Engula o poema de uma só vez, mas não o tome como remédio. Não há pílula que chegue ou dosagem que alivie a relação de medida de poema comprimido dentro de uma pequena mancha branca. O poema não droga nem entorpece porém transmuta sensações ou estados perceptivos entre posições de languidez e agitação. O poema encapsula sem ser uma nave embora etérea não tem ou tem poderes de órbita afetante, pense
Pense num poema que teu corpo pressurize?
Digo sem efeito nenhum muito menos colateral que os poemas de Samantha Abreu no álbum de poemas, A pequena mão da criança morta (editora Penalux) devido a um alto grau de visualidade deverá ser incorporado ao corpo e a alma do leitor periodicamente em tempos violentos de guerra. Temos não a paz mas o violão como um grande fuzil que rompeu a trova de trovadores como Dylans- Coens- Morrissons e me pego pela mão da poeta sendo seu leitor-desa-fio através de terras selváticas onde a imagem da morte é uma pequena traineira subindo pelos rios vietcongs embrenhando a mata do delírio da guerra soterrando palavras de choro pelo mar-abandono estou engolindo os versos de Samantha aos poucos como a mão do corpo que toca os teclados em busca de verso doído da solidão, da dor da perda da mão da criança morta.
A poeta dá ensejo à câmera para entrar no labirinto de toda escrita que se quer escuta de uma falha/falta do existir de uma latência do peso do corpo na vida que não é reverso à morte e sim alternância sendo boas simbioses que a poeta costura entre imagens e palavras que uma devida Penélope com afã de não esperar, tece em seu próprio ideograma.
Relações como pássaro na mão e o que se faz para manter a beleza não da vida mas do espaço poético? Tiramos o coração da ave e o deixamos exposto nos dedos, sentido conflagrado pelo duelo entre a liberdade do voo mas a ausência do motor aéreo.
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