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Livro "Não pise no meu vazio" faz lindos deslizamentos sobre o amor afetante

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Imagina ação. O que temos? Não pesar expectativas que são as ideias ainda não postas em práticas. Antes, sopesá-las depois de um átimo de descuido. Fiz, mas pus na balança entre prós e contras. O amor nunca é um exercício fugaz porque traz o peso ou leveza de um ânima que gravita ou levita de acordo com sua densidade em torno do outro. Assim como temos corpo, esta máquina biológica de construir afetos e despedaçar pétalas em torno do jardim do bem- me- quer ou mal- me- quer.
A primeira junção do afeto traz a corporiedade de uma certa reunião de traços e singelezas em torno do que chamamos ou não de traços de gênero. Mas vamos fugir um pouco, do gênero biológico, e partir para um linha ou traço religioso. Não buscando um ente superior, mas uma pequena fascinação em torno de um eu, individual e singular.
No livro Não pise no meu vazio, da escritora e psicanalista, Ana Suy Sesarino Kuss (lançado pela editora Patuá), uma coletânea de textos poéticos, onde temos uma linha atenta a uma escuta que toda linguagem acuidada e bem trabalhada une ao e pelo outro: significa(nte). Ana é muito atenta às camadas que a escrita tem sobre si, mas também ao signo da alteridade, pois o amor é espaço individual entre fronteiras que se desfazem momentaneamente em busca de comunhão tracejadas pelo toque, pela fala -ação do carinho pelo outro.
E o que falam os deslizamentos sobre ocupar e desocupar afetos de um construção de relação entre seres? O que uma raiz de pertencimento quando uma relação se faz de uma imanência singular, quando estamos juntos e misturados ao corpo do amor. Numa escrita matizada de nuances pelo claro e escuro de um relação, a escritora nunca relativiza a ausência ou sua função assertiva de preencher vazios. Eles são essenciais na sublimação da perda em algo que cito no começo do texto, imaginar- uma-recriação, potencializar um recomeço do mesmo ou de outro em torno de um repertório de afecções guardadas ou lembradas como canção.
Ana sublinha a necessidade de o amor-outro emblematizar esse vazio nosso. Colocá-lo em sua devida capacidade de auto-observação com espaço do outro. Nas relações abusivas, o ser espezinha o espaço do afeto do enamorado com(o) ressentimento. Se não pode ter eu, não terá outro. Aqui, talvez, a autora faça um atento chamado ao problema moderno ou pós-moderno do narcisismo onde o outro só é conveniente quanto afirma o eu que operacionaliza uma potência, quando deixa de assinar a procuração de nossos desejos, este outro não é vazio, mas negação.

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