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Marvel’s Avengers traz o carisma dos heróis, mas desperdiça potencial

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Quando se via os quadrinhos como apenas um meio de entretenimento de nicho, não se imaginava o que ocorreria nas últimas décadas. Super-heróis da Marvel eram distantes do grande público e graças à Disney esse meio é agora a base da franquia mais popular do momento. Mesmo antes de Tony Stark aparecer em 2008, ver o Homem-Aranha ou os X-Men na telona era um negócio arriscado, e os dias multibilionários ainda estavam longe. No entanto, muita coisa mudou em um curto período de tempo.

Não apenas a indústria cinematográfica se beneficiou do MCU, mas a popularidade dos quadrinhos ressurgiu, e agora os videogames estão tentando ganhar uma fatia do bolo. Em 2019, a tentativa com Marvel Ultimate Alliance 3 que, apesar das diversas críticas especializadas, conseguiu vender  mais de um milhão de cópias vendidas no Nintendo Switch. Estava na hora, de replicar a ideia, aumentando o orçamento, em maior escala e com um sistema que permitisse gerar receita mesmo após o seu lançamento.

Assim aparece Marvel’s Avengers e após três anos a Square Enix, a Crystal Dynamics e o Eidos Montréal finalmente entregam um jogo que pode marcar o destino do gênero nos gamesl.

É  esse jogo o próximo grande passo para super-heróis na indústria? Será que temos algo a mais do que um multiplayer online? Vamos as respostas em nossa análise:

De início, supera as expectativas

As desenvolvedoras nos apresentam um jogo com o foco está no aspecto multiplayer, deixando de fora a campanha principal, que é um dos maiores erros que o jogo já cometeu. Do que foi apresentado, podia pensar que a história seria uma justificativa para o preço, mas não é o que ocorre.

O jogo – como o filme do Homem de Ferro (2008), apresenta um protagonista não tão conhecido, no caso, Kamala Khan, a Miss Marvel, que se torna o coração do jogo. Com ela temos um vínculo perfeito entre um cenário que parece um meio-termo entre o MCU e os quadrinhos.

O universo apresentado coloca os Vingadores como um fator importante na sociedade, impressão consolidada por anos. Assim, Karmala é apenas uma dos milhares de fãs que a superequipe têm no mundo. Ao se inscrever num concurso de fan fiction, teve a oportunidade de conhecer os heróis em um evento onde se apresentaria um novo tipo de energia.

Mas algo deu errado. Vários vilões atacam San Francisco, um acidente catastrófico resulta na devastação maciça da cidade e mata o Capitão América, enquanto uma toxina transforma centenas de pessoas em inumanos. Culpados pela tragédia, conhecido a partir daquele momento como A-Day, os Vingadores se separam.

Após esse prelúdio, alguns anos depois, a IMA surge com a promessa de curar todos os desumanos. Kamala, que também foi exposta e agora tem a capacidade de modificar sua massa corporal, descobre as mentiras por trás dessa organização e começa a procurar os Vingadores.

Em seu caminho, Kamala encontrará cada um dos Vingadores e juntos terão que deter todos os vilões que se interpõem na busca pela verdade.

O que leva ao amadurecimento da jovem protagonista como pessoa no processo, sob seus olhos, podemos ver como os Vingadores conseguem lidar com seus problemas pessoais e começar a trabalhar novamente em equipe.

Um arcabouço narrativo cujo maior problema é sua duração. Em menos de dez horas, chegamos aos créditos finais, um bom padrão para um game, mas o desenvolvimento do personagem e os momentos críticos da história parecem apressados. As soluções em alguns pontos são prematuros. Poderia ter mais cinco horas e não causaria nenhum problema, o que ficou evidente é que os desenvolvedores estavam mais interessados ​​em chegar ao fim, para que o jogador entre no modo online o mais rápido possível.

Ao contrário, a estrutura da história não é tão aberta na escolha dos heróis. O melhor está quando assumimos o controle, como no momento do A-Day. O level design entra em cena, a história se desenvolve naturalmente e o jogador tem a oportunidade de explorar as habilidades de cada um dos personagens de maneiras interessantes.

São duas estruturas, uma mais direta, com uma narrativa interessante, onde assumimos o controle de um certo herói específico para chegarmos em outro capítulo, semelhante a um filme MCU. E uma indireta, que apresenta o cenário livre, contudo rompe com o ritmo da história e com toda a originalidade para dar espaço a cenários entediantes semiabertos.

Não há dúvida de que a história deveria ter um peso maior na promoção do jogo antes de ser lançado. Kamala Khan é o coração dessa história. história. Sua personalidade se destaca e todas suas interações traz o reflexo da geração atual, sem cair em clichês. Porém, nem todos os personagens recebem a atenção necessária e a rapidez da campanha só piora esse aspecto.

Design

A aparência visual traz alguns pontos que levam a mais críticas. Entre elas a semelhança que certos Vingadores têm com seus colegas do Universo Cinematográfico Marvel, uma decisão artística questionável, mas que não ainda o menor dos problemas na seção visual.

Vamos aos acertos: os cenários dos ecossistemas são lindos, cartões-postais, das florestas dos Estados Unidos, passando pelas regiões frias do norte da Europa, às diferentes áreas conturbadas, consegue nos distrair ao longo das fases. Como também os cenários de confronto no A-Day e em outros momentos de batalhas.

No entanto, o jogo está repleto de falhas, problemas visuais e contratempos que podem afetar a experiência. Em mais de uma ocasião, a taxa de quadros cai, não apenas durante o combate, mas também em áreas de exploração simples. Da mesma forma, existem problemas que apagam animações dos personagens, multiplicam objetos, texturas ou movimentos que não podem ser carregados corretamente e muitos mais problemas.

Jogabilidade

Homem de Ferro, Viúva Negra, Hulk, Thor, Ms. Marvel e Capitão América possuem as mesmas no sistema de combate, com cada um oferecendo um estilo de jogo particular, o que é uma agradável surpresa.

Da brutalidade do Hulk, passando pelo combate aéreo do Homem de Ferro, o estilo corpo a corpo do Capitão América, os artefatos e armas da Viúva Negra, até o trovão de Thor. Cada personagem tem movimentos que os destacam, mas as bases de jogabilidade são as mesmas.

São: um ataque forte, um leve, três habilidades especiais, um tipo de desviar por um gatilho certo, que também funciona como um aumento de poder único e, por último, uma forma de acertar à distância. Veja um exemplo com a cena jogando com o Hulk:

Cada personagem tem grande potencial. A maior conquista do game é nos apresentar uma ideia muito boa de como seria um jogo focado apenas no Capitão América ou na Viúva Negra.

Independentemente da missão, temos uma série de objetivos para habilitar equipamentos, experiência, um colecionável ou a moeda. Temos uma progressão semelhante à de todos os jogos de ação que atualmente implementam elementos de RPG. São combos e habilidades que personaliza o seu personagem, mas é melhor focar apenas na força. Graças ao combate super simples, não há necessidade de pensar muito em combos. Combine ataques leves e pesados, e sem muitos problemas você pode terminar o jogo.

Multiplayer

Depois de finalizar a campanha principal, o jogo traz o modo multiplayer, que  ainda tem muito a oferecer.

Além de começar com a Iniciativa Vingadores, que conta sua própria mini-história focada nos eventos que acontecem após Kamala e os Vingadores derrotarem a IMA, você terá à sua disposição uma série de missões que, basicamente, se resumem a fazer o mesmo dia após dia.

Veremos aqui o mesmo design, só que repetidamente, sem aquelas interessantes sequências da campanha. As missões são as mesmas, você começa em uma área aberta, onde terá a oportunidade de explorar e coletar algum tipo de equipamento especial à medida que avança para seu objetivo principal.

Depois disso, será sua tarefa destruir ou defender um determinado artefato ou área enquanto um mar de inimigos genéricos tenta pará-lo. Se você tiver sorte, poderá enfrentar um chefe proveniente da campanha principal. E só

Skins infinitas

O jogo multiplayer foi projetado para durar anos e anos. No entanto, acredito que poucas pessoas decidam jogar por mais de uma semana. Encontrar novos jogadores que queiram entrar no seu modo de jogo demora mais tempo do que o desejado e, não havendo grande variedade de missões, não há incentivo real para entrar nesta sessão.

Conclusão

Marvel’s Avengers tem todo o aspecto do jogo como serviço, que era o foco principal da campanha publicitária da Square Enix, e acaba sendo uma experiência altamente repetitiva que pode sair da diversão em menos de uma semana. No entanto, a campanha principal é uma grande surpresa.

A história é divertida, cheia de boas ideias e conceitos que podem ser expandidos em jogos futuros.

É um título que mostra muito potencial, é triste que as coisas boas da jogabilidade sejam ofuscadas por combates repetitivos, uma seção multiplayer desnecessária e erros técnicos que podem arruinar a imersão de algumas pessoas.

Não cumpre o que foi noticiado, entretanto não podemos olhar para o futuro e dizer que seja tão ruim assim. Com o DLC gratuito a caminho, é possível que construa uma base de fãs sólida. Carisma e potencial é algo que se destaca, mas a representatividade do universo Marvel se torna um aspecto de vendas do que um produto final que entretém como jogo.

Nota: Regular (2,5 de 5)

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Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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