Mostrando os aspectos políticos e sociais nas camadas mais pobre de Moscou, pouco vistas na mídia tradicional, “Ayka” escancara a relação dos imigrantes ilegais vindos das antigas Repúblicas Soviéticas que tentam a vida na capital do antigo império soviético. O filme narra a jornada da personagem-título do filme, uma ilegal de Quirguistão, que tenta a vida em Moscou e aceita qualquer emprego para sobreviver, e que ao mesmo tempo, tenta escapar de dois momentos trágicos da sua vida recente. Ela abandona o filho recém-nascido no hospital em que dá a luz e tenta arranjar dinheiro o mais rápido possível para quitar uma dívida com mafiosos da sua região.
Apesar da história trágica da protagonista, o diretor Sergei Dvortsevoy não tenta torná-la simpática aos olhos dos espectadores. Vemos que, mesmo com pessoas dispostas a ajudá-la, ela as prejudica, inclusive roubando pertences, que poderiam ser uma saída para o destino que se encontra. A atuação de Samal Yeslyamova é perfeita pois evoca sentimentos contrastantes, entre a pena e a raiva que sentimos dela, apesar de vermos quase sempre apenas seu rosto, devido a intenso inverno que abate Moscou durante o filme.
Por trás de tudo isso, está a intenção do diretor de mostrar as mazelas da sociedade moscovita e a sua relação com os imigrantes. A “pensão” na qual Ayka vive com mais de uma dezena de pessoas é um buraco na parede da casa que se torna o único local privado para ela, sendo separado por uma cortina fina e que qualquer pessoa pode ter acesso e o diretor faz questão de mostrar isso quando sempre surge um vaso de flor que é posta la dentro sem o consentimento da protagonista.
A trama também foca na relação entre o dono da “pensão” com a policial local e que ao mesmo tempo abusa dos seus inquilinos. Um filme que vale a pena se visto para quem quer conhecer mais sobre os aspectos sociais de um país sobre o qual temos poucas notícias a respeito de suas camadas mais humildes.
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