Crítica: “Cake: Uma Razão Para Viver” traz atuação marcante de Jennifer Aniston

Se houve uma injustiça no Oscar desse ano foi a não indicação de Jennifer Aniston à categoria de melhor atriz por sua atuação em “Cake: Uma Razão Para Viver” (Cake, EUA/2014), que chega ao circuito nacional com mais de três meses de atraso. Ninguém duvidava do carisma da atriz desde a época de Friends, mas apenas os mais atentos notavam seu grande potencial que é todo explorado nesta produção relativamente modesta dirigida por Daniel Barnz e escrita por Patrick Tobin.

A trama gira em torno do drama de Claire (Jennifer Aniston), cujo problema de dores crônicas e depressão é agravado pelo suicídio de Nina (Anna Kendrick), uma colega do grupo de ajuda que freqüenta. Traumatizada pelo passado, ela enxerga nesse suicídio a ineficácia de instituições dessa natureza ou qualquer outro tipo de suporte, e junto com o vício em analgésicos, se vê envolta em alucinações, a maior parte delas com a colega suicida fazendo as vezes de sua consciência. Além da dependência química, ela também se apóia no amparo dado por sua empregada Silvana (Adriana Barraza), e posteriormente encontra o viúvo de Nina, Roy (Sam Worthington).

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A questão pertinentemente abordada é o quão eficazes são as muletas engendradas para amenizar nossos sofrimentos, em muitos casos criados ou agravados por nós mesmos. Claire não hesita em optar pela de efeito mais imediato. O seu desespero é bem traduzido quando atravessa a fronteira do México para comprar medicamentos proibidos nos EUA. Uma fuga muito mais emocional do que da dor física. Chama a atenção a forma como Jennifer Aniston transmite os sentimentos e sensações complexas da personagem. A composição não poderia ser mais impressionante e por que não tocante? É sem dúvida seu melhor trabalho até hoje e em um papel em que a sensibilidade de quem interpreta é a mola mestra para desencadear toda a carga emocional colocada no roteiro. Mesmo em momentos em que o perigo de cair no sentimentalismo ronda a trama, Jennifer consegue tirar forças para contornar a situação. O trabalho de edição também é um acerto no filme, embora em algumas partes exagere um pouco no maneirismo.

“Cake: Uma Razão Para Viver” pode não ser um filme perfeito, mas tem o trunfo de contar com um bom trabalho de elenco e abordar uma questão pertinente. O drama da personagem de Julianne Moore, a vencedora do Oscar de Melhor Atriz em Para Sempre Alice pode até ser mais aflitivo, mas a Academia não tinha o direito de esnobar solenemente a atuação de Jenifer Aniston.

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