbolos africanos, com Alexia Sant’Anna
12h | Contação de história: ‘A menina Akili e seu tambor falante’, com Verônica Bonfim
13h | Palestra ‘Racismo, corpo e cidade’, com Tainá de Paula
14h | Oficina de dança afro – Diálogos em Movimento, com Ludmilla Almeida
15h | Palestra ‘Diálogos em Sankofa’, com Renato Noguera
17h | Performance ‘Viva o afrobeat’, com Pedro Rajão
18h | Atração musical – DJ Tamenpi
19h | Atração musical – Jadsa
20h | Atração musical – DJ Tamenpi
21h | Atração musical – DJ Tamenpi
Domingo, 31 de outubro
10h | Contação de História: ‘Olelê uma Cantiga da África’, com Mukanya
11h | Oficina de Brinquedos de Cabaça, com Mukanya
13h | Palestra ‘Cabelo: Memória, Identidade e Resistência’, com Luane Bento
14h | Performance Ilé com Quilombo da Provi e Ernane Ferreira
15h | Palestra Fotografia Preta, o Lugar da Transgressão, com Marcela Bonfim
16h | Orquestra de Rua (Gláucia Maciel, Jéssica D’Ornellas, Juliane Souza e Lucas Freitas)
18h | Atração musical – DJ Tamenpi
19h | Atração Musical – Jonathan Ferr
20h | Atração musical – DJ Tamenpi
21h | Atração musical – DJ Tamenpi
Artistas visuais
Agrade Camíz, Caio Rosa, Davi Reis, Edu de Barros, Hal Wildson, Laís Amaral, Larissa de Souza, Lucas Almeida, Marcela Bonfim, Max Müller, Mulambö e Raoni Azevedo
Visita às obras/instalações dos artistas visuais
29 de outubro, sexta-feira: 18h às 22h
30 de outubro, sábado: 10h às 21h
31 de outubro, domingo: 10h às 21h
Serviço:
Arte Core 2021
Data: 29, 30 e 31 de outubro (sexta-feira, sábado e domingo)
Horário de visitação: De 10h às 21h
Endereço: MAM Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo)
Evento Gratuito / Acessível a cadeirantes/ Classiicação livre (verifique a classificação indicativa de cada obra)
Link para retirada dos ingressos: https://www.sympla.com.br/arte-core-2021__1385188 |
Os ingressos do dia 30 serão liberados a partir das 12h desta quinta-feira (28)
Os ingressos do dia 31 serão liberados a partir das 12h da sexta-feira (29)
Mais informações no Instagram do evento @artecore
Comente!