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‘Me ferrei, mas estou aqui. Não sou vítima de nada’, diz Carlinhos Brown

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Falando de sua biografia e apresentação no Afropunk Bahia, Carlinhos Brown voltou à mídia para uma entrevista com Mônica Bergamo, onde afirmou: ‘Me ferrei, mas estou aqui. Não sou vítima de nada’.

Brown revelou que acredita que o Brasil ainda não está preparado para escutar seu álbum Alfagamebetizado (1996), que é fortemente identificado com a cultura afro-brasileira e a miscigenação. Ele também expressou ressentimento pela falta de exaltação das sonoridades apresentadas em seu álbum.

Em 18 de novembro, Brown se apresentará no Afropunk Bahia, em Salvador, onde revisitará seu trabalho em ‘Alfagamebetizado’. O evento tem como objetivo promover uma mistura de diferentes gêneros, sonoridades e gerações da música negra. Além de Brown, o evento reunirá Alcione, Iza, Majur, BaianaSystem, Olodum e Djonga, entre outros nomes.

A biografia ‘Meia-lua Inteira’ apresenta as histórias e memórias do artista. A publicação é resultado de mais de trinta horas de gravação de conversas, centenas de mensagens e quase cinquenta entrevistas de amigos e familiares. Meia-lua Inteira, que conta também com um encarte de fotos marcantes da trajetória artística de Brown, é assinada por Julius Wiedemann.

Brown cresceu em Candeal Pequeno, um bairro na área de Brotas, em Salvador, e aprendeu a tocar vários instrumentos de percussão enquanto crescia. Nos anos 80, ele começou a colaborar com outros artistas e em 1985, ele fez parte da banda de Caetano Veloso no álbum ‘Estrangeiro’, escrevendo a música “Meia Lua Inteira”, que foi muito bem-sucedida no Brasil e no exterior. Em 1985, Luís Caldas gravou “Visão de Cíclope”, composta por Carlinhos Brown, e se tornou uma das músicas mais tocadas nas rádios de Salvador.

Brown formou a Timbalada no final dos anos 80, uma banda que se tornou tão popular que ele teve que construir um estádio de concertos para acomodar todas as pessoas que vinham à cidade para assisti-los praticar. Já na década de 1990 Brown se aproximou da cultura pop e mainstream, o que culminou com uma imagem de artista pop.

Em 2001, Carlinhos Brown se apresentou no Rock in Rio e foi recebido com vaias e garrafadas do público. O episódio foi marcado como uma das piores reações da história do festival e marcou profundamente o músico na imagem pública. Brown acredita que a recepção foi fruto do racismo. Em uma entrevista recente, ele afirmou: ‘Eu provoquei aquilo. Eu sabia que ia acontecer. Eu sabia que ia ser vaiado. Eu sabia que ia ser agredido. Eu sabia que ia ser xingado. Eu sabia que ia ser tudo isso. Eu sabia que ia ser um momento histórico’.

Talvez por se julgar não reconhecido de forma apropriada, Brown batizou sua biografia como “Meia Lua Inteira”, uma das composições do artista que a maioria das pessoas acredita que seja de Caetano – a psique humana não é tão complicada, ainda mais quando há exposição pública.

Na mesma entrevista com a jornalista Mônica Bergamo, Brown declarou também: ‘Eu aprendi cedo que ser artista é arriscar-se. O artista escolhe o risco’.

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