Kingsman: Serviço Secreto é divertidíssimo. E o grande responsável por isso chama-se Mathew Vaughn, o diretor que consegue ser, ao mesmo tempo, a antítese e perpetuação do modo Tarantino de fazer cinema.
Vaughn vem agregando ao cinema de entretenimento (puro e simples) uma identidade – histérica e tecnicamente bem estruturada – marcada pela ação, se não subversiva, em cima da subversão de seus próprios signos. É só olhar com atenção sua filmografia desde o vigoroso Nem Tudo é o Que Parece (2004) até a pulsação desmedida de Kick Ass (2010), passando pelo auto deboche de Stardust (2007).
Kingsman é uma espécie de projeto pessoal do diretor. Junto com o quadrinista Mark Millar (autor da HQ original) verteu para o cinema a vontade de voltar ao universo dos filmes de espionagem alegóricos, típicos do clássicos filmes do 007, em contraponto ao realismo pungente do gênero hoje em dia.
Daí, acompanhamos o jovem errante Eggsy (o novato Taron Egerton), filho de um agente secreto morto no início da história. Ao ser recrutado por Harry Hart (um Colin Firth se divertindo muito), o garoto passa por um (hilário) processo de seleção, que o leva aos verdadeiros perigos impetrados por uma megalomaníaco vilão, com visual rapper (!), vivido por Samuel L. Jackson.
Como também escreveu o roteiro, Vaughn demonstra controle diante de tanta dinamismo que imprime à história. A ironia pop é usada como linha narrativa numa espécie de metalinguagem de gênero. É um filme de espionagem, tirando sarro de filmes de espionagens. E até a figura teen do protagonista deixa isso evidente. Por mais que filmes que zombem de seus próprios gêneros, tenham virado uma piada até surrada demais, Kingsman se destaca por não levar a sério seu próprio deboche. Aí é que o diretor se aproxima e se afasta do cinema Tarantinesco: se vale de referências múltiplas e cortes ágeis para se personalizar, mas não conjuntura isso com densidade. Mas quem disse que essa tal densidade faz falta? Kingsman é entretenimento na veia, sem culpas ou pretensões…
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