A espera chegou ao fim. Com os dois últimos episódios da 4ª temporada de Stranger Things lançados pela Netflix, encerrou-se uma temporada que elevou o compromisso da produção com o terror sem sacrificar nada que a tornou uma das séries mais viciantes dos últimos anos.
Tudo sugeria uma carnificina e a verdade é que o confronto com Vecna foi fortemente sentido em Hawkins. A série aposta num in crescendo que atinge mais o nível de um blockbuster do que de uma série de televisão, mas também é verdade que lhe faltou algo para levar Stranger Things a outro patamar.
Tensão Crescente
Como nas edições anteriores, Stranger Things 4 separa seus protagonistas em diferentes grupos para enfrentar a ameaça com a qual estão lidando. Isso significa que alguns personagens acabam tendo mais importância e peso do que outros, mas a verdade é que Matt Duffer e Ross Duffer, criadores da série, sabem integrar muito bem momentos mais íntimos sem que isso implique uma quebra de ritmo, mas que também passe aquela dose necessária de preocupação com o que acontece com cada personagem.
Nesse ponto, a tensão também desempenha um papel importante, muitas vezes para nos lembrar como seus protagonistas podem ser felizes se tudo correr bem. Obviamente, não demora muito para nos lembrar que é pouco provável que isso aconteça, já que algo que ocorre no final é intensificar a sensação de perigo, e não apenas pela presença intimidadora de Vecna.
Aí temos o gancho principal, já que tudo leva para um confronto inevitável. Os planos raramente saem como planejamos e isso leva todos os personagens principais a enfrentar situações extremas. E mais uma vez, Stranger Things se mostra capaz de usar as reviravoltas naqueles momentos em que parece não haver mais volta. Entretanto, o uso de alguns personagens para criar empatia pode gerar o efeito contrários, pois no final só Eleven consegue fazer a balança talvez se inclinar para o lado dos heróis. Afinal, ela é a única com habilidades semelhantes a Vecna.
Muitas virtudes, mas também algumas desvantagens
E quando a 4ª temporada atinge o melhor, em um momento que a série poderia terminar ali. Os Duffers trazem uma decisão questionável – evitando epoilers – que suaviza um pouco o interesse do final da temporada antes de nos deixar com aquele cliffhanger muito poderoso. E se haverá um salto temporal na próxima temporada, o que acontecerá lá grita em questão de minutos, não meses ou anos.
Em seu penúltimo ato (a previsão é de que a quinta temporada seja a última), a produção surpreende muito por sua maturidade, sua história e seus personagens. Sua narrativa não é nada que já não tenha sido visto, obviamente, mas é muito bem desenvolvida. O que podemos destacar de forma um tanto negativa são os efeitos visuais que às vezes parecem falsos e não naturais. Devo dizer que isso só acontece em determinados momentos específicos. De certa forma, na grande maioria, os efeitos se somam ao que a trama vai ser. Algo que muda nos dois últimos episódios que ambienta melhor o design dos efeitos para com a narrativa.
Stranger Things 4 foi tão épico quanto esperávamos, em especial o seu final. A série também lidou muito bem com seus personagens, contorceu visualmente, mas melhorou em muito no seu climax e lançou as bases para uma temporada final que promete ser vertiginosa. Vamos torcer para que os Duffers ousem dar aquele salto definitivo no vazio que a série precisa para deixar de ser muito boa – sem dúvida, uma das melhores da Netflix do ano – e viciante para aquele outro nível que poucas séries alcançam. Está em sua mão.
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