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“Amor Bandido” sensibiliza por sua visão do rito de passagem

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Até o cinema de discurso muda com o tempo. Diria até que se torna mais cínico. “Amor Bandido” (tradução inexplicável para o original “Mud”) é um filme sobre ritos de passagem. Isso me remeteu a obra-prima “Conta Comigo”, que também nada mais era que uma alegoria sobre a transformação da inocência em inevitável maturidade. Tão iguais, tão diferentes.

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O filme do ascendente diretor Jeff Nichols é menos ingenuo na metaforização de sua história. O amadurecimento aqui é mostrado como ressonância de uma América em crise de identidade. O filme narra a história de dois amigos, Ellis (Tye Sheridan) e Neckbone (Jacob Lofland, fofo), que sobrevivem à pacata vida interiorana procurando aventura em lugares isolados da pequena comunidade em que vivem. Numa viagem a uma pequena ilha ao redor do rio Mississippi, eles encontram um barco preso a uma árvore em meio à floresta e logo resolvem tornar de sua posse. Porém, percebem que vive ali um homem solitário chamado Mud (Matthew McConaughey), e assim a trama começa a se desenrolar, revelando que o passado do homem – que passa por uma trágica relação com sua fixação romântica, Juniper (Reese Whiterspoon) e que explica o porquê de sua condição de fora-da-lei – ainda renderá muitas implicações e experiências à dupla, em paralelo às suas descobertas da puberdade.

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Nichols gosta de trafegar sobre simbologias e isso já está virando sua marca. A narrativa pontua esse direcionamento o tempo inteiro. O adolescente Tye Sheridan, cada dia melhor e maior apesar da pouca idade, dá vida a um Ellis que aguça, aprimora e impacta sua percepção de vida ao conhecer esse foragido da lei, Mud (Matthew McConaughey, em mais uma atuação perfeita).
Dentro de sua proposta, o diretor consegue extrair a controvérsia resultante de seu intertexto, mas lógico que paga o preço do esquematismo dramático (muitas coincidências pelo filme…) e simplificações narrativas. Mas se o intuito era fazer dos fins um panorama pessoal de seus princípios, o filme consegue fazer refletir. Afinal, cínico ou imperfeito, o rito de passagem é sempre uma constante ora na romantizada década de 80, ora na iconoclasta época vigente.

[xrr rating=3.5/5]

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