AcervoCríticasLiteratura

Café Irlandês, poesia de Barbosa Lagos

Compartilhe &media=https://ambrosia.com.br/wp-content/uploads/2024/06/download-1-1.webp" rel="nofollow"> &title=Caf%C3%A9%20Irland%C3%AAs%2C%20poesia%20de%20Barbosa%20Lagos" rel="nofollow"> &name=Caf%C3%A9%20Irland%C3%AAs%2C%20poesia%20de%20Barbosa%20Lagos" rel="nofollow">

Na orelha de Café Irlandês, o autor Barbosa Lagos é apresentado por Renato Rezende – seu editor e ótimo escritor e artista visual – como um poeta na confluência e descendência de Gregório de Mattos e Manuel Bandeira. Não gosto desses comparativos. São limitantes e injustos com o surgimento de novos valores e vozes. Obviamente o objetivo de Rezende foi positivo e plenamente aceitável, mas prefiro colher em Barbosa Lagos a essência da sua poesia sem compará-lo a ninguém – até porque nada vi de semelhança com Mattos, sendo que com Bandeira existe apenas a divisão de uma importante sutileza.
Publicado pela Editora Circuito, onde Renato Rezende, responsável pela apresentação de Barbosa Lagos, é o editor chefe, Café Irlandês é um belíssimo livro de poemas. Tanto no aspecto gráfico, com linda capa a partir de uma imagem de Lee Jeffries e projeto de Tiago Gonçalves, quanto em seu conteúdo literário. Apenas não me agrada, pensando em custos, a opção por imprimir os poemas somente nas páginas frontais deixando-se o verso vazio.
A poesia de Barbosa Lagos é agradavelmente rítmica e contemporânea. Provável influência do seu passado enquanto vocalista de uma banda de rock. Formado em Letras não tem um estilo aprisionado pelo academicismo de alguns dos seus pares. Vez por outra a academia é limitante e não é o caso dos poemas encontrados em Café Irlandês.
É interessante a ironia empregada em poemas com temática religiosa (Quando Joana Queimou na Fogueira ou em Uma Facada em Valdemiro – bem atual em tempos em que facadas influenciam eleições). Novamente o passado de roqueiro emergindo livre. O poema título não é o melhor do livro, mas foi bem escolhido no sentido em que orienta a leitura tal um bom irish coffee (café irlandês), com sua força revigorante e suavidade induzindo sempre à mais uma dose até o embriagar-se.
Café Irlandês é a primeira publicação impressa de Barbosa Lagos. Extremamente agradável é daqueles livros de fácil leitura. Como se estivéssemos aproveitando um bom café. Foi uma escolha certeira da equipe editorial da Circuito. A editora só precisa atualizar o seu site – o próprio Barbosa não consta na coluna de autores e não consegui fazer compras on line de outros livros. Portanto, quem desejar comprar o livro deve fazê-lo diretamente com o autor através de suas redes sociais.
Abaixo, dois poemas de Café Irlandês:


 
Café Irlandês
 
Por favor,
um café.
Um café irlandês!
 
Pra que eu me lembre
da minha terra
Pra que eu me lembre
dos meus sonhos
Pra que eu me lembre
do cheiro da grama
Pra que eu me lembre
do gosto da chuva.
 
Por favor,
Um café.
Um café irlandês!
 
Pra que eu lembre de tudo.
 
 
Lembranças da Carne
 
O que sobra
após
a carne virar pó?
 
Apenas lembranças
e
saudade….
….muita saudade!
 
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sugeridos
ColunasCríticasFilmes

Capitão Fantástico: diga sim para sua família!

Ben (Viggo Mortensen) tem seis filhos com quem vive longe da civilização,...

CríticasFilmes

Superman inaugura com acerto a nova DC no cinema

“Superman” não é um filme de origem do primeiro super-herói da História....

Literatura

“Palavra que salva: por que decidi publicar meus próprios livros”

Por Flavia Camargo* Antes mesmo de aprender a ler, por volta dos...

CríticasFilmes

Quem é o Superman: James Gunn ou David Corenswet?

Dentro de sua gritante previsibilidade, há um ativo muito positivo quando vemos...

CríticasFilmes

Um ano de Mindfulness: se conhecer para se libertar dos automatismos!

Em meio a uma crise global de saúde mental, milhões de pessoas...

ClássicosCríticasFilmes

Um dia de fúria: Burnout explícito no clássico de Michael Douglas

Um dia e tudo muda, uma pessoa antes condicionada explode em uma...

CríticasFestivaisFilmes

“A Voz de Deus” retrata o lado humano (e muito complexo) do fenômeno dos pastores mirins

Um garotinho de 5 anos grava uma mensagem de pregação religiosa de madrugada...

ClássicosCríticasFilmes

O Fugitivo Sanguinário: da perspectiva de homens e mulheres

Um suspense de estrada co-escrito e dirigido por Pasquale Festa Campanile. Estrelado...

CríticasFilmesModa

O documentário da HBO “Fake Famous – Uma Experiência Surreal nas Redes”

Aqui vamos falar da teatralidade cotidiana e o lugar do corpo em...

CríticasFilmes

“Jurassic World: Recomeço” expõe o desgaste da franquia

Quando Steven Spielberg adaptou para os cinemas o livro de Michael Crichton...

CríticasFilmes

M3gan 2.0 é pura galhofa trash

Quando “M3gan 2.0” foi anunciado, era previsível, e ainda assim preocupante, já...