A insipidez de “Relatos do Mundo”

É curioso ver um diretor tão hábil na estética da urgência político-social como Paul Greengrass se aventurar pela placidez do gênero western. Ainda que baseado num livro notadamente político, Relatos do Mundo, seria quase a antítese do que estamos acostumados a ver pelas mãos do diretor de iguarias como Domingo Sangrento e Capitão Phillips.

O filme se passa cinco anos após a Guerra de Secessão onde o veterano capitão Jefferson Kyle Kidd (Tom Hanks) passeia pelas regiões lendo as notícias e assim, informando os povos. Numa dessas andanças, ele se depara com uma criança alemã perdida, Jordana, que fora sequestrada pela tribo Kiowa, com quem cresceu. Até que os brancos massacraram os indígenas, a deixando para trás. Kidd toma para si a função de levá-la até seus parentes mais próximos.

A insipidez de "Relatos do Mundo" – Ambrosia

O longa, feito a partir do livro homônimo de Paulette Jiles, é construído em torno dessa jornada e dessa relação afetiva e paternal que emerge entre os dois. Há um cenário político envolto da profissão de Kidd e de como isso pode ou não afetar os meios em que vai se embrenhando na trajetória em si, mas o roteiro parece interessado na investigação humana da paternidade e bravura num ambiente tão árido sob todas as perspectivas.

O carisma da atriz-mirim Helena Zengel é o que traz maior frescor para a história em si, já que por mais que Tom Hanks seja muito bom fazendo o que sabe fazer, aqui ele segue sendo o mesmo Tom Hanks de pelo menos uns três filmes já feitos. Greengrass é hábil na construção da atmosfera de tensão, importantes em muitos momentos da narrativa, mas fora isso, parece ter caído no tradicionalismo do gênero, sem absorver ou ressignificar.

Nota: Bom – 3 e 5 estrelas

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