10 personalidades negras que revolucionaram o cinema

Quando surgiu, em 1895, o cinema era só uma novidade científica. Passou daí para moda sem importância e entretenimento para os pobres. A história nos mostrou que o cinema veio para ficar, e a sétima arte, desde o começo, foi espelho dos preconceitos do mundo. Dos primeiros magnatas, judeus brancos, aos poucos intérpretes negros ganhadores do Oscar, muita coisa mudou. E mudou nas mãos destas pessoas:

Bert Williams (1874-1922)

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Nascido nas Bahamas, Bert foi ator de vaudeville e o primeiro negro a ter liberdade criativa total no cinema. Escreveu, produziu, dirigiu e estrelou dois curtas-metragens em 1916. Fez sucesso como cantor e ator de teatro. Inteligente e culto, o ator mais bem pago do Ziegfeld Follies ainda se lamentava ao ser tratado com diferenças devido à cor de sua pele.

Oscar Micheaux (1884-1951)

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O mundo percebeu que o cinema era uma poderosa ferramenta de doutrinação após as muitas polêmicas causadas pelo tom racista de “O Nascimento de uma Nação” (1915). Oscar Micheaux também percebeu o poder do cinema, e resolveu utilizá-lo para retratar, com fidelidade pioneira, a comunidade negra. Em 1919, tornou-se o primeiro negro a dirigir um longa-metragem, “The Homesteader”, baseado em um livro de autoria do próprio Micheaux. Em mais de 30 anos de carreira, ele produziu e dirigiu mais de 40 filmes, entre mudos e falados, que lidavam com racismo, lutas diárias e casamentos interraciais.

Hattie McDaniel (1893-1952)

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É irônico que a superprodução sobre a Guerra Civil Americana e a difícil reconstrução do sul dos EUA com os escravos libertos tenha sido o filme a garantir o primeiro Oscar a uma atriz negra. A Mammy de Hatti McDaniel em “E o Vento Levou…” (1939) é estereotipada e fraca como personagem, se vista com olhos modernos, mas é notável mesmo assim. Hattie foi impedida de ver a estreia do filme em Atlanta devido a leis segregacionistas. Hattie costumava dizer que não se importava em interpretar empregadas domésticas no cinema, porque em Hollywood ganhava muito mais interpretando uma empregada do que sendo uma na vida real.

Lena Horne (1917-2010)

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A talentosíssima cantora foi a primeira negra a assinar um contrato de longa-duração com um estúdio de cinema. Foi uma vitória, mas não muito grande: Lena sempre ficava com papéis secundários, que poderiam ser cortados para que os filmes fossem distribuídos e bem recebidos no sul dos Estados Unidos. Nos anos 40 perdeu papéis para atrizes brancas, maquiadas como mulatas, mais de uma vez. Afastada de Hollywood na década seguinte devido à paranoia comunista, Lena se voltou para a Broadway, a TV e as casas noturnas. Lutou sempre contra o preconceito e participou de marchas pelo fim do segregacionismo.

Dorothy Dandridge (1922-1965)

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Em 1954, bem antes de Martin Luther King ter um sonho, Hollywood decidiu inovar com a peça clássica Carmen. Modernizada e protagonizada por atores negros, transformou-se em Carmen Jones e garantiu à trágica Dorothy Dandridge uma indicação ao Oscar e o estrelato mundial. Vinda de uma dupla musical formada com a irmã, Dorothy foi cantora, pin-up e peça central de um escândalo quando um tabloide publicou uma falsa notícia sobre um caso interracial e extraconjugal de Dorothy.

Sidney Poitier (1927-)

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Quase todos os filmes de Poitier são construídos em cima de temas como racismo e preconceito, da estreia arrasadora em “O ódio é cego” (1950) até os grandes papéis em “Ao Mestre, com Carinho”, “No Calor da Noite” e “Adivinhe quem vem para jantar?”( ambos de 1967). Nascido nas Bahamas, Sidney foi o primeiro negro a ganhar o Oscar de Melhor Ator em 1963, já dirigiu nove filmes e em 2014 esteve presente na cerimônia do Oscar.

Nat King Cole (1919-1965)

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Muito além de seu hit “Mona Lisa”: Nat King Cole foi o primeiro negro a apresentar um programa na televisão, em 1956. Tendo aprendido a toar piano com quatro anos de idade, Nat trocou a música clássica pelo jazz na juventude, e jamais se arrependeu. Nos anos 50, chegou a ser atacado em uma apresentação no Alabama por um grupo racista, mas jamais se envolveu diretamente com o movimento dos direitos civis.

Grande Otelo (1915-1993)

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Muito lembrado pelo protagonista em “Macunaíma” (1969) e por várias comédias, Grande Otelo também era um excelente ator dramático, como pode ser visto em “Amei um Bicheiro” (1952) e “Assalto ao Trem Pagador” (1962). Tanto é que Orson Welles, ao filmar “That’s All True” em terras tupiniquins, disse que Grande Otelo era o maior ator brasileiro. Parceiro nas telas de Ankito e Oscarito, trabalhou com Werner Herzog em “Fitzcarraldo” (1982), também fez televisão e rádio, escreveu poesia e compôs músicas, incluindo “Praça Onze” com Herivelto Martins.

Spike Lee (1957-)

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Tão importante quanto polêmico, Spike despontou para o mundo com “Faça a Coisa Certa” (1989) e tem em “Malcolm X” (1992) sua obra-prima. Spike Lee também dirigiu notáveis comerciais para marcas como Levi’s, Converse, Jaguar. Spike foi um dos ganhadores do Oscar honorário em 2015.

Ava DuVernay (1972-)

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No ano seguinte à consagração de “12 Anos de Escravidão” (2013), Ava se tornou a primeira negra a ser indicada como diretora ao Oscar e ao Globo de Ouro. Entrou no mundo do cinema como publicitária, e já ganhou prêmios no Festival de Sundance e dirigiu um episódio da popular série Scandal.

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