Artes Visuais

(O Gênero Humano!?) Através do Planeta Selvagem

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É velho, arcaico aos padrões de uma Pixar da vida, mas nem um pouco menos criativo, divertido (e igualmente perturbador ao abordar a loucura da sobrevivência); bom pra quem ainda não conhece ou tiver vontade de rever.

 

Não se sabe o que houve ou quando, mas a Humanidade como a conhecemos está acabada; provavelmente, nem nosso planeta ainda existe! Imagina nascer em um mundo estranho, sem a mínina noção de civilidade nem do próprio passado, além de viver e morrer escravizado… assim, e ainda por cima, ser do tamanho de uma formiga!?

 

Mas fique tranquilo, pois existem os donos, você será bem tratado, terá até seu próprio colar inibidor para não ir pra muito longe. Até porquê, de quê adiantaria, já que nem mesmo consegue formular uma frase inteira, o máximo que sabe é grunhir. Ali não há muita tranqüilidade; reina o medo.

 

É isso, os papéis se inverteram, até que enfim! Os mandachuvas do lugar são os gigantes Draags, raça de seres azuis que vive meditando e que atingiram altos níveis de conhecimento.

No planeta Ygam, ainda sobrevivem estes humanoides chamados de Oms; porém, ou são trabalhadores ou feitos de animais de estimação.  Você é parte dos Oms; um Om é meio que brinquedo… O que acha?

 

Melhor viver refugiado em colônias de resistência, entre fugas e fugitivos dos Draags, e sofrer um massacre ou outro (dito Desomização, que é bem parecida com a limpeza inseticida que fazem para extirpar “formigueiros” aqui na Terra).  É uma opressão, que desconsidera tudo o que representamos e nos pisoteia.

 

Esta é a realidade desse filme francês de 1973, que venceu o Festival de Cannes do mesmo ano. Fora baseada no romance “Oms en Série”, do também francês Stegan Wui. É pura ficção científica psicodélica, mas serve como um alerta divertido, uma piada interna das nossas falhas. Que merda fizemos para chegar a esse ponto?

 

Com direção e roteiro de René Laloux, inusitada trilha sonora de Alain Goraguer, a animação é surrealista e roots ao extremo, “O Planeta Selvagem” é uma visão da revolta e revolução possíveis num futuro indesejado.

O protagonista se chama Terr, sempre viveu entre os Draags, recebeu educação e tudo… mas tem aquela pulga atrás da orelha. Assim, consegue ter acesso a um tipo fone de ouvido Draag que é uma escola inteira (banco de dados?). Este dispositivo abre a mente dele, que percebe ser a Existência mais que mera superstição: descobre o Conhecimento!!! Trocadilhos, metáforas, vale a pena prestar atenção heim! [E uma olhada extra aos rituais de acasalamento das duas espécies].

 

Na verdade, o tal “Planeta Selvagem” é um satélite de Ygam, para onde viaja a consciência dos Draags durante uma meditação que lhes é vital – o autor não vai entrar em detalhes para que possam visualizar vocês mesmos toda a transformação que ocorre. Mas Terr sabe que ali está a chave de todos os enigmas. As tribos humanas se unem para chegar lá e depor os alienígenas. Será possível alguma reconciliação entre as partes envolvidas?

 

Flora e fauna alienígena doida, bizarra, mas que interage. Cultura sem precedentes. Outros padrões. Isso faz pensar.

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Grossi e Ajuda -

Grossi é escritor e músico, publicou entre outros títulos a novela “Obarro”, além do argumento de “Desculpe, seu tempo acabou”. Pela Poesia, lançou “Cura”, “Servidão”, “A Conferência”. “Cabezada”, “Esencias”, “Maneja” e “En las eras” são suas obras em espanhol. Participou como guitarrista e vocalista das bandas Alice, íO, Instrumental Vox, Ummantra, SAEM e A Ras del Suelo

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