Matrix, o filme original de 1999, foi uma ideia tão boa, que suas criadoras, as irmãs Wachowski, não souberam lidar com sua própria grandeza. Tanto que, apesar de Matrix Reloaded ser até bem ok, o Matrix Revolutions (ambos de 2003) se revelou o desastre de não se ter o controle do universo criado. E agora, Lana Wachowski dirige a continuação, 18 anos depois, com Matrix Resurrections, e a bagunça que ela promove diante da memória afetiva da franquia, é o exato reflexo disso.
Keanu Reeves volta a ser Thomas Anderson, mais conhecido como Neo, e Carrie-Anne Moss incorpora sua boa e velha Trinity. Eles vivem suas vidas ordinárias criadas pelo computador. Mas um reencontro com o passado faz com que o casal tenha que lutar pela sobrevivência entre “dois mundos”.
Pra começo de conversa, o filme é surpreendente insípido naquilo que a franquia sempre prezou: seu verniz estético e as suntuosas (e originais!) cenas de lutas. É tudo tão genérico que parece até que é dirigido por um aspirante à Wachowski, não um dos cérebros da dupla. Lana também peca pela cafonice generalizada que se estende desde o visual dos personagens, até as câmeras lentas com nada para dizer em momentos ápice.
Assim como os diálogos, ridiculamente pomposos. O roteiro se perde tanto no (não) desenvolvimento da trama que recorre excessivamente a auto referência para se legitimar como revisão. Só que a gente já está entediado demais com tanta cena de luta banal e filosofia de botequim.
Mesmo Reeves e Moss abraçando com vigor seus personagens do passado (e participações destacáveis de Jonathan Groff e Neil Patrick Harris), o problema do longa chama-se roteiro e conceituação. O primeiro, parece um arremedo ainda mais engenhoso de sua pior continuação (Revolutions) e o segundo, uma necessidade de Lana se desvencilhar da identidade da irmã Lilly, como criadora dos filmes anteriores. Ou seja, um grande equívoco que só reforça que o Matrix original de 1999 foi um lapso criativo, cuja continuidade ainda não fizeram pílula que o valha para se perpetuar. Ou apenas, não precisava.
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