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3% e seus erros

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A série 3%”, primeira produção totalmente nacional da Netflix, foi criada como uma webserie no Youtube de 3 capítulos. Logo depois a rede de streaming adquiriu os direitos e desenvolveu o projeto com atores e produção brasileira, diferente do que aconteceu em Narcos, no qual alguns membros da produção eram de nacionais, mas todo o resto, inclusive a língua, não era.

A série tem como premissa um futuro distópico, no qual a sociedade é dividida como um mundo perfeito. Nesse âmbito, somente poderiam entrar 3% dos candidatos anuais, que vivem em um mundo de miséria, quando completam 20 anos de idade. Para entrarem no chamada Mar Alto, eles precisam passar pelo “Processo”, que é comandado pelo personagem Ezequiel (João Miguel), que possui um segredo e por isso é investigado pelo Conselho, formado por pessoas que controlam a sociedade. Entre os candidatos do Processo, existem pessoas que fazem o que podem para passar “do lado de lá”, só que também existem infiltrados da “Causa”, que querem destruir esse aparato de controle, e trazer uma sociedade mais justa.

O subtexto da série trabalha com a questão da desigualdade existente na sociedade brasileira, que tem uma pequena camada de milionários e o resto da população, que vive à parte. Trabalha também com a idéia de que podemos alcançar essas sociedade se nos esforçarmos e assim alcançaremos essa sociedade pelo nosso próprio mérito.

Essa boa premissa, infelizmente não se traduz em um bom desenvolvimento da série. “3%” tem uma direção fraca no qual os atores parecem pouco à vontade e sofrem com diálogos mal feitos. As histórias dos personagens chegam a ser risíveis e sem sentindo, com reviravoltas que não condizem com as atitudes anteriores, e parecem serem colocadas apenas para fazer uma surpresa. A produção com cenografias mal realizadas (o encosto do lixão parece as pedreiras do Jaspion).

O melhor episódio da série é o que justamente não fala sobre o “Processo”. Conta a vida de Ezequiel e sua esposa, vivida por Mel Fronckowiack. Um dos poucos casos que teve um esmero melhor no seu roteiro, e também temos uma melhor visão de como vive aquela sociedade e como ela pensa.

Como fã de ficção científica, torci muito para que essa série desse certo, mas infelizmente, isso não ocorreu. Contudo, como a produção nacional de gênero ainda engatinha, isso faz com que produções assim tenham seus problemas. Ainda assim é importante que esses tipos de projetos não sejam descartados. Um maior número de produções de gênero pode finalmente trazer coisas boas e diferenciadas para a nossa produção.

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5 Comentários

  • o episódio citado como o melhor é na verdade o mais enfadonho. A série é muito boa tirando esse episódio. Foram citadas reviravoltas sem sentidos dizendo que os personagens não condiziam com as personalidades apresentadas anteriormente, porém não é bem assim. Os participantes precisam incorporar um papel desejado pelo processo, semelhante à uma entrevista de emprego. Sendo assim, são naturais as “mudanças”, principalmente nos membros da causa.

  • Desculpe, mas minha visão é totalmente diferente da sua. As mudanças dos personagens nao são mudadas pela reaçao do processo. A série tem como defeito, um dos grandes problemas das produções nacionais, que é o seu roteiro, que é muito fraco e não desenvolve bem história

    • Eu não quis dizer que os personagens mudavam por reação ao processo. Minha intenção era informar que eles muitas vezes fingiam normalidade social para serem aprovados para as próximas fases. Semelhante a quando uma pessoas alega ser perfeccionista ao lhe perguntarem o maior defeito. A série pode apresentar algumas falhas, mas as críticas, muitas vezes, tem sido exageradas, talvez pelas expectativas e não pela própria produção. Já vi coisa muito pior ser exaltada.

  • É, não adiantou falar mal da serie! Teve 4 temporadas, começo, meio e fim. Muito melhor do que muitas séries estrangeiras.
    Felizmente, gosto não se discute, e ninguém liga pra essas críticas kkk

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