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Cinema em Casa: Batman de Tim Burton

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batman-1989-posterCom um poquinho de atraso, chegamos com mais um capítulo da coluna Cinema em Casa para falar do primeiro filme do Batman do diretor Tim Burton, lançado em 1989 e sendo um sucesso comercial até hoje. Seguindo o Especial de 70 Anos do Homem-Morcego, é hora de discutir o fenômeno que foi o lançamento deste filme.

O ano era 1989. Enquanto o Brasil estava prestes a eleger Fernando Collor de Mello como seu presidente, e George Bush também era eleito nos EUA – mandato esse que o levaria à Guerra do Golfo – o mundo do entretenimento também fechava um novo ciclo com um personagem muito conhecido por nós – após Cavaleiro das Trevas, Ano Um, Piada Mortal e tantas outras histórias maravilhosas, era hora do Batman ganhar seu primeiro filme real.

O diretor Tim Burton, na época, já era conhecido por seus trabalhos com Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice) e foi lá que ele conheceu o ator Michael Keaton, escolhido mais tarde para interpretar Bruce Wayne/Batman. Keaton causou extrema controvérsia entre os fãs de quadrinhos, e cerca de 50 mil cartas de protestos chegaram ás mãos do estúdio. O próprio Bob Kane não gostou da escolha. O ator foi sugerido pelo produtor Jon Peters, que alegando que ele tinha o comportamento perturbado o suficiente para ser o Cavaleiro das Trevas. Burton concordou. Keaton alega ter estudado a Cavaleiro das Trevas de Frank Miller para criar sua atuação.

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O filme só foi ganhar sinal verde da Warner Bros. Pictures após o sucesso comercial de Beetlejuice, pois até então ninguém no estúdio dava crédito à produção – até porque, na hora de formar o casting, muitos atores de alto escalão de Hollywood foram considerados, com Jack Nicholson eleito para interpretar o Coringa, com uma série de condições em sue contrato, como um salário multi-milionário e parte do box office da produção. Diz a lenda que Burton teve certeza de que Nicholson seria perfeito para o papel após ter pintado a cara do vilão na foto do ator no poster de O Iluminado, de Stanley Kubrick. Curiosamente, o próprio Bob Kane queria o ator como o vilão há anos.

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Os roteiros iniciais ficaram a cargo de Steve Englehart, famoso por seus trabalhos com o próprio herói nos quadrinhos, e em seu primeiro rascunho havia os personagens Dick Grayson, o Pinguim e o par romântico de sua própria criação Silver St. Cloud. Mais tarde, eles foram removidos, e Sam Hamm substituiu Silver por Vicky Vale.

Para a música, Burton escolheu Danny Elfman, seu amigo e colaborador em Beetlejuice. O tema de Elfman foi tão fantástico que virou tema do desenho animado do personagem nos anos 90 e é tida até hoje como das músicas mais simbólicas que um filme já teve.

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História

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Na história, o Batman ainda é uma lenda urbana que assombra o crime em Gotham City, procurado pela mídia e negado pela polícia Bruce Wayne é um milionário que vive numa mansão nos limites da cidade, tido como um recluso alheio ao mundo. Enquanto isso a fotógrafa mundialmente famosa Vicky Vale chega à Gotham para trabalhar com o repórter Alexander Knox na busca pelo misterioso vigilante.

Do outro lado da cidade, o criminoso Jack Napier age a comando de seu chefe – cuja amante lhe traiu com ele – num roubo na Axis Chemicals. O crime era, na verdade, uma armadilha de seu superior, que fez isso para que Jack fosse pego pela polícia, como forma de vingança pela traição. Entretanto, para surpresa de todos, a polícia é chamada enquanto estava numa festa para a toda a cidade na Mansão Wayne, e Bruce percebe, indo pra lá como Batman.

Em meio a toda ação, a policia finalmente vê o Batman em pessoa pela primeira vez, e um tiro que ricocheteou foi o responsável por derrubar Jack no tonel de químicos, e o herói não conseguiu salvá-lo. Mais tarde vê-se ele saindo do local com a pele toda branca – era o nascimento do maior vilão que o Homem-Morcego já enfrentou, e ele tinha muitos planos para Gotham City.

Fenômeno

O fato do Batman estar em tanta evidência na mídia na época por suas grahic novels, e o barulho que a Warner gerou na mídia mundial com a produção acabou criando um hype tão grande nos EUA que as filmagens na Califórnia foram obrigadas a serem enviadas para Londres, para que houvesse tranquilidade suficiente para o filme dar certo. Mesmo assim a pressão era tamanha que Burton considera esse como o pior período de sua vida.

Meses antes do lançamento do filme a febre do personagem foi tão grande que gerou uma Batmania por toda a América, com a Warner faturando mais de 750 milhões de dólares em vendas de merchandising. Outro detalhe interessantíssimo é a quantidade de cenas clássicas que entraram para a história do cinema até hoje, como a entrada do Batman no museu vindo do teto.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=KE50BPPvzEs&feature=related[/youtube]

(…) Ou a nave indo até a lua fazendo o símbolo do Morcego – que infelizmente não consegui vídeo no Youtube.

Temática

batman-joker-1989O filme é todo noir, com uma história sombria e clima todo enegrecido. Visualmente é uma obra fantástica, digna de Burton. Bob Kane comentou que jamais imaginou Gotham City com tanta vida como nesse filme. Os policiais, seus uniformes, penteados das mulheres e tudo mais se encaixam perfeitamente no cinema noir – era como se a história se passasse em 1939, ano em que o personagem foi criado.

Burton define a mitologia do personagem como um “grande duelo de aberrações”, daí dando suas caracterizações utilizadas na obra – o que é uma característica muito típica de seus filmes.

Recepção

Financeiramente, o filme um sucesso estrondoso, batendo uma série de recordes e faturando o Oscar de melhor Direção de Arte no ano seguinte. Os fãs de quadrinhos reclamaram muito dos fatos a seguir:

  • Foco excessivo no vilão e herói descaracterizado
  • Alfred deixar Vicky entrar na Batcaverna
  • O Coringa matar os pais de Bruce

O roteirista Sam Hamm, grande fã de quadrinhos, condenou todas essas decisões, que vieram exclusivamente de Burton. Na época, estava havendo uma greve de roteiristas que impossibilitou Hamm de impedir essas mudanças – sendo assim, Burton fez com que outros roteiristas mais baratos fizessem essas alterações que ele queria de toda forma. De qualquer forma, mesmo assim, o filme foi um sucesso comercial gigantesco, muito devido às propagandas e à curiosidade de ver o primeiro grande filme de herói desde o Superman de Richard Donner.

A cena final dentro da catedral foi feita toda pelo produtor Jon Peters, sem que Burton soubesse. Obviamente não há motivo nenhum para ela, já que há razão aparente para que eles subam na torre do sino. Originalmente não havia nada disso, e o Coringa ainda mataria Vicky.

Análise

De fato, o filme não tem uma história ruim, menos ainda seu clima, fotografia e trilha sonora. O problema o erro na caracterização dos personagens, o que prejudicou toda a estrutura restante da obra. O Bruce de Keaton é quase um pastiche do personagem real – o milionário bobo e burro nada tem do detetive que conhecemos. Do outro lado etá seu Batman, que não consegue se mover e muito menos lutar como um mestre das artes marciais como ele é.

O Coringa de Jack Nicholson é a única atuação dos personagens principais que realmente exerce peso no filme, misturando a psicopatia com a violência, além do aspecto bufão. É ele quem carrega toda a obra nas costas e é responsável por algumas das cenas mais clássicas deste período.

Hoje em dia, tendo obras como Batman Begins e Cavaleiro das Trevas, fica muito difícil analisar imparcialmente este filme. Mas uma coisa é fato: da primeira franquia de filmes do herói, esse é, de longe, o melhor.

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9 Comentários

  • O Batman nnca usou grandes tecnicas de artes marciais contra os bandidos

    ele normalmente usa tecnica de desarmar os bandidos e Nocautiar

    e outra cena, o Batman do Keaton foi o unico que teve uma voz digna do Batman

    diferente do Bale que faz uma voz rouca

    Eu nem comparo ao Kilmer e nem ou Clooney

  • O filme não é ruim, mas também não é bom. A grande falha foi ter embasado o roteiro em cima do vilão , não pelo apelo da personagem Coringa mas pelo ator que o interpretava.
    Não tenho duvidas quanto aos pitacos que Jack Nicholson deu no roteiro para que sua personagem ganhasse mais evidencia. Não acho que foi uma grande performance do Jack como todo mundo fala, talvez seja até implicancia minha, mas foi tudo tão descaracterizado da mitologia que conhecemos que nem parece um filme do Batman.
    Excelente texto.

  • Essa resenha me trouxe grandes memórias, pois desde que a produção deste filme foi anunciada (li num exemplar da revista SET, em 1998), que passei a aguardá-lo ansiosamente.

    Na época, eu morava numa cidade do interior de Alagoas, Palmeira dos Índios. Quando o filme estreou no Brasil, em 26 de outubro de 1989, montei uma pequena caravana com alguns amigos (que mantenho até hoje) e fomos, de ônibus, assisti-lo num dos cinemas do Shopping Iguatemi de Maceió. Coisa de fã, mesmo.

    Lembro-me desse período com muito carinho. Tinha 15 anos, na época. Hoje, aos 35, e morando no Recife, continuo um grande apreciador das histórias do morcego e acompanho a carreira do personagem no cinema. Como todos, apreciei muito os filmes de Christopher Nolan, ainda que seja uma voz isolada quando afirmo não os considerar essa “perfeição” tão alardeada pela mídia. Na verdade, fora dos quadrinhos, o momento em que Batman esteve mais próximo da excelência foi no desenho “Batman: the animated series”, de Bruce Timm e Paul Dini (este último, hoje um grande escritor de quadrinhos). A meu ver, ninguém conseguiu alcançar um resultado tão fiel ao personagem quanto esta animação dos anos 90. É insuperável.

    Quanto ao filme de 1989, depois de tê-lo revisto numerosas vezes, considero que se trata de uma produção realmente charmosa, com elenco bacana e visualmente fantástica (merecedora, inclusive, do Oscar de melhor direção de arte). A trilha sonora (a instrumental, não a do Prince) também é excepcional.

    Trata-se, no geral, de um bom filme. Mas, verdade seja dita, deixou a desejar.

    Apesar de realizada há duas décadas, a produção poderia ter alcançado um resultado bem superior, não fossem algumas decisões equivocadas, tomadas logo no início.

    O primeiro equívoco, na minha ótica, a escalação de Tim Burton para a direção. Trata-se de um diretor criativo, competente e estiloso, mas não nasceu para conduzir filmes de ação, como é o caso. Sua visão de mundo é muito peculiar (embora, em alguns momentos, interessante) e acabou produzindo uma adaptação cinematográfica muito arrastada, com cenas de combate pouco empolgantes.

    A Warner poderia ter convocado grandes diretores que estavam brilhando na época. Paul Verhoeven, que havia feito “Robocop” (1987) e iria filmar “O Vingador do Futuro” (1990) seriam escolhas perfeitas. Havia, também, no auge, John McTierman, responsável pelo “Predador” (1987), “Duro de Matar” (1988), etc. E, por que não, Ridley Scott, o gênio por trás de “Blade Runner” (1982), “Alien” (1979) e tantos outros. Poderiam ter escolhido, ainda, o próprio Richard Donner, que arrebentara, dez anos antes, com seu “Superman” (1978) e, depois, com a série “Maquina Mortífera”.

    Não faltavam opções, enfim. Tivesse um deles assumido a direção, e a história seria bem diferente.

    O filme também não teve um bom roteiro: a história não está bem amarrada e possui controversas liberdades para com a história original. Melhor seria se tivessem mantido o roteiro original de Steve Englehart, responsável por boas histórias nos quadrinhos.

    Como consequência da escolha de Burton, veio a igualmente equivodada escolha dos atores principais: Michael Keaton e Jack Nicholson.

    O que ali se vê é Jack Nicholson interpretando a si próprio, com a cara pintada de branco, batom vermelho e gorducho. Muito pouco a ver com o coringa original. Apesar de reconhecer seu talento e adorar muitos de seus filmes, creio que melhor seria se tivessem escalado um dos atores originalmente cotados para o papel: o astro do rock David Bowie (para quem não sabe, também um bom ator, com vários filmes no currículo), Williem Dafoe (que, treze anos depois, assumiria o papel de Duende Verde) ou Tim Curry (que tem uma cara que até lembra um pouco o Cesar Romero, do seriado dos anos 60)

    Quanto ao Batman de Michael Keaton, até hoje não engulo. Nunca convenceu ninguém, salvo que não conhece o personagem original. De estatura mediana, franzino, feioso e meio calvo, em nada lembrava o Bruce Wayne que conhecíamos.

    Burton poderia ter escolhido o Alec Baldwin (na época, um jovem e promissor astro), com quem havia trabalhado em “Os Fantamas Se Divertem” (1988). Creio que Arnold Schwarzenegger seria o ator ideal para vestir a fantasia do Batman, embora talvez não lograsse ser a encarnação perfeita de Bruce Wayne, já que não é grande coisa como ator. De qualquer forma, tal não seria, necessariamente um obstáculo, já que o filme não deixou mesmo muito espaço para interpretação, já que centrado na figura do Coringa.

    A insistência de Burton em manter Michael Keaton no papel, a despeito dos protestos de milhares de fãs (imaginem se fosse hoje, em tempos de internet…), forçou a produção a criar aquela maldita armadura (coisa jamais usado pelo personagem original). Fomos forçados a ver um Batman com pescoço engessado, com movimentação do corpo quase robótica, o que prejudicou consideravelmente as cenas de ação. Nem correndo ele convencia. E o pior é que essa “moda” pegou. Até hoje esses músculos de borracha são utilizados em diversas produções. Os atores que substituíram Keaton (George Clooney, Val Kilmer) também se valeram desse artífício. Tobey Maguire (Homem-Aranha) e Brandon Routh (Superman, o retorno) não foram exceção. Até no seriado “The Flash” (1990), o protagonista, cujo nome não me ocorre agora, usava uma roupa que o deixava todo inchado, de tantos músculos sintéticos. Tenha santa paciência…

    Seja como for, essa película teve o grande mérito de despertar o interesse dos produtores pelas adaptações cinematográficas dos quadrinhos. O “Superman” (1978) de Richard Donner já havia feito o mesmo, nos anos 70, mas as suas sequências (Superman III e IV) acabaram soterrando a série.

    Muito mais poderia ser dito sobre esse filme que tanto me marcou. Não me sinto confortável para renegar esse passado saudoso, em que referido personagem dominava meus pensamentos. Há que se reconhecer que essa produção transformou o Batman no mais rentável produto do grupo Warner, trazendo como consequência um aumento no número de produtos associados ao personagem: gibis, desenhos animados e congêneres.

    Entendo que referido filme deve ser avaliado conforme o momento em que foi feito.

    Como já disse o inesquecível poeta Fernando Pessoa, “um homem não pode servir à sua época e a outra época ao mesmo tempo”. E, naquele período, final dos anos 80, os super-herois ainda não eram tratados com o respeito que mereciam, por ocasião de sua transposição para o cinema ou tv.

    Os produtores achavam – e acham até hoje – que o personagem, tal qual concebido originalmente, não agradaria ao público; precisava sofrer as mais deletérias adaptações. E essa visão equivocada gerou numerosas aberrações, como estamos cansados de ver.

    Até hoje, a falta de noção dos produtores persiste. Depois do imenso sucesso dos filmes de Christopher Nolan, a ideia corrente em Hollywood é a de que, a partir de agora, todo e qualquer filme envolvendo um personagem de quadrinhos, para ser bem-sucedido, precisa ser “sombrio”. O que é um verdadeiro absurdo.

    Os dois primeiros filmes do Homem-Aranha, por exemplo, não precisaram ser “sombrios” para resultarem em produtos excelentes. Tampouco o multicitado “Superman”, de Richard Donner. A única coisa necessária, a meu ver, é que tais filmes respeitem a mitologia dos personagens, dispensando-lhes o devido tratamento. Basta que haja SERIEDADE na adaptação, e o resto é consequência.

    Fico por aqui. Adorei a resenha. Que venham outras como essa.

  • Eu acho que apesar de tudo foi ótimo esse Batman do Burton, mesmo com os filmes maravilhosos do Nolan muita gente ainda gosta dos Batmans do Burton com muito carinho.

    Belo artigo Morcelli, vou ficar esperando a continuação 😀

  • Eu inclusive acho esse filme melhor que o begins, que na minha opinião é um filme muito do mediano. Ainda que o Cavaleiro das trevas seja a obra prima do herói no cinema, o nolan nunca vai conseguir criar uma gotham city melhor do que a do burtom.

  • verdade esse é melhor que begins.
    a voz dele tbm é muito melhor q a do bale
    ps:no próximo o nolan podia pedir pro keaton dublar a voz do batman
    hehehehe

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